Natal, 24/01/2014.
Quero que respeite o
meu louco querer ... e aceite o meu estranho amor ... um amo que reside em mim
e que nasce a cada dia fortalecido da ausência causada pelo cotidiano enfadonho
da presença amada e da despresença esperada desesperadamente ...
Por isso não quero
sugar nem todo o seu leite nem quero os deleites de estranhos amores perdidos
nas desalegrias de ter amor e não me sentir amado como gostaria de me sentir
... como precisaria me sentir ... como não queria me ressentir ...
Na vida, vivida e
envolvida em vidas embevecidas por alegrias vis e desalegrias viris, recosto
minha saudade e saúdo a nova vida encontrada em desencontros e desencantos que
nos deixam nos cantos de mundos idiossincraticamente cravados na existência de
ser sem ter querido ser ... de querer ser o que não se é e de poder permitir a
si mesmo recostar-se na solidão que assola a imensidão da vida e rouba as
alegrias incognoscíveis de uma vida que se quis, que se teve e não se quis mais
.... mas que se quer mais ...
Assim é meu louco
querer: desquerido. Um querer que aceita os estranhos amores das entranhas e
entra na subsistência insistente de uma saudade desquerida ... de uma saudade sentida
e ressentida de presença vazia que preenchia os dias e as noites tristes da
solidão compartilhada ...
Não quero-te presença
enfeite do meu ser ... quero-te enfeite presente de meu ser ... quero
desorganizar os elementos da sentença para poder sentir-me sentenciado a
alegria de existir e resistir a tudo e a todos que não lhe fazem sombra ...
quero-te sombra presente da minha alegria que nunca fica nas sombras, que nunca
fica com as sobras ... que nunca sobra ... mas que satisfaz a necessidade de
ter-se consigo o que se estranha, amor. Amor,
aqui, vocativo. Amor, aqui, invocativo ... presente em orações ditas em
sentenças curtas, em alegrias viris e em prazeres solitários com visões de
deuses gregos que recostam-se em outros deuses gregos para dar prazer àqueles
que não puderam adentrar ao Olimpo ...
Sempre sinto-me
forte,
Ansiosamente terno em
minha solidão
Nebulosamente
entristecido pela alegria de estar sendo sem ter sido
Tacitamente feliz ...
mas triste aos olhos daqueles que
Inadivertidamente
percebem a aura nebulosa que
Aflora nos sorrisos
que disfarçam
Gotas de lágrimas que
sequer brotam dos olhos porque retesadas pelo
Ontem que não conseguiu suplantar a ânsia de sentir-se
feliz ...
... pela necessidade
de sentir-se feliz, infelizmente.
Presença que enfeita
meus sorrisos invisíveis em momentos de terna tristeza ...quero-te feliz ...
quero-me feliz ... felizmente.
E assim, volto a ser
eu mesmo: pessoa só. Uma só pessoa que não quer nada além do que pode ser
querido .... e que quer ser um ser querido de maneiras que não enfeitam o ser,
mas que enfrentam com o ser a vida que não é deleite, que não á aceite, mas que,
igualmente, não é acinte, mas assente ao que é possível ... mesmo que não seja
pro silvio ...