terça-feira, 20 de março de 2018

Inter rogações.

Inter rogações.

João Pessoa, 20 de março de 2018.

Nada que faço passo a sentir com profundidade.
Agora, as coisas estão se tornando obscuras, nebulosas, assim, meio que sem razões explicáveis para existirem. Não vivo sem razões, porque as razões são a razão da minha razão.
Outras lembranças de momentos idênticos passam a permear meus pensamentos e invadem este coração que, mudo, bate no mundo. Um coração que bate mudo no mundo, mas que grita silêncios audíveis de dores reprimidas e desamores que vão se esvaindo.
Sinto estar percorrendo, com os eus que me tornam um e singular, um caminho de volta, e revolta com todos os eus que me compuseram e me descompõem agora.
Inquieto-me.
Nesses momentos, insistentemente recorrentes, recorro ao que sei de tudo o que não sei para conseguir forçar para correr de volta a um eu que está me desconhecendo, me desconsertando, me dezarmando, assim mesmo, um prefixo multiplicador, potencializador, não negador.
Tô só no mundo imundo que insiste em estar assim, desnudo de emoções e de sensações deznecessárias.
Ouço uma voz que silencia meus sentimentos, uma voz que emana nadas que são tudo ... e todo que sinto é nada mesmo.
????? Interrogações me assolam ... me constituem de um pensamento que não pensa, de um sentimento que não sente, de um sofrimento que não sofre. Anestesia.
Nesse emaranhado de tantos nadas, nado a braços largos e me largo para trás em busca de mim à frente.
Antecipo dentro de mim externinades vindouras, eternidades vindouras ...
Desapareço que mim ... e reapareço em um eu que não conheço, mas não desconheço, apenas agora não reconheço ...estou no meu recomeço.
Ah! Lígia, estaremos aqui, a beira de um rio de nós que passa, de mãos enlaçadas que jamais se enlaçaram???
!!!! Exclamações assolam um interior vazio, um exterior pálido, e um coraçãoquebatemudonomundo, caído, e ainda cálido.
Nada que faço passo a sentir com profundidade.
Agora, as coisas estão se tornando obscuras, nebulosas, assim, meio que sem razões explicáveis para existirem. Não vivo sem razões, porque as razões são a razão da minha razão.
Outras lembranças de momentos idênticos passam a permear meus pensamentos e invadem este coração que, mudo, bate no mundo. Um coração que bate mudo no mundo, mas que grita silêncios audíveis de dores reprimidas e desamores que vão se esvaindo.
Sinto estar percorrendo, com os eus que me tornam um e singular, um caminho de volta, e revolta com todos os eus que me compuseram e me descompõem agora.
Inquieto-me.
Nesses momentos, insistentemente recorrentes, recorro ao que sei de tudo o que não sei para conseguir forçar para correr de volta a um eu que está me desconhecendo, me desconsertando, me dezarmando, assim mesmo, um prefixo multiplicador, potencializador, não negador.
Tô só no mundo imundo que insiste em estar assim, desnudo de emoções e de sensações deznecessárias.
Ouço uma voz que silencia meus sentimentos, uma voz que emana nadas que são tudo ... e todo que sinto é nada mesmo.
????? Interrogações me assolam ... me constituem de um pensamento que não pensa, de um sentimento que não sente, de um sofrimento que não sofre. Anestesia.
Nesse emaranhado de tantos nadas, nado a braços largos e me largo para trás em busca de mim à frente.
Antecipo dentro de mim externinades vindouras, eternidades vindouras ...
Desapareço que mim ... e reapareço em um eu que não conheço, mas não desconheço, apenas agora não reconheço ...estou no meu recomeço.
Ah! Lígia, estaremos aqui, a beira de um rio de nós que passa, de mãos enlaçadas que jamais se enlaçaram???
!!!! Exclamações assolam um interior vazio, um exterior pálido, e um coraçãoquebatemudonomundo, caído, e ainda cálido.



                                                                                                        
                                                                                    




                                                                                                        

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Saudade ... sal e idade em mim.

