terça-feira, 30 de setembro de 2008

Coaxou ... e foi-se.

Natal, 30/09/2008.

A gestação foi breve, seis dias. O girino em segundos transformou-se num enorme sapo a coaxar pela casa toda. Coaxava na sala, no quarto, na cozinha, no carro, na rua... saia da casa para invadir o coração, a alma e tornar tudo um brejo cheio de lama ... e de coaxos. O som barulhento e sem sentido acabou por arrefecer qualquer sinal de vida deste gestante em recuperação ... recuperação do susto, do sopro na vida ... era o próprio lobo mal a assoprar e assoprar a casa dos três sapinhos coaxantes ... derrubou as palhas, derrubou as madeiras e deixou os tijolos abalados ...
... era o momento de a vida fazer eco e, no eco da vida, a ida .... adeus.
Sinceridade na tela do celular: “Não sei ... mas não senti como pensei .... Não posso negar que estava mais empolgado. Me desculpe. Sejamos amigos”
- Por que isso? (a pergunta veio celularmente)
- Desencantei.
- Estou acostumando-me com decepções ...
- Pense que desta vez foi, pelo menos, com honestidade.
E foi assim ... os coaxos deram trégua ... a solidão sorriu e disse que não tinha me abandonado .. estava lá, à espreita, esperta como sempre.
À noite, justamenteumalindaintransitivaamiganuncaausente com sua solidão própria, se junta a mim, com minha solidão própria. Éramos quatro ... e fomos para a vida solteirar e ver que solteirando estamos inteiros, apesar de solteiros.
Terra, o caminho era de terra .... e o som, de cafuçu. Tudo bem, estávamos os quatro cafuçando a vida mesmo ... cafuçamos solteiros e inteiros .... ninguém conseguiu quietar ou apagar o facho ... cafuçar é ter quase a certeza de que o facho não se apaga .... e a cerveja era sol ... e queríamos lua ao luar, nuas ao luar ... na verdade cafuçar foi quase uma imposição ... fomos no impulso, mas apenas nós quatro tivemos pulso para cafuçar como proposto.
Ficamos ... o dia queria clarear ... e a gente queria que aquela noite fosse o nosso dia. Não foi... mas o dia foi de nós quatro ... de falar da gente ... de gentar ... gentamos os dois (ou melhor, os quatro) e ficamos com a impressão de que tudo estava bem. Separamo-nos. Foram dois pra lá, dois pra cá .... solteirar.
A solidão garlhalou, quase zombou de mim ... ms ela é companheira, brinca de brincar comigo, nos entendemos.
Enrolei-me em seus braços ... sorrimos .... ambos, solidão e eu. Queríamos um terceiro elemento, um facho de luz ... com o qual pudéssemos solteirar. Falei: solidão, vou só ... deixei-a ... e solteirei por um segundo .... ( e olha que estou falando de um segundo mesmo!)
Separei-me da pressa e voltei meus olhos para o certo que é incerto, que faz certo dentro da incerteza da vida ... fui ...
Marcamos no mesmo lugar. Fizemos as mesmas coisas, duplamente.
Saciados, os três: solidão, eu e a incerteza certa, voltamos cada qual para sua vida .... uma vida de cada e de qual ... todos os quais e cadas na vida solteira, vida de solteirices.
Sempre que penso no
Ontem, lembro-me da
Lamúria que é ficar a pensar
Tanto nas coisas
Eternas por um segundo, por um minuto, mas eternas
Internamente e sobre as quais
Raramente se pensa em
Acompanhar para todo o sempre,
Raramente se quer para todo o sempre como companhia.
... não importa. O eterno deve ser eterno, deve ser éter na mente para o sempre de um segundo. Deve ser tudo no nada da vida .. e tem-se de reconhecer que a ida é imprescindível para o movimento cíclico da vida ...
é ... a vida ecoa ... e seu eco retorna apenas a ida, porque o vê, sim a letra vê, se perde no vê do vento – seu irmão gêmeo, ambos fricativos sonoros univitelinos, que se irmanam na distância entre o som que emito e o retorno que tenho, no eco.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

E agora, o que sinto?

Natal, 23/09/2008.

Sinto a realidade, que é sempre mais ou menos do que queremos, mas ainda assim a queremos, real. É isso. Sinto o real, o palpável, o certo ... e o incerto e a incerteza, assim, femininamente indecifrável porque real, leal. Leal às observações da pele, às emoções que emanam de um nãoseioquê de coisas incognoscíveis por si mesmas. Coisas que passam pela cabeça, coisas que coisam as coisas das coisas da gente. Que coisa!
Na idade adulta, quando descobrimos que amamo-nos muito quando meninos e seguimos outras afeições e conservamos no escaninho da alma a recordação de nosso amor antigo e inútil, as coisas são apenas coisas. E as sentimos sem querer entender muito bem o que são, porque indeterminadas pelas sensações que causam, pelas sensações que arrefecem-nas com a brisa e nos deixam sentindo-nos como que invadidos de nós, de nossa realidade e de nossos sonhos infantis esgarçados pelos anos que passamos na vida útil de uma existência inútil.
Apenas estamos ... como se o estar fosse a consolidação de uma eternidade de um dia, o que já basta. Bastaria um minuto, apenas um minuto marcaria ardilosamente retilineamente cada estado loucamente ontológico de um ser adulto que experimentasse esse estar. E estou estando esse estar.
Um estar de definições indefinidas, de desejos escondidos em gestos de carinho e carinhos que gestam desejos ... é isso ... tenho desejos gestantes... fetos de um príncipe-rei ou girinos de um sapo, não sei. Mas gesto-os .... alimento-me dos momentos infinitamente finitos para alimentar não o eu, mas o feto-desejo. E espero, enquanto vejo a solidão acenar, que o feto-girino cresça ... e se transforme para mim. Simples assim.
Que sinto, então? Agora apenas sei.
Amanhã, talvez, sentirei no ventre os chutes do feto-girino crescido,
Depois de amanhã, talvez, ouvirei os gritos de um bebê-anuro,
Depois de depois de amanhã, talvez, seja tempo demais para se discutir agora.
E agora? Sei não ... mas sei que não sei. E isso basta.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Braços sonoros, imagens acústicas e restos de mim.

Natal, 22/09/2008.

