sábado, 26 de abril de 2014

Nem tudo passa ... ou é simples passado

Natal, 26/04/2014.
Vejo que a vida passa e não passam na vida a vida que é vivida com prazer ou dor, ódio ou amor ... passam as pequenas coisas que são voláteis, frívolas, mas não passam as emoções que marcam a alma e constituem-nos como corações de Clarice que batem no mundo ...
Vivi todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fizeram ser o que hoje se faz em mim vida vivida envolvida em vidas sentidas e jamais ressentidas de se ter vivido vividamente ... intensamente ... inteiramente ...
Vivo todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fazem hoje poder reviver emoções ainda não vividas em coração mudo que grita ao mundo sua intensa capacidade de sentir o que quiser, de querer o que sentir e de poder sentir sem se ressentir do que sente ou sentiu ... de sentir simplesmente o que se pode sentir: sentimentos múltiplos de alegrias mútuas e de solidão dividida com pequenos corações que são unidos por sentimentos sem sentido, mas sentidos intensamente ...
Vivi todas as coisas e maravilhei-me de tudo ... e de tudo que me maravilhei, senti saudade em muitos momentos ... sinto saudade em muitos momentos e deixo que a saudade de momentos se torne tempero de novos momentos de futuras saudades ... constituo-me assim: saudade de tudo e de todos e sentimentos por tudo e por todos que me permitiram sentir-me assim: sentimental.
Nas ruas, sinto o prazer do perigo se estar sentido o que queria sentir e sinto que o perigo me sente presente, de mim não se ressente, e continua sendo perigo que enfrento com abraços quentes em línguas quentes que sorvem de meu abraço o calor dos sentimentos que se brotam nas salivas que se encontram em línguas que não gritam nada, porque simplesmente se entrelaçam em abraços de bocas que sorvem uma da outra o prazer de sentir perigo e não ver nenhum perigo em poder correr perigo para viver uma vida perigosamente ...
Emociono-me ao ver que a vida se torna, novamente, vivida em momentos de emoção indescritível e de sentimentos que arrancam sorrisos lascivos de boca que esperava emoções sem se desesperar ... e que, agora, espera sorrisos emocionados por simples olhares ou abraços em tardes em que nada se esperava ...
Emociono-me ao ver que a vida retorna emoções diversas, sensações diversas e razões irracionais de se sentir o que se pode sentir intensamente ... e não me ressinto de nada ... e, assim, olho para o rio que passa sob meus olhos cegos a todo o resto e, de soslaio, vejo o passado presente em todos os momentos ... vejo o passado não ser passado, mas se tornar um presente para minha alma que pode sorrir novamente, sem se esquecer de tudo que a fez um dia poder sorrir largamente pela vida que estava lá, presente no passado e ser um presente no presente...
Assim, vivo em tudo e em todos que em mim viveram ... e me fizeram sorrir para a vida que me permite continuar sempre coração que bate no mundo ... e me fazem ser assim: vida envolvida em outras vidas que me vivem sem me permitir ressentir de nada, mas persistir em ser simplesmente vida ...

Venha, então, passado, sentar-se comigo à beira do rio e ver ressurgir nas águas que passam todo o carinho que encontrei no meio do caminho, venha e se lembre que me constituo de ti, que vivo assim porque passei por ti e não te deixei no passado ... trago-te comigo: presente que me foi dado e me torna, agora, assim ... carinho no meio do caminho.

domingo, 13 de abril de 2014

Pequenos pedaços de vida

Natal, 13/04/14.
Era assim ... andava pela vida e recolhia pedaços de alegria que eram distribuídos por muitos por poucos minutos e me sentia pequeno de alegria e vivia, então, pequenos momentos que me eram permitidos. Tinha, em mim, pequenos desejos de coisas grandes, de grandes emoções e de muitas emoções grandes que o tempo me deu e que guardava no coração que bate no mundo sem me preocupar.
Andava feliz e não reclamava da solidão que me acompanhava pelos dias felizes que me eram dados em doses homeopáticas pelo grande tempo de vida que tinha em minha alma alegre de ter sido alegrada por muitos sonhos realizados e por muitas realizações sonhadas e ainda por vir ... vivia e me sentia assim, grande de minhas emoções e pequeno de tristezas ... não queria não querer, não queria não amar, não queria não poder olhar para trás e dizer que não fora feliz, pois fora, e muito ...
Preparava-me para mais e, então,
Estava preparado para continuar a
Querer sentir e ter todas as emoções contidas em
Um único frasco ...
Esperava com esperanças e
Não desistia de, como já aprendera na vida, aguardar
Outros fragmentos de felicidade que poderiam me invadir ...
... e me deixar estar esperando esperanças que me faziam esperar com esperança de poder sentir a vida sem me ressentir de tudo o que pude ter em meus braços, que pude deter em meus abraços e de tudo que deixei no coração mas tive de desatar os laços físicos ...
Andava por aí, andava por todos os lados e sorria e olhava de soslaio  ...
Nada estava mal, mas estava esperando com esperança,
Desejava poder não esperar mais e – de alguma maneira – sentida meu desejo
Retesado pela vida que me invadia e dava-me, nos dias e noites de solidão, a
Esperança de poder me desencontrar da solidão para continuar de mãos dadas enlaçadas à beira do rio que passava em frente dos meus olhos e me deixava a pular de alegria ao ver-me refletido em suas águas que tremulavam a minha face e me fazia movimentos de sonhos possíveis.
Naquela noite, esperava nada como tudo que espero, não tinha amigos à volta para disfarçar a solidão que me acompanhava e nada estava ruim, tudo estava solidão em mim e não sofria de esperar ... não desesperava também, pois aprendi na vida que esperar é poder não se desesperar ... e continuar a estar estando instâncias de mim comigo e de outros consigo mesmos que pudessem querer não estar só consigo e desejassem partilhar comigo a sua solidão ... esperava quem não se desesperava e que não queria não querer mais ... e lá estava você: pequeno frasco de grandes emoções que precisava apenas de ser aberto para crescer em outro coração que batia, como o seu, no mundo ...
Estamos, então, nos debatendo e recolhendo nossa solidão ao ostracismo ... estamos, ambos, pérolas que habitam corações vazios de solidão e cheios de esperanças de não ter mais que esperar ... esperamo-nos diariamente e não nos desesperamos mais porque esperamos um ao outro invadidos de corações saudosos de um futuro de esperanças.