São Paulo, 23/11/2017

Não, não sei o que é saudade.
Sei que tenho em mim sal e idade ... salinidade.
Em mim, o sal que apanhei na vida que vivi comigo mesmo e com todos os outros que me salgaram a alma, e me deixaram a calma de poder ser inteiro, corroído pelos cristais salgados que me foram depositando ao logo do caminho que tem umas pedras, umas perdas ...
Vivo assim, sem vazios ... cheio de uma inteireza que não me permite estar sem pedaços que não são meus ... estou assim, assim de idade que me trouxe eu mesmo e me fez completo de pensamentos e vazio de faltas ...
Não tenho faltas ...
Falta-me, sim, um tempo em que festejavam o dia dos meus anos e me deixavam com bolor nas paredes da alma, com sabor de calmaria estampada nos olhos vazios de outros tantos e cheio de tantos eus.
Eus desconhecidos.
Reconheço-me assim: sal e idade que perambulam pela vida encrustados em um corpo que sobrevive à vida amarga de sais. Saí de mim um dia e voltei, anos depois, com rugas na testa, retesado, recrudescido e resistente às dores que outros poderiam dar-me. Dou-me eu mesmo a dor salgada que me trouxe a idade dos anos vividos nu de muitos desejos e desejoso de nus ao me alcance ... nus salgados para serem sorvidos por minha boca, acariciados pela minha língua, sentidos pelas papilas gustativas, pelas papilas gostativas.
Fico assim a me perguntar o que é saudade... essa saudade que corrói mais que sal o coração das gentes que gentam num mundo imaginário em que se completam no outro. São sempre incompletos de outros e vazios de eus próprios ... são pedaços de eus que não se juntam e não se fazem inteiros porque pedaços são.

Não, não tenho outro, nem outros ... sou assim, apenas sal e idade a penas.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Um dia ri a mente

Mais uma vez estava assim, desse jeito
Ouvia gritos nos seus dedos
Ressentia-se de enxergar gritos
Temia ficar surdo dos olhos
Esperava, como sempre

Sorria sorrisos negros
Orgulhava-se de poder, ainda,
Rir simplesmente
Tremia de desejos de não sabia o que
Explodia, como sempre

Formigava-lhe aquele coração velho
Ofuscava os gritos de dor seu sorriso negro
Ressentia-se de não mais poder dizer
Te amo
Esquecia, como sempre

...

Sentou-se na sacada
Queria pular
Não conseguiu

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Cadê?

Conseguiu, enfim, juntar e juntar e juntar...
Restos, pedaços ... fragilmentos.
Insurgiu-se disjunto de tudo
Arrebatou-se para o longe

Sentiu-se inteiro de pedaços
Andava assim, pedaços inteiros.

Marcava seus passos na areia inexplorada
Ondas apagavam seus passos
Restava incógnito...
Trazia consigo o anonimato

Andava, cem rumos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Cotidiano

Cada momento, tic tac, tic tac, tictac titac
Espera ... supera.
Tem tempo, muito tempo.
Inveja o tempo. O tempo passa.
Coito. Corte. Coitado.
Ontem amanheceu, hoje, tão amanhã...

sábado, 1 de outubro de 2016

Idade não importa, exporta


Natal, outro/dia/se quer

Impregnado da alegria que exalava, que vertia de seus poros, sorriu.
Dias assim passaram a ser constantes, dias em que nada era tudo, e nada importava.
Antes, nada disso havia. Havia apenas coisas que fazia a penas.
Deveria preservar suas penas para voar, arrancava-as diuturnamente: como pinto pelado se sentia. Era assim, sem um ti, preso ao chão.
Esperava por uma exterioridade que lhe interiorizasse os desejos e o fizesse ávido de vida.

Nada adiantou esperar ... vivia esperando esperanças, mas quando veio a ter esperanças, já não sabia ter esperança.
Agradecia a Fernando, pessoa importante, por ter-lhe ensinado que não havia esperança.
Ostra ... sentia-se uma ostra rejeitada por todos os clientes do vendedor da praia. Uma ostra que voltava sem suas amigas chupadas por lábios ávidos de sua essência.

Insistia em não ter olhos para si...
Morria a cada dia que sentia desejos de ter, em tis, desejos e anseios.
Pobre! Pobre! Pobre!
Osculava a todos e não beijava ninguém ... era assim,
Raso. Não sentia nada além da epiderme ... era assim, epiderme, derme ... verme.
Troglodita consigo ...
Amava a todos e por todos que amava sentia desejos de eternamente. Tinha éter na mente... vivia envenenado de seus exteriores, de fumaças alegres jogadas em baforadas em todas as partes de seu corpo. Por vezes, chegaram à hipoderme, foram sempre hipo...