O conforto veio em forma de palavras escritas na tela de um celular quebrado. Não importa, quebrado foi o ciclo que se instalara nos interstícios de um eu casado com a solidão. Bastou. Chegou aos olhos, estendeu-se aos lábios e soprou com brisa de mar calmo a alma do eu que parece dar início à separação consensual da solidão. A solidão, então, não fica triste. Recolhe-se ... voltará, por certo, depois ... depois de tudo o que está por vir. Ela, amiga de sempre, entende que seu tempo está acabando .. e não sofre. A solidão não sofre, apenas não deixa sofrer ... tem função utilitária.
Bastou para a manhã um bom dia com beijo, escritos, ambos, beijo e bom dia, em letras celulares. Para a tarde, um boa tarde com beijos, igualmente celulares. Para dar início à noite, letras celulares não seriam suficientes. Palavras, ditas, celularmente deram o tom de uma noite de sorrisos pela metade ... as imagens sonoras não foram, exatamente, imagens de conforto ... desconfortaram, mas deixaram para o amanhã o conforto de ontem, num encontro de pele marcado celularmente. Apagaram-se às 22h30 ... palavras celulares de saudade e lembranças de beijos e cheiros reais deram o tom do conforto ontem sentido na pele, hoje sentidos no celular que confirmam o amanhã de sentir na pele.
Instala-se, na libra, a dualidade geminiana ... no trabalho, brigas, nas brigas, trabalho ... no íntimo, eu singular, eu plural, eu de sis, eu de outros ... outros eus, mas são para amanhã ... eus e outros, amanhãévinteetrês ... são oito dias para o fim do mês ... (na verdade sete, setembro ... mas como o amanhã ainda não é hoje, conta-se-o, portanto, oito mesmo).
Hoje, então sou o eu, apenas. O eu que quer uma amiga justamente uma linda intransitiva amiga nunca ausente ... pelo celular, nos vemos acusticamente, no bar, pessoalmente.
Falamos de trabalho: caralho! Falamos de outras coisas ... caralhos? Também! Mas pouco, porque tínhamos eus para nos preocupar e os falos foram postos de lado ... mas não lado a lado .... de lado, mesmo.
Observo e vejo um olhar perdido. Uma vista que se perde na escuridão de uma indecisão sobre o que é este chega, um momento ... ela tenta tergiversar. Insisto. Quero saber de você ... to aqui, em mim ... ... ... tergiversando ... ... tergiversando ... Reinsisto. Sou incisivo (ou seria invasivo?)
Bem, não quero mais me preocupar com coisas banais, quero sentir a proteção que tenho por direito e ponto. Estou assim. Tiro o foco de meus objetivos para ter foco em mim.
Digoótimo.
Falamos sobre o divã ... isso e aquilo, o momento de se respeitar e deixar os eus em nós nos guiar pelos eusdenósmesmos, assim, juntinho para dar a impressão de que todo o arquipélago que somos é uma ilha ... sonífera ilha, que descansa os olhos, sossega a boca e enche de luz os eusdenósmesmos. Justamenteumalindaintransitivaamiganuncaausente tinha olheiras em torno dos olhos que passaram a ver um mundo antes sentido e agora admitido. Olheiras oriundas de mergulhos em si, mergulhos em outros sis e mergulhos em nada. Mergulhos que se valorizaram apenas por serem mergulhos em mim, no outro e trouxeram a descoberta de que se basta a si. Agora o seu complemento não é complemento, é adjunto adnominal, adverbial, adcorporal, adalmal, adpeleal, adqualquerporra, adporranenhuma, mas ad e junto. Virou intransitiva. Amei!
E amei porque ela está descobrindo que amar é também um verbo intransitivo. Ama-se porque se ama. Ponto. O amado não é complemento, é adjunto. Sorri. (a língua é uma coisa legal, quero ver você descobrir aqui quem é que sorri ... você num acha o sujeito porque tem dois sujeitos aqui na brincadeira, e eu não vou dizer qual dos dois sorri – talvez eu tenha querido dizer que sorriram ambos, e tenha unido no sorri a dúvida para você se matar para descobrir – fiz de propósito)
E o resto? O resto, como os outros, são os restos e só ... porque já conhecemos muitas gentes, gostamos de algumas gentes, mas depois de alguns vocês, os outros são os outros e só... e outros vocês chegarão para provar que os outros que estão no passado serão sempre os outros, o presente é presente, o passado, passado e, enquanto o presente não se torna passado, as gentes do presente relegam à sombra as outras gentes ... até que outras gentes apareçam ... e tornem as gentes de hoje, ontem. E todas as gentes podem, sim, ser amadas e tudo pode acontecer ...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Nos braços de mim mesmo ...

Natal, 22/09/2008.

Nadei, nadei ... e mergulhei em mim. Em mim personificado no outro, no outro que me dava geminianamente o prazer de estar comigo me sentir eu, como uma ilha cercada de mim por todos os lados.
Lados que sempre vi e sempre senti, mas estavam tão inseridos em mim que não os podia enxergar ou sentir ... senti ... e senti ... senti o prazer de me ver a mi mesmo no outro, e o outro em mim ... sem perguntar os porquês de estar em si, ambos em si ... um si plural, e único, e plural ... uns sis de reticências.
E para que servem as reticências nos sis? Para que o tempo possa invadir os meandros de cada si e tornar o si sis no tempo. No tempo que bate à porta e diz cheguei ... e entra sem pedir licença, porque não precisa.
Não precisa porque vai entrar e vai fazer da ilha um continente, um continente cheio de novidades, de progresso, de dor, de sofrimento e não vai se desculpar.
Mas será que o que
Antes se pensava não era apenas
Ranço do passado que,
Como dizem, está à
Espreita de uma
Loucura, de uma janela para quebrar,
Ou de uma porta entreaberta para invadir? E invadir sem pedir nada, sem falar nada, sem questionar nada... simplesmente uma porta ou uma janela para a alma de um ser que, ilhado, se sente irado e faz amizade com a solidão que também não pede nada ... e não dá nada ... e nada, nada com o tempo que entra e levanta as saias do pudor ... entra .. vento, brisa ... e deixa o ser, ilhado, na frisa ... esperando pela brisa que sopre, de novo, a saia para seu lugar e deixe a ilha se ilhar em si, cercada de sis ...
Naqueles braços os sis se tornaram uma ilha de certezas, de incertezas momentâneas de um prazer de camarões. Sim, de camarões ... de camarões que são saboreados sem as cabeças, sem as peles, sem as entranhas .. camarões que nadam, nadam e são surpreendidos, um dia vinteedoisqualquerdesetembro por uma rede de pescadores gêmeos univitelinos ... iguais na superfície e desiguais na litosfera, que reveste o manto e o protege.
E o manto? Bem ... o manto não é de virgemmaria, nem de madalena ... é simplesmente um manto .... um manto que recobre de vulgaridade, de perversão, a pureza de uma alma de esperança na junção ilha-mar. É isso ... junção ... interjeição .... interrogação ... interrelação ... inter ....
É assim ... nos braços de mim mesmo me torno ilha continental, arquipélago de eus que me invadem e me fazem sentir único. Contradição.
Contradição de nãoquererquerer, de querernãoquerer ... e querer assim mesmo ... e se desilhar ... desilhar de eus e seus e teus e ateus e proteus .... não sou mais o primeiro, o proteus, nem é o primeiro gêmeos que surge ... é outro ... e o outro que, como uma ponte, tira a ilha de sua ilhação.... e a conecta com o continente que é ela mesma ...
A ilha se conecta ... e se sente feliz, e sente a brisa, e olha o retrovisor e vê que a história pode se repetir ... e não está nem aí com isso ... desilha-se para se conectar aos vários eus de si, reintegra-se ... nos braços de si mesma.
É, chega, um momento ....
Pare de sentir-se culpado de sentir-se bem ... pare de sentir-se bem de sentir-se culpado ... esqueça .... viva a ilha em si conectada ao universo a sua volta. Retorne, entorne, esborne ...
E sinta-se você, como já sentiu ... e gostou.
Goste de ser gêmeo do outro ... gêmee-se nos gemidos da alma ... acalente-se de si ... e veja que a vida lhe proporciona muitas libras ... libras de alegria, libras moedas de troca de si. Ponha na balança ... e perceba que os pratos estão regulares ... sorria para si ... sinta a brisa que, de tão forte, retorce o retrovisor que mostra não mais a estrada lá atrás, não mais uma sombra na beira do caminho, mas um rosto que sorri .... um olho que brilha ... e uma vida que abre as portas, quebra as janelas, espatifa os vidros da vidraça e diz “mostre os dentes guardados por esses lábios recobertos de neve ... antes que eles apodreçam” ...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Não quero falar disso.