Então, um dia, dormiu,
Xafetão cheio de fios, sem energia ...
Para nunca mais acordar ....
Ostra morta! Finalmente.
Ressonava ... sentia o cheiro de sua alegria, de sua felicidade.
Travou consigo uma dúvida, um medo, um desejo, um ... Era Orlando, de Virgínia.
Acordou.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

La vem arroz ... cozido.

Natal, um/dia/espacial.

Lembrou-se de que havia vida ... a vida, ávida.
Algo a ser sentido, sem ti. Juro, senti dó!

Voltou-se para si. Se revoltou.
Internalizou, e conseguiu
Externalizar ... mas a casa estava vazia.  

Então, de nada adiantou.
Nada!

Ridículo. Assim pensou-se de si.
Orgulhou-se de sua capacidade de ser assim:
Só. (Já tinha aprendido a mentir para si, se fosse pressilvio)
Enterneceu-se de si. Odiou-se. Ouviu Grace preta, modelo:
When he takes me in his arms 
and whispers love to me
everything's lovely
It's him for me and me for him
all our lives
and it's so real what I feel
Garantia de nada tinha...  
Repensou-se, represou-se. Ainda assim prezou-se.
Amou o momento ...
Ca(n)sou-se com seu próprio sonho.
Esperou que tudo passasse. “Paz, ah se ...”, pensou.

Jamais teve.
Ontem teve. Gostou não.
Não, gostou.
Estava triste ...
Só queria não estar. Triste, né?
… só sei que foi assim.

Post Scriptum:

Mesmo assim,
Antes que tudo seja, aos olhos dos outros,
Insanidade,
Loucura,
Ou, até mesmo,
Nada.

Ouça... há um som, um
Urro!!!!

Foi
Ele
Louco? Reflita:
Isso importa?
Para quem importa?
Eu, particularmente, amigo,

Nego qualquer importância.
Espero que ele seja feliz.
Negue sua tristeza. Porque
Há de ser,
Um dia, cinza jogada no espaço,
Morto mesmo ...

sábado, 24 de setembro de 2016

Ah, drástico!


João Pessoa, 24/09/2016.

Quando tudo parece ser assim, frio,
Um fogo aquece a vida,
Estabiliza, desestabiliza.
Regurgito.

Fico assim, estranho... me estranho.
Umedeço os lábios, sinto.
Desestabilizo.
Espero ... continua ... vá embora!
Resiste.

Falta-me razão.
Ouço sons inaudíveis, espero...
Desespero.
Empalideço.

Crio, de novo, do nada
Amargos sentimentos felizes.
Recrudesço por uns instantes.
Amarro a mim minha alma que insiste em voar.
Luto eu, luta ela.
Hesitamos, ambos.
Oh, caralho! Tudo de novo?!


sexta-feira, 6 de maio de 2016

PORQUE NÃO AMO VOCÊ

Natal, 06/05/2016.
Me pego pensando, sem mais nem por que tantos homens e mulheres me amaram bem mais e melhor que você. E, quando você me deixou, meu bem, me deixou para ser feliz e passar bem ... amando e odiando como toda a gente.
Amar, verbo transitivo direto, pede, claro, um objeto. E este objeto é projetado de mim para você, que retrata um você que está em mim, que refrata um eu que penso ser você. Morre em mim a sua transitividade, morre em mim a transitividade do verbo, que vive em mim, mesmo quando você está em trânsito ...
Rabisco palavras para você que serão lidas por este você que está aqui dentro, que sou eu. Eu leio como se fosse você e você, barroco, sequer sabe que rabisco vocês ... nem eu sei quem você é porque não o quero saber ... quero é saber que existe um pedaço de mim que penso ser você, que não existe.
Insisto em perder o amor de mim para amar o você que em mim habita. E amo-o como amo romeu-e-julieta. Sinto o gosto da goiabada-julieta e espero a consistência do queijo-romeu ser rompida pelos dentes que mordem a felicidade intransitiva do queijo para se misturar ao açúcar vermelho da goiaba da fábrica de doces.
Olho para o você que vive na minha mente e não te vejo. Vejo-me e me perco de mim nesta nuvem nebulosa de eus e vocês e queijos e goiabadas e açucares sem gosto.