Natal, 16/09/2008.

Vazio. Não, não quero falar disso. Quero é falar do cheio, da vida e da alegria de estar vivo ao lado da vida que passa. Sim, ao lado. À margem. À margem de uma alegria buscada, encontrada e querida por muitos ... tida por poucos .... e sentida por quase ninguém. Sentir a vida. Seria isso possível?
Ao lado da vida, ou no seu curso, há a despedida, a pedida, a medida, a ferida, a ida ... ida. Sim, ida.
Tudo é não ser, tudo é não estar, é não querer, não sentir e sentir. Sentir que tudo o que se quer se pode ter ... e perder.
Perder para a vida, a vencedora dos jogos mortais que vivemos nela, que incutimos nela, que sentimos nela e nela perdemos. Perdemos os amores, as dores, as cores ... até os cabelos perdem as suas cores para dar lugar ao branco, ao vazio. Vazio que reluz na claridade da não-cor. Sim, branco é não cor. É espaço límpido para se poder fazer o que se quer ... e querer o que fazer.
Faço, então, um traçado de branco sobre os poucos negros que restaram na vida que escolhi. Na vida que vivi e vivo, e viverei o branco, o franco, o tranco ... e sobrevivo.
Sobrevivo aos quereres que quis e aos que não quis, ou quis sem o saber.
Sim, há quereres que não sabemos que queremos, apenas os queremos e temos, sem querer tê-los ... e só sabemos disso quando os seus tentáculos, os tentáculos dos quereres que não queríamos, nos tomam pela mão ... e nos arrastam para a beira do abismo. Chegamos a sua beira, puxados pelos tentáculos, e olhamos, soltamo-nos nos tentáculos dos quereres não queridos e dizemos: chega, um momento.
E observamos ... olhamos a paisagem e voltamos nossas cabeças para trás ... vemo-nos como a um amigo que deixamos para trás, no caminho da vida, no percurso da vida, no curso da vida ... e sentimos que o pulso ainda pulsa.
Expulsamos os tentáculos.
Voltamos para a estrada, olhamos para trás, deixamos o abismo lá atrás. Esquecemo-nos dele. Voltamo-nos para nós mesmos e sentimos a brisa nos dizer que chega de chega, um momento.
O momento chegou, aproveitamos. Chega!
Vamos brincar de ser ilha, e ter conosco a certeza de que há mar à volta, para nadar. Nadar na sua acepção mais corriqueira, dar com os braços na água e brincar de ser peixe ... e nadar ... de clássico, costas, livre e borboleta. Borboleamos no mar .. e o sal da água é o tempero de nossa alegria ... e nos tornamos um churrasco gaúcho.
Deixamos nossa cara vermelha de sangue dar lugar ao bronzeado alcançado pela brisa exalada pelas brasas da churrasqueira e somos desejados como espetos na Vento Aragano. E somos brasas avermelhadas que assam as carnes e as carnes que são assadas. Ubíquos, somos ... ubíquos de nós, em nós. Não mais ilha, arquipélago.
Arquipélago de muitos nós, de vários eus que se consubstanciam em um, e um que se divide em vários para suportar cada um dos nós, nas brigas que temos com os nós que carregamos na vida em curso.
E seu curso, que será? Não sei. Ou sei e não quero saber que sei? Provavelmente...
Tudo é provavelmente ... e tudo é o que queremos pensar que queremos ... e a vida nos quer, vivos.
Vivos estamos.
E olhamos à volta e percebemos que o vazio não existe. O vazio é preenchido com o ar ... e o ar nos traz vento aos pulmões, ventos araganos, que podem ser sentidos e desejados, que têm a força de manter nossas forças. Então, onde anda o vazio? Foi ver o mar e se tornou ar, e o mar o assoprou para torná-lo brisa.
A brisa que sinto na minha cara, levanta meus cabelos e mostra-me, na sombra que faço no solo arenoso, que estou em movimento. Chega um momento em que estamos em movimento.
E este momento é agora.

sábado, 13 de setembro de 2008

Chega, um momento.

Natal, 13 de setembro de 2008.

Conversamos, conversamos ... concluímos que chega, um momento ...
É um momento para sentir o nós e o sós e tirar os nós, os nós que ataram o nós. Vivemos uma vida inteira à procura de conceber um nós que fosse realmente nós. Lutamos por juntar a nós outros, outros e outros e outros ... perdemos a noção do sós, porque pretendíamos nós.
Agora estamos sós ... felizes sós ... e tentando entender porque estamos felizes, porque não estamos desesperados por um nós, por uma metade que de ideal só tem a ideologia inserida em nós.
Queremos mais não. Paramos. Agora estamos parados, estacionados à sombra que havia no meio do caminho, esperando .... olhamos pelo pára-brisa e vemos um universo à frente, olhamos no retrovisor e vemos um mundo pequeno lá atrás, um mundo de buscas, de bocados, de emboscadas. Emboscadas que buscamos e encontramos aos bocados ... e deixamos para trás, na esperança de um dia termos esperança.
Deixamos porque a concepção de nós esvaiu-se na junção de dois diferentes que tentavam insistentemente ser iguais ...
Encontramos alguns iguais ... naturais ... artificiais ... e iguais, ainda assim. Não quisemos, estivemos um momento aqui, outro ali, sentido-nos iguais ... e a igualdade cansa. Entristece. ... olhar para a cama ao lado e ver o outro como se vê um espelho é frustrante. Queremos não.
Juntos queremos apenas viver
Uma vida que tenta
Levar a alegria
Impar ao
Âmago de
Nós e
Amamos, amamos, e amamos ... o imperfeito.
E o imperfeito aqui é o imperfeito do indicativo, que
Sabemos estar
Insolentemente nos fazendo
Lembrar que o futuro
Vai virar passado em breve,
Indiscutivelmente, e
Outro futuro estará á espreita.
... agora será esperar que este futuro chegue e que possamos nos deliciar do seu presente, do indicativo ... e o subjuntivo vai ser tão subjetivo que não perceberemos, veremos tudo com a clareza de um dia de sol em que os raios ultravioletas são violetas na janela de nossos olhos, e embelezam a visão que temos de nós mesmos .... complicaremos as coisas para sentirmo-nos vivos e viveremos as complicações para sentirmo-nos descomplicados .... e não estaremos mais estacionados ... parados .... porque estar aqui, estacionado na sombra que havia no meio do caminho nos faz querer por o pé nó acelerador, engatar, resgatar, engatinhar ... levantar, trotar, correr, voar ... e ir sentar contigo à beira do rio, sossegadamente ...
(enlaçaremos as mãos)
Olharemos o horizonte sem a película protetora do pára-brisas, e vestiremos o vento que nos revestirá nossas caras e invadirá as nossas almas .... deleitaremo-nos de nós conosco, num enrosco ... e nossa natureza jamais verá um horizonte fosco.
Não teremos tirado de nós mesmos a nossa natureza, não nos arrependeremos do que fomos outrora porque ainda o seremos ...
E teremos conosco a vida de brisa, junto do mar, onde o ar é mais puro e a brisa sopra esperança, a maresia será nossa alegria, nossa fantasia. A arrebentação lembrará aos ouvidos a calmaria do rio ....
(desenlaçaremos as mãos)
E acordaremos todos os dias com alegria e pena ... e nos lembraremos que antigamente acordávamos sem sensação nenhuma, acordávamos simplesmente.
Saberemos também que a alegria e pena que sentiremos dever-se-ão à consciência de que perderemos o que sonhamos ... e sonharemos com o que perdemos ... e isso não nos entristecerá,
Não, não nos entristecerá ... nos trará a sensação de que saberemos o que fazer conosco sozinhos e teremos nós mesmos como motivo para acordarmos de novo ... e diremos a nós mesmos: - Chega, um momento.

sábado, 6 de setembro de 2008

Mamma mia .... here I go again ...

Natal, 06/09/2008.

Não disse que a solidão me acompanharia para todo o sempre? Pois é .... de novo. É final de semana, é dia de bundar, dia de nadar ... nadei o dia inteiro e, agora, Mamma mia ...
Tem dias em que a solidão fica um pouco chata, sabe. Ela fica muito calada e não quer prosa de jeito nenhum. Pego o celular: Oi .. ce vai aqui ou acolá? Não, tenho não sei o que para fazer. Oi, o que você vai fazer hoje? Ah, vou encontrar uns amigos (e nada de falar vem você também ...)
Então, estou eu, de novo, Here I go again, Mamma mia ... que será que deve-se fazer para romper com o ciclo eu – solidão? (E será que se quer mesmo romper este círculo? Não!)
Talvez este momento de querer nãosolidão seja apenas um momento, passageiro que com o vento se vai ....
E irá ... impávido como Mohamed Alli ... e haverá flores no caminho e cestinha de docinhos para levar para a vovó e muitos lobos bons no caminho, que não vai ter nenhuma pedra .... ninguém merece pedras no meio do caminho ....
Já está quase na hora de dizer que a solidão está a fim de um teteatete, acho que ela está ali, se manifestando: ei, Carteiro, vem pra cá um pouquinho ... e eu vou ....
Vou ter com ela, enlacemos as mãos ...
E sairemos à noite, veremos gente, seremos gente, sentiremos gente e gentaremos .... gentaremos com as gentes que a gente encontrar, gentaremos ... minutos de nãosolidão e de compartilhamento, compartilhamento de solidões na multidão .... O som vai troar, o povo vai dançar, os cheiros vão se misturar e as solidões se misturarão à multidão que espera, dormindo espera ... com uma grinalda de era ...
Multidões são sempre um saco. Tentam dizer para você que você não está só, mas dizem apenas que você está só revolto de gente (nossa, revolto é coisa mais viada que já vi) ... mas é assim mesmo, revolto de gente que não quer gentar, que não quer brincar de ser feliz ou que está pensando que está brincando de ser feliz e não é ...
Não, não é .... não é ...
A vida aqui, nesta Natal, é muito boa. A gente fica à beira da praia, à beira do mar, à beira da vida, à beira da anguústia, à beira a alegria .... e a alegria e o mar estão à nossa volta e dão alento, dizem “Oi, ce ta bem?” A gente diz “sim, tâmu bem ...” e continuamos .... continuamos a escutar esse sotaque lindo, esses porquês (eu adoro o jeito que o povo fala pooorque aqui. É assim: pratique comigo, fale ovo. Agora preste bem atenção no primeiro “o”. substitua o seu u do purque pelo o do ovo. Pronto. Ta falando porque natalense: um orgasmo a cada porque ... Adoro!)
E sabe pOrque adoro? Sei não ... adoro porque adoro escutar, prestar atenção nas nuances dos outros, nos outros das nuances e nas vibrações que esses sons me dão .... é os sons me dão vibração .... e adoro a solidão também ....
É muito melhor do que solidão compartilhada ... sabe, daquelas que você tem alguém contigo e se sente sozinho a cada momento pós coito? É horrível ....
Então, vamu solidar ... e brincar de ver o mar, e ver o ar .. e brindar à vida ....
Vem comigo! Por quê? Porque a gente pode ser solidão juntos.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

É daqui? Não!

Natal, 05 de setembro de 2008.

Cansei, sabe ... Vim para cá porque quero você, daqui. Se não é daqui, se não mora aqui, se não vive aqui .. quero não!
Por quê? Porque to cansado de viver o distante. Sabe, distância enche o saco e não dá em nada.
Gosto do flerte, gosto do frege, gosto do do do do, gosto. Ponto. Mas se é para ficar nisso .. queronão ...
Entenda. Tenho minha amiga inseparável solidão. O Augusto (o dos Anjos) errou. Eu não vou errar ... Não quero ingratidão, não quero estar sem estar .... ficar por ficar (bem ... se for legal, posso até pensar ... e se você me achar legal, podemos noisar, pensar juntos ...) mas quero distância de ti não.
Vê ... a gente se olha, sorri, você me persegue, vai pro cantinho e me diz seu nome: Bel.
Simples assim ....
Pergunto: mas esse é um apelido. Responde. Mas é assim que todo mundo me conhece ..
Bem, Bel .. então tá ... basta ...
Você é daqui?
Não. Sou do Pernambuco.
Pronto. Brochei ... E olha que eu não queria fuder contigo .. queria noisá ....
Levanto .. me vou ... encontrar a solidão .... e um teclado que vibra com as dedilhadas que lhe dou. Não penso mais em você. Se foi. Você não é daqui. Pronto. É simples assim ...
Já pensou? Ei ... você vem para cá neste final de semana? Não posso ... tenho de trabalhar ... Não posso .. to cansado ... Não isso e não aquilo. Chega!
Se você não é daqui, este é o resultado.
Então, me pergunto: para quê? E já me respondo: Para nada!
Então, por que querer nadar se o que penso é em noisar? Não, não e não .. me levanto e vou embora ...
Tem uma solidão linda me esperando ... uma companheira que me diz nada não, que me enche o saco não, que me castra não, e que não me faz nadar (ei, não vai confundir com entrar na água e se movimentar ... to falando de outro nadar ... espero que você não me encha o saco com a duplicidade de entendimentos que este novo verbo pode suscitar .. eita! Suscitar é chique!) ...
Minha solidão, amiga, companheira, não me quer nadando, quer-me noisando com ela ... e se a trocar por você, de longe, vou ficar nadando ... nadando em lágrimas, nadando em solidão, nadando em dor, nadando em lembrança, nadando, nadando e .. morrendo na praia ....
Então Tchau.
Beijo procê .... vou me encontrar comigo e com a solidão .. e vamos noisar ...
Sem se acostumar com a lama que nos espera ....
Esperando alguém que olhe, sorria, flerte, e diga.
Sou daqui .. vamu noisá?
Eita ... gostei dessa idéia... Noisá com alguém, num ménage: solidão, eu, o outro .... (e o Lacan se matando para descobrir onde está o significado de tudo isso ...)
Pura catarse ... OU catar-se?
Sei lá ... Pergunte pro Paes .... ele é quem inventou essa de comparar o tio Aristóteles com o tio Freud ...
Eu vou é me acabar, no trio. No trio eu, você e a solidão ... minha companheira inseparável ...
E nem vou escarrar nessa boca que me beija ... vou é viver ... e se morrer, vou voltar para buscar os instantes que não vivi junto do mar ....
E da solidão ... e de você ... e de mim ....
Querosim .... e tu, quesim também? Cê qué, venha!
Se fô daqui ....

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Vi seu perfil. Tá a fim de teclar?

Natal, 27/08/2008.