Detesto pensar, detesto penar, detesto pesar. E peso tantos prós e poucos contras essa ânsia de saber que nada temo, nada tenho ... tenho-me a penas.
Espero ... espero ... desespero .. respiro, piro ... inspiro você que eu criei e me inspiro nisso para viver ...

Antigamente não era assim, antigamente.
Nos cabelos bancos que insistem em nascer e se desesperam ao serem cobertos pelas cores artificiais da alegria de pensar que ainda é antigamente brotam sentimentos sem cor, descoloridos pelo tempo que pensei existir ainda.
Doravante é assim, doravante. E digo que não será assim ... é assim. Num presente eterno que se mete no meio do antigamente e do futuro que inexiste sem um eu sem você.
Rabisco um eu. E com rabiscos apago todos os vocês. Meto-os todos na escuridão do grafite que cobre os brancos de vocês inexistentes e insistentes ...  
Ando assim, ultimamente ... ando assim, antigamente: morto de ter sido tudo o que não quis e ter querido ser tudo o que poderia ter sido se fosse eu apenas.
Deixo-me aqui, assim, antigo. Deito-me aqui, assim, atingido. Fico-me assim, contido: ostra morta pelo limão, sal e pimenta à espera de uma boca que a engula.

E os ombros intransitivos suportam o mundo.

domingo, 24 de abril de 2016

Sinto? Nada!

Natal, 24/04/2016

Amanheci, mas o dia não chegou até mim, continuei noite no dia que clareia apenas a vida alheia ... e me deixa alheio à vida.
Espero momentos de alegria e me alegro quando penso que chegariam dias em que estaria eu invadido de todas as luzes que brilham no céu, mas permaneço assim, noite escura na alma, noite escura na calma.
Pergunto-me o que acontece, o que sinto, respondem as nesgas de luz que não vejo que nada houve, que tudo está normal, que tudo e todos estão vivendo suas vidas de vazios que não percebem.
Percebo o vazio.
E isso me enche que um nada que assola tudo que penso ter em mim e ser em mim ...
Olho-me no espelho e não reconheço a imagem que reflete aquele pedaço de vidro. Não sou eu ... não estou eu.  Estou nada.
E como um nada que está, respiro o ar e fico arquejante ... sobra-me o ar que não quero respirar, sobra-me a imagem que não quero ver, sobra-me um eu que não reconheço... tudo são sobras de algo que nem existe mais ... sobrou porque foi pouco ... sobrou ...
Olho o nada e vejo tudo o que não sinto refletido naqueles olhos que não reconheço ... Fecho os olhos então ... e voltam-me imagens de uma vida que se acabou.
Acabei-me quando abri os olhos, anos atrás, e vi que estava assim, enxergando o vazio dos outros, enxergando o vazio de ser algo que não poderia ser se soubesse.
Quando soube, deixei de ser.
Naquele instante morri para à consciência a vida.
Vivo agora assim: consciente de que sinto nada. E nada do que sinto pode ser um fragmento daquele que morreu ao saber.

Não quero mais saber de nada. Não quero mais o que sinto, mas, se nada sinto, o que não quero?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Sim, sei sem ti

Natal, 14/04/2016.

Muitas vezes sem ti é estar contigo em vazios eloquentes de sentimentos plenos de nadas completos em mim. Sim, sei sem ti e sei sentir sem sentir desesperos loucos ou rompantes quaisquer.
A minha glória é essa, é poder criar felicidades de coisa nenhuma, é poder sorrir com os hormônios que não produzo, é poder descriar infelicidades de saudades que existem apenas aqui, em mim ... saudades sem ti ... ou sem tis alguns que rondam a vida vazia que subsiste em lágrimas felizes e orgasmos inexistentes.
Impressiono-me de mim mesmo ao perceber que tenho, eu mesmo, a minha loucura e carrego-a como um facho a arder na noite escusa e a se apagar em corpos desconhecidos e olhos vazios de alegria que sorriem com orgasmos da carne. Sinto coisas e sinto-me pleno de loucura.
Loucura de poder perceber que assim é a vida, que assim é viver para poder sorrir sem que o sorriso origine-se externo. Loucura de saber que a sanidade é uma prisão e que a libertação não é um livramento condicional ou uma liberdade assistida. Percebo que não é lei, não há lei ... há loucuras sanas...
Outro dia me peguei a pensar que estava triste e me vi feliz por saber que era apenas um pensamento ...
Nenhum pensamento se torna sentimento pleno, penso-o e no minuto seguinte ele se foi de mim ... deixou-me sem sentimento? Não, deixou-me o sentimento ... para dar lugar a outros tantos sem ti.