Sim, você viu meu perfil. E daí? Quer teclar? Compre um teclado e fica lá, que nem doido, batendo os dedos nele ... ele vai até gostar .... faz isso. Faz amor com o teclado, namora o teclado, beija o teclado, abraça o teclado e dorme. Você vai poder até roncar que o teclado nem vai ligar ... vai ficar inerte, esperando seus dedos o procurarem para mais umas batidinhas ... Não .... não estou a fim de teclar. Definitivamente, não!
Se eu quisesse teclar, não poria meu nome no site para você ficar que nem idiota me perguntando se eu quero teclar. Bah! Teclar ... já estou teclando, não tá vendo?
Ninguém que coloca um anúncio numa porra de site quer teclar .... quem põe um anuncio quer outra coisa, porque teclar ele já tecla quando coloca o nome no site ... doido ... Percebe, então o que eu quero? Quero você ... é .. você.
Quero que o teclado seja legado ao pano de fundo da vida .. deixe de ter a importância de me satisfazer com os dedos ... é .. os dedos ficam satisfeitos quando tocam o teclado ... dedilham .. mexem .... aparecem coisinhas na tela ...
Quero outras dedilhadas, outras coisinhas aparecendo. Por isso estou lá, esperando você fazer essa pergunta cretina.
Ta bom, ta bom, ta bom .... entendo que você está metaforicamente querendo saber de mim .... mas por qu~e cargas d´água não pergunta de mim .... pergunte assim;
Ei, gostei do seu perfil e quero te conhecer melhor, ta a fim? Pronto. Esqueceu do teclado, ta vendo? É fácil....
E você, tá a fim de teclar? Eu sei que não ... você tem seu teclado para teclar, você tem sua telinha para saber que eu estou lá querendo alguém que queira que eu a queira .... e que me queira ... é uma querência só .... Eu quero, tu queres ele/a quer ...
Quero é o nós queremos .... vê num tô a fim de eu teclar e de você teclar ...
To a fim de noisá .. é noisá ... (é assim, noisá é fazer de um um nós, entende? Nós ... mas para escrever nosá ia ficá horrível, preferi o noisá ... peguei do nóis ... eu, tu, ele, nóis .. viu?)
Então vou responder sua pergunta com uma assertiva. Vai ficar assim nosso diálogo:
- Ei, ta a fim de teclar?
- To a fim de noisár. (viu, com ponto final, seco)
- O quê? [nesse momento fico puto – vê usei o colchete que é chique, parece coisa de peça de teatro .... acho que to meio Brecht ... tem um amigo meu que, se ler isso, me bater na cara até eu sangrar !!!!! – Ei Junior, ce ta legal?)
- Bem, noisá [daí eu explico que porra é essa de noisá pra múmia que não entende – imediatamente me desinteresso]
- Ah. [esse “ah” é lido como um reforço da ignorância da múmia .... acabou, mesmo, o tesão .... mas daí, vô lá vê as fotos do perfil da múmia. Volta o tesão – se é que você me entende ....]
- Na verdade, to, sim a fim de teclar. Tudo bem contigo? Tc de onde? [Esse é o início do papo filosófico a respeito da geografia da Internet, que deixa tudo próximo - dos dedos ... mas é a vida .... as fotos .... huuummmmm....]
- Me passa seu msn. [imediatamente me lembro dos tururum, tururum, tururum .... quase vomito .... mas as fotos ....]
- Meu msn é gatolindodornarrobarrotimeiupontocom (todo mundo se acha lindo no nome do emeiu ... uma criatividade insana ...)
- blá blá blá ...
tururum tururum tururum
E tecla daqui, tecla de lá ... mais tecladas, dedinhos beijando o keyboard, isso, aquilo ....
... O ENCONTRO .....
- Oi .. ce é diferente na foto ... [imediatamente odeio o photoshop – faço cara de inteligente, culto, e que está interessadíssimo nas drogas que vou ouvir ...]
- ble ble ble .. bli bli bli .. blo blo blo [penso: será que essa múmia sabia que já inventaram analista? – faço cara de não sei o quê]
- Tenho de ir. [O uso da preposição de depois do verbo ter dá um ar de chique no úrrtimu!]
Definitivamente, to a fim de noisar ... ms será que dá para noisar com quem só sabe teclar? Aliás, nem sabe teclar ... a gente fala que sabe só para não dar na cara que vê uma porrada de erros que não são de teclagem ...
É, tem erro de teclagem, da pressa, do teclado sem fio, de um monte de coisas, mas tem uns que não tem concerto ... imagine .... um erro e, para arrumar, uma banda, cantando Vivaldi ... tem concerto certo não ...
Então, viu meu perfil? Ele tem photoshop não .. tem eu, a fim de noisá ... e o seu?

sábado, 16 de agosto de 2008

Se separaram ... e foram felizes para sempre.

Natal, 16/08/2008.

Quando você me deixou, meu bem, não me disse para ser feliz ou passar bem ... não me disse para ser infeliz .... apenas se separou. Foi. Eu fiquei .... você não quis que eu saísse. Preferiu sair ... decisões ... Agora, olho nos olhos e não quero ver o que você diz ao sentir que sem você estou tão feliz .... me pego cantando, sem mais nem porquê... ah ... tantas lágrimas rolaram ...
Foi ... fomos ... a vida nos quis assim ...
E assim estou, aqui. Parado ... tarado ... estou. Sou. Assim, desse jeito.
Não quero mais saber se estou com, se estou para, se estou em .... estou .. e vou estando como se estar fosse a eternidade. Estando, no gerúndio, para dar a idéia de que é longo, longitudinal, transversal, intravenoso ... é intravenosar .. é esse o verbo que conjugo.
Intraveno-me e me intrasinto .. intrasentir ....
É sempre um estar interno, intra, dentro, profundo, uterino .... comigo (e com a minha inseparável amiga solidão, que me acompanha, e que me faz companhia ...
Descobri, muitos reais depois, que estou fazendo o que me propus: vivendo. Nada de pensar que o amanhã pertence a uma entidade divina, a um ser cujo dom da ubiqüidade é intrínseco, não ... estou intravenosando me hoje e amanhã ... estravenosarei-me sempre e sempre estarei a minha disposição.
Vivo porque não quero a morte, quero a sorte, o corte, o porte, o norte... e sou eu meu norte. Eu, ponto cardeal de mim mesmo ... e quero ser este ponto cardeal, quero-me intravenosando-me eternamente, continuamente, sensivelmente.
Trabalhei, cansei-me ... dormi ... acordei de sobressalto ... me vi abraçado à solidão ... confortante ... a casa estava vazia de outros, mas cheia de nós. Solidão e eu preenchíamos cada centímetro quadrado desta construção ... e estávamos felizes conosco.
Paz ...
Jaz ..
Aqui ...
Namorei comigo, a solidão assistiu... não fez barulho. Ela sabia que naqueles momentos nem ela poderia me acompanhar ... eu só queria a mim ... e ela, como voyeur da minha encarnação comigo .... intravenosando-me ...
... um cigarro ... (não é vício, nem o café o é, nem um trago o é ... são companheiros meus e da solidão e do Lobão e de todos os eus que moram nesta cidade minha ...)
... uma esperança .... esperança de manter-me comigo, em mim ... intravenosando-me e sentindo o pólen de mim mesmo me molhar ... e umedecer a minha existência comigo mesmo .... nu ...

Faz tempo que a vida
Está me dizendo que os
Louros são para serem colhidos solitariamente,
Intensamente ... em silêncio,
Calado,
Inveteradamente calado ..
Dentro de si mesmo ...
Antes, durante, depois e
Depois de depois,
Eternamente ....