Tenho a sabedoria de ser assim calmo, assim vasto, assim pleno, assim...
Ubiquidade me define. Sou isto e aquilo ao mesmo tempo, estou em diversos lugares concomitantemente ... porque sou assim, com ou sem ti ... não é em ti que me refaço, refaço-me em vazios plenos de mim ...

Sentimentos estranhos te definem ... tergiversas a tudo que parece ser aquilo que – em verdade (se há uma) – te completa.
Angustia-me o vazio pleno de seus olhos que fitam o mundo como se fosse apenas algo fora de si.
Bestifica-me ouvir desesperanças de uma boca que transborda esperança emudecida por uma rudez inexplicável, por uma rudez incongruente com o todo que é ti. Tu te delatas nos gritos silenciosos que morrem na sua boca.
Esses gritos, assassinados por palavras tão frágeis quanto estilhaços de fuzis, são audíveis ... não para muitos.
Sei, evidentemente, que podem não ser suas as palavras, mas ecos de Humbertos mortos... fico sentido de saber que tudo pode ser uma ilusão construída sem ti, nascida porque regadas de lágrimas secas que brotaram assim, do nada, ou de imagens inexistentes para outros olhos que não os meus, ou que, simplesmente, brotaram de um mim que sente sem ti.

Deixo tudo para lá e vou-me assim ...
Eterno ... e terno, e sereno, e calmo e ...

Nada sinto que não se origine em mim ...
Antecipo fins para presenciar fim nenhum.
Deixo-me ao léu, ao céu ... aos ventos que carregam tudo.
Ando ... corro ... voo ... e continuo parado na minha alegria de não ter.

Basta! Afinal, para que servem as palavras, se a casa está deserta?
Ou ter a chave, se a porta está aberta?

Yes, nothing makes sense, if the sense is not sensitive.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Não sei sem ti

Natal, 01/04/2016

Queria poder sentir o que não sinto e sinto não poder sem ti.
Uma esperança que desespera e me faz esperar que o desespero passe ... e passe tudo isso que não me deixa passar.
Impressiono-me de mim mesmo e me sinto assim, sem ti, sem mim, sentido.
Muitas vezes esperei e desesperei porque queria não esperar nada e que nada me desesperasse, mas foi em vão. Vão lá todas as minhas vontades, todos os meus desejos, todos os meus eus que não queriam viver mesmo se conseguissem ...
Intenciono não lembrar de mim sem ti, mas sem ti sou eu mesmo e mesmo sendo o mesmo eu que sempre fui, não me sinto mais o mesmo. Desmesmei-me de mim mesmo porque me destruí, me destituí de ser o que sempre fui.
Coração que bate no mundo já não bate mais ... respira sangue da vida que jorra do desespero de não ser sem ti o que sem ti sempre fui.
Outrora sentia tudo sem ti, mas nada sentia de verdade. Nada sinto agora, igualmente, mas parece que sem ti tudo ainda me faz sentir que algo aqui está sem ti, não sei o que.

Também não quero saber, não quero comparar-me aos homens meus irmãos na terra que sabem ser humanos e por isso desumanos são. Não, não quero estar assim, triste; assim, cego; assim, tosco; assim ... Ah sim, quero é estar comigo e pensar que comigo vivo sempre.
Ah ... choro lágrimas de vazios inexistentes em mim completamente, mas existentes no vazio que me faz eu, assim, triste; assim, calado; assim, parvo; assim, parco; assim, insuficiente.
Insuficiente por poder pensar que nada sou sem que isso seja uma verdade absoluta, mas que cria em mim uma absoluta ilusão de não ser.