E custei a perceber isso ... custei a me dar conta de que as contas são minhas, que a vida é minha, que a existência é minha ... que eu estou comigo ... nasci comigo e comigo morrerei feliz ... infeliz ... mas comigo ... em mim.
Quero abrir a cortina e ver nos raios do sol os eus que me compõem, os eus que me desconfiguram e reconfiguram-me comigo ...
Quero-me. Não escrevo mais para o inexistente, escrevo para o inexistente que existe em mim e, portanto, não inexiste, existe, insiste .... riste ... e não mais triste .. assim, um eu que é tudo, e que é nada, mas é tudo ... no nada que é ...
Quero abrir as portas, sentir o ar, ver o mar, pestanejar, atentar e me alegrar ... alegrar a alegria intravenosando-me, intrasentindo-me ...
E quero dizer, aqui, para mim (e para você que perde seu tempo dando-me seus olhos na tela) que estou aqui, comigo, e te espero, comigo mesmo ... me faço companhia, venha, seremos três: eu, você e a solidão ... mas não tenha pressa ...
Venha quanto estiverem todos prontos: você, eu ... e a solidão. Daí entravenosaremo-nos de nós ... sós conosco.

sábado, 9 de agosto de 2008

A você, que não existe ...

Natal, 09 de agosto de 2008.

Esta é para você, que tanto procurei e que jamais encontrei ... jamais encontrei porque não te inventaram ainda, não te criaram ainda, não te pensaram ainda ... nem mesmo eu, que te procuro, te pensei. É, entenda você, inexistência, que ainda não existe um você consolidado ... cê tá lá, nas entranhas de qualquer testículo (será que testículo tem entranha? Sei não, mas é metafórico isso ...), ou melhor ... cê ta se inventando ainda ... portanto, se pensa que existe, não existe.
Inexiste para mim, inexiste para esse cara aqui que ta pensando em ti sem saber quem é esse “ti” .. talvez porque não queira, eu, um ti, queira, sim um espelho .... um espelho que acompanhe como acompanha a solidão ... um espelho que busque o que se busca quando se busca ... entende?
É isso, você ainda é a busca!
E uma busca que dura muito tempo e muito quer dizer muito, e pode ser pouco, depende do ponto de vista. Agora é muito tempo .. pode ser horas, dias meses, anos .... a gora é meses ....
Busco-te há meses. Viu? Ficou fique .... Há meses ... e meses podem se transformar em anos, anos em décadas .... mas tem sempre a busca ....
Encontrei outra companhia para minha vida: a busca ... não a busca incessante, ávida ... mas a busca calma .... aquele que se assemelha à espera. Simples assim .. tô na espera .. na espera de que ao inexistente exista, que o inexistente se sinta importante a ponto de se dar ao trabalho de falar “Oi, sou o inexistente” e passar a existir.
É complicado de explicar o que exatamente estou falando aqui ... eu estou, eu mesmo, em mim (viu, o pleonasmo nem sempre é pleonástico .. pode ser enfatizador. É assim que estou utilizando aqui ..) buscando compreender o inexistente que está à espreita .... espreitante .... é .. o espreitante é o que estou à busca ... espreitante inexistente. E busco ... ou melhor, espero ....
Engraçado .. espero lembra esperança ... e esperança é tão forte, tão tão tão que se basta por si .. mas a espera pe algo fraquinho. Assim: vô fazê nada não, vô esperar ....
Mas não estou à espera com ânsia .... nem com ânsia de desejo, de antecipação, nem com ânsia de vômito ....
To aqui, quieto, calmo ... esperando ...
Nem adianta pensar naquela bobagem de quem espera sempre alcança (coisa besta, essa, parece coisa de revista capricho!), quem espera não alcança nada, espera ... se fosse para alcançar, estava alcançando ... Ei, que ce ta fazendo aí fazendo nada? To alcançando ...
Num to alcançando o inexistente espreitante, não .... estou aqui, eu, simples ...
Claro que
Outras coisas
Me fazem ficar
Interessado em ser
Guiado por
Ovnis ....
Mas OVNIS também não existem.... nem são identificados .. e são voadores ... são um nada no meio do nada que é tudo, no meio desta imensidão de solidão amiga e de busca incessante parada ....
To assim ... parado ... e tô cum vontade de não mudar isso ...
Que delícia ... a calma tem dessas coisas, te deixa feliz, consigo. Não é? Se você não conhece esse sentimento, preocupe-se não ... espere, parado .... vai chegar a sua vez ...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Nada de greve ...

Natal, 7 de agosto de 2008.

Não, eu não estava de greve ... não estava de férias .... não estava de nada ... estava comigo. E com a minha inseparável solidão .. ela esteve aqui, me perturbando com seus gritos, com suas lamentações, com suas comiserações ... e eu ... aqui.
A Noiva tinha dado uma trégua, estava calma, não chorava. O Sol, então, dela se aproximava e deixava os dias mais quentes, mais gostosos de se viver ... parei de escrever, então, para curtir minha amiguíssima solidão e minha Noiva (é, posso dizer minha porque a escolhi, moro nela, né? Não precisa ficar, você natalense, com ciúmes, nesta Noiva, todos têm vez) agora, ela ta chorando .. eita ... volto para mim mesmo, então ...
Volto e fico a pensar o que será que está acontecendo aqui dentro. Sei não! Sei que não tô nada ... não tô triste, não tô alegre, não tô ... mas tô ... tô pensando em mim.... e nas coisas que quero para mim. Quero o Carteiro, só ele ... nada de ficar loucamente procurando outros braços para me sentir o Carteiro. Sou ele e não sei se quero dividi-lo agora com qualquer outro ser vivente ... talvez não queira ... e não tenho de querer, tenho? Não...
Visitei bocas ... gostei delas ... boas para se sentir acalentado (vê, acalentado é uma palavra assim, sem emoção .... Ei, como cê tá? Tô acalentado ... Valha!) e nada mais ... Encontrei até algumas que me fizeram pensar em ser mais do que um alento .... deu não ... eram do Ceará .... (Droga! Vê .. agora tem emoção ... porque quando a gente fala “droga!” ou “Merda!” ou “Puta que pariu!” tem emoção .. e a emoção é gradada assim, desse jeito, a primeira, pegando o tranco, a segunda mais intensa e a terceira, bem a terceira, “puta que pariu!” – rs) é isso ... eu tava pegando no tranco ...
To agora em marcha lenta .. primeira ou segunda, sabe? Ando, vejo a paisagem olho uma boca aqui, outra ali ... entro numa, sinto o clima ... viro de lado.... encontro outra .. nem entro ... outras me olham, sorriem .. ignoro .... e vou seguindo ... como se a vida fosse isso: visitar bocas ....
Depois vejo o que faço com o resto ... Ah ... tem o resto .. e o resto é ficar aqui e ali, ensinando isso para alguns aquilo para outros, aprendendo para ensinar ... ensinando para aprender ... Vida de ensinante é assim mesmo ... trampo, trampo, trampo ... em alguns momentos, grampo ... é ... tem grampo aqui e acolá ... grampo em forma de aluno, grampo em forma de chefe ....grampo ....
Mas é só esperar, pegar o grampo, por no cabelo e sair assim como Fita Verde no Cabelo ... descompromissadamente mas muito comprometido ...
Lembrei de uma musica que a Gal gravou .... ficou linda na voz dela (é, sei que ela fica gritando feito louca, ms esquece aqueles graves malditos que só ela tem e escuta) : Socorro eu num tô sentindo nada .... nem medo nem calor ... nem vontade de chorar, nem de rir .... Socorro alguma alma mesmo que penada me empreste suas penas ... Já não sinto amor, nem dor .. (eita dor de cotovelo ...)
Só que tô com dor de cotovelo não ... to simplesmente comigo .. querendo estar comigo e com as poucas amizades que fiz (ou me fizeram) nestes últimos meses ... tá legal assim ... tá bom assim ... tá interessante assim ....
Sabe aquele desespero de encontrar braços e ombros para me recostar? Então .. tem mais não ... e é tão bom ter desespero não que cê nem imagina ... fico agora feliz com o Carteiro, é, eu, o Carteiro ... e espero que os braços e ombros que vão surgindo no caminho, que as bocas que vão surgindo no caminho sejam bons, por si, para si .. e para mim como conseqüência ... inverti a ordem .. e to é feliz com isso ...
Mas to dando muita risada não ...tô na lida ... e num to de greve ... tô fazendo operação tartaruga ...
Ei ... e cê? Tá como???

sábado, 26 de julho de 2008

tudo passa

Natal, 25/07/2008.