Meus dias passaram a durar a éter na idade. Éter que, como um cateter, retém sangue que se faz lágrimas nos olhos secos de vazios de ti.
Antecipo o fim do que não começou porque nem deve começar fadado que está a não ter início.
Insto-me como um coração cheio de desesperanças e espero que esta vida não me traga de volta a loucura de sentir algo que não possa controlar, que não queira controlar, que não seja controlável per se, porque é de sua essência ser o descontrole.
Loucura. Sim, sim, sim loucura que assola e arranca do peito o vazio que lhe completa e lhe enche de saudade, de esperança, de desejos, de impotência ... loucura.
Outrora não era assim, outrora nada era tudo e tudo que se podia ter e sentir e querer era um corpo para poder preencher-lhes os buracos que esperavam por prazeres doloridos, que esperavam por músculos duros a arremessar o desprazer para longe e encher, músculo e saliva, os espaços vagos da solidão da carne que viva, sentia-se morta.

Negarei sempre que assim estou sem ti: carne morta na vida que vive.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Não, não é ...

Natal, 12/11/2014.
Não, não é que eu não queira entender o que você entende por família ... não, não é que eu não queira entender o que é uma família ... não, não é que eu não queira querer entender o que você entende por família, não ... não ... é!
É que tudo o que se entende deve ser entendido parcialmente, proporcionalmente ... e tudo que é proporcional proporciona porções de um todo imaginário, de um todo imaginado, de um tudo inimaginável, um todo de poucos momentos que se juntam a outros tantos momentos que torna cada momento um único momento e um momento único ... isso é um tudo em todos os sentidos.
Forçar trazer para a realidade o todo imaginário, o todo imaginado, é uma tonteria total, uma total intotalidade totalizande de total infelicidade que nos torna totalmente incompletos: intotais.
Familiarizamo-nos com as famílias de coisas que acontecem sem que nos permitam com elas nos sentirmos efetivamente familizarizados, familiamos desejos de sermos família e, assim, órfãos sem família nenhuma, seguimos tentando sentir familiaridade com o que jamais queríamos nos familiarizar: a solidão. E, obrigados totalmente pelas circunstâncias totalizantes de nossos desejos, seguidos familiarizados com as orfandades desesperadoras. Nosso coração, órgão órfão de tudo, desola-se e se sente desfamiliarizado de si mesmo e continua, a bater no mundo, única coisa com que se familiarizou a fazer na vida que bate, bate, bate ... e nos deixa assim: apanhados.
Sim, apanhados porque batidos por corações que só sabem bater ... apanhados porque nos jogamos na sarjeta imunda de um mundo mudo de palavras essenciais que dariam a certeza de se poder confiar nas palavras ditas e entender as palavras mudas que gritam nossos sentimentos de sermos abandonados – a despeito de sermos, na verdade, abonados – e, despido de palavras mudas, somos levados por outros corações que batem imundos em seu próprio universo de solidão e desejam corações já familiarizados com outros corações que batem mudos.
Somos apanhados de surpresa em filmes que mostram-nos liberdade e felicidade e nos dão – poucas semanas depois - ostridade. Tornamo-nos ostras livres em mares mortos e somos obrigados a nos familiarizar com o sal do mar morto que salga nossa casa de ostra e nos obriga a sermos assim: pequenos de nós mesmos no ostracismo de querer ser mais familiarizados com a felicidade imaginária, com a felicidade imaginada, e termos de abdicar de todas as alegrias com as quais nos familiarizamos a vida toda.
Somos assim, um destodo de vida.
De quando em quando, o sal do mar morto acerta-nos o olho. Ostra que nos tornamos, passamos a abrir os olhos nesses momentos e vemos o jardim do qual saímos para nos jogarmos na sarjeta ... queremos novamente sair do ostracismo e poder sentir a verdade gritando em nossa cara que a alegria imaginada inexiste, mas existe a vida que imaginamos infeliz no passado, mas que se mosta desostralizante de nós no presente e isso nos move a sair da sarjeta, a sair correndo da casa de ostra para beber goles de alegrias que não se consolidam na carne, mas produzem orgasmos na alma e se traduzem em lágrimas que brotam dos olhos abertos pelo sal que sorriem ao reviver lares de paredes escuras e de alegrias escurecidas pelo silêncio de palavras ditas em filmes mudos ...