Passa .. assim, comumente, frivolamente ... as coisas passam .. a idade passa, a vida passa ... e passa também a crença. É, a crença passa.
Quando somos crianças, acreditamos em Papai Noel, Cegonha, Felicidade, Eternidade ... bobagem, tudo bobagem ... Papai Noel ganha uns 500 reais para se fingir de velho, usar uma barba branca e iludir as crianças a iludirem seus pais que estão iludidos de que Papai Noel existe. A Cegonha .. essa é mais cruel .. já imaginou uma cegonha carregando um bebê? Coisa de doido .. Ela nem conseguiria bater as asas porque todo o seu corpo estaria ao solo com o peso da criança .... Eternidade? Essa acaba muito, muito cedo ... é eterno enquanto dure .. e dura uma eternidade de segundos ... nem chega às horas .... uma eternidade de segundos nem é um minuto porque um minuto é um minuto. Ponto. Portanto uma eternidade de segundos é 59 segundos ... depois disso vira uma eternidade de minutos ... que vira uma eternidade de horas ... Eternidade é uma palavra que só serve para se falar em demora. Assim: Puxa, você demorou uma eternidade! (E nunca isso é um elogio... quem quer eternidade? Bah!)
Ah .. mas podemos querer éter na idade ... é Éter ... para amortecer tudo o que a idade traz. É isso. Eternidade é amortecer as coisas que a idade traz. Fácil, né? (Nem tanto, eu diria)
Cheguei em casa e fiquei pensando ... por que será que a gente pensa que as coisas poderiam ser simples? Porque somos tolos. Nada é simples. Veja, se você está aprendendo a dirigir, tudo é uma complicação .. depois você aprende e pensa .. é tão simples.
Pensou bobagem. Se ponha na situação de que, à noite, dirigindo (você não pensou que era simples) vê um caminhão vindo na sua direção .. descontrolado .. vc na pista certa. Ele, na errada. Simples? Uma ova! Até você decidir que vai frear, que vai mudar de pista, que vai se safar de tudo aquilo que é eternamente evidente à sua frente: o caminhão, tá na eternidade.
Ganhou a eternidade. Ou seja ... esticou as canelas (e nem esticou, não deu tempo ... )
Agora, pense ... quando a gente se apaixona, se apaixona .. eternamente. A paixão é a coisa mais eterna que já inventaram. Você se corta, sofre, diz que ama, chora, ri, brinca, goza ... e pensa que tudo isso é eterno. Terno!
O que te leva a pensar em ternura .. é terno, ternura.. assim .. ternura eterna, eterna ternura .. ternura terna .. morna .. fria ... gelada .. congelante. Pronto. Acabou .. é só isso .. não tem mais jeito ... o gelo congela a ternura ... ternura congelada ..
E você? Nesse momento você tem de voltar para casa. Tenho um amigo, Richard, que disse que amar (ou estar apaixonado) é morar no outro .. e quando você volta para casa (você mesmo) ela está vazia ... (Claro que não vou me lembrar quem ele citou, foi algum doido que escreveu isso e que ele lembrou. Ele sabe .. quer saber quem falou, pergunte para ele, pro Ri. Para mim foi ele quem falou. Então é dele a frase. Pronto. Instituída a apropriação indébita .. não ligo .... para mim foi ele quem falou .. e se você sabe quem é que escreveu, não me diga ... não tom interessado).
E quando você volta para casa, a casa está vazia .... legal essa imagem.
Cheguei à casa. Estava vazia ... (bem, mais ou menos vazia ... a solidão estava me esperando, de braços abertos .. terna ... eterna ) e me senti terno ... calmo ... esperançoso ... Vi papai Noel ... ele estava dentro do computador ... Socorro, um papainoeltecnológico ... cruzes!
Daí veio uma cegonha que trouxe algo de bebê .. bebi ... e me senti eterno.
A vida não é eterna .. o sentimento não é eterno ... a paixão não é eterna .. o sorriso não é eterno .... Porra! Já disse que eternidade não existe.
Então vamos mudar de assunto.
To bem ... to com vontade de brincar, de dar risada, de me sentir terno ... não eterno, terno ... simplesmente bem comigo. Ei .. consegui ... To bem comigo ... To eu ...
Eu, e outros poemas .... poemas que leio na minha mente a todo momento ... poemas que tenho de consultar para me lembrar .. (esses ainda não estão eternamente na minha mente ...)
Peguei um livro que a donadospeitoscomleitedecoco me deu .. vou abrir ... que quem tem pintinhas pelo corpo me fez encontrar num dia ... queria dizer algo, não achei palavras, abri . pronto. Página 710 (vou checar .... é isso mesmo .. é):
Divino o que conheço.
De um lado é o que sou
De outro o quanto esqueço.
Por entre os dois eu vou.
Vê .. a gente esquece .. esquece de ser triste, esquece de ser chato, esquece de sofrer ... e vive .... assim estou agora, vivo .. eu vivo porque quero viver e vou viver mais e mais ...
Mas não vou esquecer que posso ser feliz ... não eternamente, mas feliz, mesmo que tenha que ser com éter na mente ... não importa ...
O que importa é que você está aí, me lendo.. sendo eterno comigo .. sendo terno comigo ...
E neste minuto, somos, ambos, unidos pela eternidade das palavras, que nem são ternas .... nem eternas ... mas duram ...
(outra hora falo dessa história de durar ....)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Somente a solidão será sua companheira inseparável

Natal, 16/07/2008.

Errou, o Augusto. Nada de ingratidão: Solidão.
Fui ver Janaína ... tava calma, ela ... Sentei. Olhei para ela .. tava brincado, a Jana. Fazia um monte de espuma se sabão salgado e jogava na areia ... arteira ... beijava a areia com a sua espuma se sabão salgado. Lindo. Calmo. Assim, simples como tem de ser.
Não tinha ninguém comigo. Não precisava. Estava eu comigo. Eu e a solidão. Brincamos. Eu e ela, a solidão, sorrimos de ver Janaina brincar ... brincamos com ela também... calada ... só brincando com a areia ... e a areia recebendo a espuma .. chupando a espuma (É, a areia chupa a espuma. Ela sabe que Iemanjá ta brincando e gosta disso ... toda tarde, deixa Odoiá brincar mais e mais perto da calçada ... inteligente, a areia ... sente que, ao deixar Janaina ficar brincando em seu território, ta deixando os companheiros da solidão brincarem também .... filantrópico, isso ...)
Peguei um livro. Nem li .. quem é que quer ler se tem Odoiá pra prosear? Só os loucos ... só os solitários que não entendem que a solidão é sua companheira inseparável .... eu não. Entendi. Solidão companheira.
Você deve estar pensando que enlouqueci. Louqueci não! Entendi. Simples.
É bom poder pegar seu carro, sair, olhar, admirar, mirar .. flertar com o vento, os o calção vermelho ... com o calção branco .. com a bundinha de aspirina que fala “oi” sem compromisso ... flertar com a vida. Flertar contigo mesmo. Assim, simples.
Vê, tudo é simples.
O sol já estava indo embora .. quem precisava dele? Ele está de mau humor nesses dias .... férias. Não quer que o povo saiba que ele queima ... queima de inveja da gente que pode ficar assim, fazendo nada .. olhando o mar brincar .. olhando a areia brincar .. e brincar também .. com o mar, com a areia, com a espuma de sabão salgada .... com a brisa ...
Ei ... já tinha dito que viria morar aqui, porque aqui tem brisa. Ponto. Vim. Morei... moro .. morarei ... inveja? Cria coragem .... manda tudo às favas e pega sua mochila de dez real que ce comprô na vinte e cinco e vem embora ....
Lembra? O que você demora, é o que o tempo leva .... cuidado!
Ah .. de volta pra areia ... boa, ela, a areia ... fazia massagem nos meus pés .... brincava com eles ... e a solidão sorrindo e me fazendo feliz .. rir da vida, rir com a vida, rir na vida .. v i d a ...
É assim ... ser feliz na solidão é algo que conforta muito. Quem quer saber de alguém que não quer saber? Quer saber? Ninguém.
Quem quer viver, tem de aprender que a vida é simples, assim, simples. Solidão. Pronto. Ponto. E não estar solidão é estar solidão ... Conhece solidão compartilhada? Conheço! Ruim ...
Solidão compartilhada é pior do que a solidão, porque quando a solidão é compartilhada a sua solidão não é só sua .. é de dois, de três, de mil .. credo! Dividir a companheira solidão é muito ruim. Quero não.
Quero é solidar ... eu e a solidão brincando de ver a Janaina brincar de nos fazer companhia ...
E lembrar do tempo em que a vida era solidão compartilhada .. só pra dá risada dela ... da vida com solidão compartilhada ...
Ei, Augusto, ta vendo? Tem ingratidão não ... e antes que escarrem na sua boca .... pega a sua solidão ... e vai ser selvagem ... vai ver o mar ... vai nadar pelado .... vai brincar de ser feliz ...
E ser feliz ....
Assim ... simples, na companhia da solidão ... que te acompanha para onde quer que você vá ... porque é sua companheira.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Tevejohoje?Claro!

Natal, 14/07/2008.
O claro foi efusivo. CLARO. Gostei ... bom ouvir pela tela umas letras que dizem mais do que as palavras sonoras .. é .. tem letra que diz mais do que o som saído da boca .. claro que não saem com aquele calorzinho do ar da boca .. saem com outro calor .... um calor virtual (chata essa palavra, parece que não é real .. mas o que é real mesmo?) ... e para sentir o carlorzinho que sai da boca de quem fala um claro tão claro, é claro que tem de estar bem perto, c-l-a-r-o!!!
- To xato ..
- Ta não, ta com angústia ...
(ANGÚSTIA: Sabe, essa palavra é muito complicada de se explicar. Angústia .. é estranha .. o Luiz da Silva, - do Graciliano ... conhece não, devia! – sabe muito bem o que é isso ... neuras, cobras no quarto, o quintal, a rede, a solidão ... a solidão da alma .... é essa é a pior ... solidão da alma ... quero não!)
... novela .. beijinhos .. abraço .. calor da boca ... Gelatina.
- Qué de quê?
- De não sei que sabor é não ... (arrisca ... gosto de gente que arrisca ... )
(ARRISCAR: palavra interessante também. As pessoas arriscam .. tudo é arriscado .. mas a-riscado parece que é uma coisa que não vai ser estragada .. tenho um carro a-riscado, legal, né? Porque se está riscado, é assim, sem o a, fica feio.. então arriscar é coisa boa ... arrisca, vai?)
- To com estranheza ...
- Não, ta com estranheza não .. ta só com um jeito de que você não é você por completo agora ... normal .. ninguém tem de ser voceporcompletootempotodo ... tem? Não ... então, pronto!
(PRONTO: é legal perceber para que as pessoas usam pronto por aqui .. tudo é, entãopronto, .. e estar pronto é, também, uma coisa legal .. já pensou .. estou pronto pra viver ... estou pronto para morrer .. credo, será que alguém está pronto para morrer .. ninguém está pronto para morrer .... morrer é nãopronto .. ei, qué morrer? Quero não ... estou nãopronto para morrer .... porque estou pronto para viver. Pronto! Ponto.)
papo .. prosa .. diálogo ... monólogo .. diálogo ... música .. lálálálálá ...
- Ta cum sono? Quer dormir?
- Não ....
- Quer deitar no peito com neve?
- Quero ....
papo ... papo .. papo ... beijo (ei ... num to vendo as pintinhas ... ta escuro .. ei.... acabou o papo .. tem coisa mais legal para fazer .. beijo, beijo .. beijo .. chêro .. ei achei uma pintinha com a língua ...)
(LINGUA: essa é mais complicada : lingua, você fala essa língua? Não. Não estamos falando a mesma língua (metafórico, mas igual) e a língua .. a língua que acha pintinhas no escuro .. que sensação .. na língua .. é ... a sensação na língua deve ser mais legal do que a sensação na pintinha .. mas também tem sensação na pintinha ... tem, né? Comoéqueé?)
- Vamos brincar de ficar ligados pelo elo do ronco ... é o ronco é o elo ... lembra?
... sono ... sono .. ronco ... ronco .. sono .. sono ... (10 horas, 11 horas, 12 horas, 13 horas: Acorda. Traz uma corda, a corda!) .... biscoito.
- É doce sem ser doce ... (definição mais legal ... como é que alguma coisa é doce sem ser doce? Sei não .. cada definição mais definitiva e sem explicação na língua ... é, na língua, na primeira, na segunda, fácil. Para a línguaqueachapintinhasnoescuro é fácil. Tudo claro ... para a outra – essa que você ta lendo - nada faz sentido, burra ... )
- Te levo ...
de volta ... papéis, papéis .. papéis ... (ei, que vontade de por fogo nesses papéis que não me deixam bundar .. é, ospapeisnãodeixammebundar .. são cruéis, os papéis ... e o sol brilha .. a noiva nem tá triste nesses dias .. credo .. os papéis são como uma cadeia .. é .. chave de cadeia ... é assim que são os papéis ... lá fora, o sol, aqui, os papéis ... cruéis ... infiéis ... ilegais ... reais)
Ei .. para de divagar, para de devagar, corre! Os papéis estão fechando a porta ...
Ta bom .. vou roubar os papéis-chave-de-cadeia .. vão ser dominados ....
(Ta dominado, ta tudo dominado – A Tati, acho, se não for ela, é outra louca .. tudo dominado, bah!)
... e o pulso, ainda pulsa ....
Ah! Não to a fim de falar o que é legal ... legal é tão complicado .. e, das veiz, o legal é ser ilegal, ou é ilegal ser legal, sei não ... ce se vira com essa .... e com os papéis .... os seus papéis ... sabe, né?
Sabe não? Arrisque! Esqueça a angústia! E saiba, claro, que não to falando do papel que você usa para escrever a língua. Falei.. Pronto!.