Não, não é que eu não queira entender o que o você entende, entende? Entendo. E, em tendo me familiarizado com tudo e com todos que silenciaram palavras essenciais e abdicaram de esperar a casa da ostra que me tornei se abrir para um mundo de alegrias outrora familiares, me volto para o pequeno para perceber que volto a ser o que me obriguei familiarizado: um coração que bate no mundo, um deztodo de vida que segue o seco sem sacar que o destino é seco, ou não. Não, não é...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

E então ... a vida comtinuahhh

Natal, 11/11/14.
Quando pensei que a vida estava consertada, desconcertei-me ao ver que nada tinha conserto e que, mesmo em um concerto, instrumentos gritam alegrias tristes que desconcertam a existência sem conserto que, por certo, não se percebe sequer em um pequeno excerto o que, de fato, se consegue com um aperto ... quando pensei que a vida estava concertada, ouvi os desafinos dos violinos que rugiam, dos baixos que eram agudos, das flautas que urravam ... dos pratos das baterias que eram pratos vazios de comidas sonoras ... quando pensei, era um agora, era um agora ...
Agora que, na vida, grita solidão que se deve ter sempre por perto para fazer companhia,
Nega alegrias duplas, provém alegrias unas para a dualidade de um ser só
Deposita esperança nos elementos poucos de muitos sentimentos partilhados e partidos
Regurgita passos passados presentes no coração que bate no mundo  
Espera que tudo se torne novamente vida envolvida na vida de outra vida (re)vivida ...
...
É assim ... a vida nos reveste de palavras que exigem serem retiradas de tudo e de todos para revestir-nos de nós mesmos e resistirmos a nós mesmos para que sejamos aquilo que revestimo-nos constantemente.
E há sim esperança, mas não uma esperança assim, esperançosa, mas uma desesperança aí sim desesperançosa que desesperadamente faz simplesmente aquilo que lhe cabe, aquilo que lhe é permitido: espera e não se desespera.
Esperança que não desespera a si, mas desespera a simplicidade de tudo e que a tudo deixa de esperar pelo simples fato de que esperar não é uma palavra com a qual nos revestimos ... é uma palavra que resistimos gritar porque tememos desesperar ao pô-la em nossas bocas que se unem em momentos em que a saliva grita significados ... e regurgita passados que nunca passam porque incrustam-se em nós e fazem-nos presentes passados a limo.
E assim, tua nudez coberta de notícias reveste-se de uma nuvez que obstrui os raios solares em encobrem o céu com as lágrimas evaporadas com o calor do desespero mantido nos olhos e não permitem que a sua nudez seja vista, porque é revista por olhos cobertos de palavras e protegidos por salivas não ditas, por salivas cheias de notícias que envolvem a inexistência de desesperança...
Quando pensei que a vida estava concertada, não tinha concerto: tinha silêncio de todos os instrumentos que aguardavam uma boca que os assoprasse os sonoros, de uns dedos que dedilhassem os de corda ... então, parei de ouvir meu pensamento mudo de palavras eloquentemente não ditas e de lágrimas silenciosas que molham a imagem que não pode ser vista porque inexiste.
Quando pensei ... dispensei ... depois, despensei o que pensei para repensar no que poderia pensar se tudo pudesse continuar ... e como não falamos erres finais, fiquei a ouvir meus olhos gritarem silenciosamente palavras liquefeitas que brotam naturalmente e são intensificadas por lágrimas nascidas de seu coração que me olhavam e intensificavam o desejo de pensar, por segundos viris, a vida comtinuahhh.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Choro nos olhos

Natal, 18/09/2014

Quando eu te deixei, meu bem
Lhe disse pra ser feliz e passar bem
Não quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, entorpeci

Quando eu te quiser rever
Pretendo estar refeito, quero crer
Choro nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que por você eu passo mal demais

E que venho até hesitando
Me pego chorando
Sem mais nem porquê
E tantas lágrimas rolaram
Poucos homens me amaram
Mas nem mais nem melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa não é mais sua, nem assim
Choro nos olhos, quero ver o que você diz

Quero ver como se porta ao me ver tão infeliz