quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Entres, queridos.

Natal, 01/09/2010.

De tudo um pouco e um pouco de tudo ronda a existência daqueles que sonham em ser o que não podem ser e de ter o que têm outros tantos e a eles, os que querem não é permitido.
Tudo, porém, é permitido àqueles que sempre souberam que queriam ser apenas aquilo que são ... e vão sendo pela vida em existência vil que sublima quaisquer outros desejos de desesperanças que desesperam pela vida que enfrentam ... há vida, porém.
Espera-se que todos os outros que cercam esses queredores saibam que eles vão querendo apenas o que podem ... e vão tendo tudo o que querem por saber querer. Não querem demais, apenas querem mais e mais ... e vão nesses mais sendo felizes com os poucos quereres conseguidos por intermédio de momentos de dores e odores que refletem as cores do sofrimento inexistente, mas latente ...
Assim é a vida dos que sabem o que querem e querem apenas o que sabem ... não de iludem com as possibilidades de novos quereres e vão apenas sobrevivendo na selva de desejos desejáveis e desejados em desterros de desafeto que afetam os poucos quereres queridos e, também, despertam o desejo de querer um pouco mais, de sobreviver um pouco mais, de subsistir um pouco mais na selva de ofertas dadas e doadas a preços exorbitantes no coração que bate no mundo, imundo ...
Mesmo assim, vida vivida e se torna lívida na entrevida dos momentos felizes que se passam com ventos que sopram na cara excrementos do sal do mar ... e cegam as vistas grossas que são obrigados a ver ... e veem...
Veem que tudo pode ser como é, simplesmente.
Veem que tudo pode ter como têm, simplesmente.
Veem que tudo não pode mudar como muda, sobejamente.
E existem ...
Existem em momentos de muitas alegrias ao lados de sorrisos inocentes e descontentes com a certeza de que os queredores apenas querem o que lhes é oferecido pelo mundo ... e não estão dispostos a pagar os impostos impostos pelos outros todos que não sabem querer e querem muito mais do que podem ou devem querer. Esses desquerem. Desquerem porque buscam perfeições nos outros queredores envelhecidos pelos percalços que calçaram durante a vida que tiveram viris e tornaram-se vis ... assim, simplesmente.
Assim, de tudo o que se pode ter, tem-se tudo o que se pode querer ... e saber querer é saber existir nessa vida em que todos querem, e poucos podem, realmente, regozijar-se com o tudo que têm quisto.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Folhas mortas no jardim do éden

Natal, 08/06/2010.
Aos poucos, as folhas que reluzem vida nos galhos das árvores e fazem sombra para a esperança se desesperam e se desesperam ... enternecem-se da luz que vai se esvaindo e apontam para o cansaço que ronda as rondas das noites ... e com elas o cansaço apronta afronta as esperanças desesperadas dos desesperados que esperam a vida não passar .... mas que passa de qualquer maneira... em passos largos que causam descompasso pelo caminho de pedras que a vida construiu á frente daqueles que se dizem esperançosos.
Assim é que, vividas de vida, se desvidam e duvidam da possibilidade de prosseguir galhos verdes colados e se descolam para beijar o chão, ainda verdes, cheias de esperança de que uma gota de orvalho as sustentem de oxigênio e hidrogênio em quantidade suficiente para não se tornarem deficientes ... ou delinquentes ou dementes ...
No chão, esperança terra, as esperanças se desesperam com a osmose que inexiste na terra que as sustentou e, agora, as suplanta ... e vão, aos poucos recebendo o sol que era luz e agora se torna chama que queima ... que arranca delas as mínimas energias que ainda contém ou detém e, por isso, sentem-se descontínuas: lascivas folhas esperançosas sem esperança de sobreviver a inexistência da água para lhe molhar as têmporas e fazer com que os temperos da vida se tornem menos amargos na subsistência vil, ao chão ... mas subsistem ou subexistem na desesperança de esperar que o desespero se desacelere e possa, aos poucos, esperar ...
Que passe:
A dor,
O rancor,
O calor,
O amor ...
E ele, o amor, continua a subsistir entre as folhas agora mortas que recobrem o solo fértil e se solidificam húmus necessário para a continuidade daquilo que foram outrora e, por magia da natureza, retornarão a ser (ou a não ser), mas serão de qualquer maneira ...
Mortas folhas no jardim do éden esperam que o tempo, que sabe passar, passe e leve a dor que seus pequenos corpos enrugados e amarronzados pela falta de água se tornem novamente folhas .... mas a dor de ter passado pela queda e ter beijado o solo que lhe negou osmose de vida existirá para a vida toda, ou para toda a vida, mas, mesmo assim, vivida.
... em doses homeopáticas.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Queria ser ...

Natal, 30/04/2010.
Queria ser livre para amar e poder não amar por ser livre. Queria ter podido experimentar o vazio e nele me deleitar ... queria ser triste e que regozijar da tristeza, na tristeza ... queria ter podido não estar onde estou e fazer o que faço ...
Queria .. queria ... queria ...
Mas deixei de querer o que, na verdade, nem cheguei a querer, pois sempre quis o que estou, onde estou, e passei a ser um querer em mim mesmo, um ser em mim mesmo ... um eu cheio de tantos outros eus que não me desencontro de mim porque estou repleto de muitos mins que me formam e transformam e deformam e reformam ... estou e sou.
Sou o que sempre quis ser e esta constatação me leva a crer na necessidade de se ser o que se quer ser sem que seres outros sejam sérios o suficiente para serem seres como eu que apenas sou ... e vou sendo o que sempre sou ... eu, repleto.
Sou aquele que é pela vida e sabe que tudo não sobrou nem foi pouco, tudo foi a exata medida da necessidade do momento de existir em que me encontrava, em que me desencontrava, em que me reconfrontava com todos os outros não-eus que não quis ... sou Ney certo e errado que divide, o que não tem duas caras e na verdade existe ... sou neys pelos mundos imundos, ou imundo no mundo mudo .. e vou mudando as molduras de gritos silenciosos que insistem em parametizar minhas existências vis e viris na cidade que é sol, e que nunca é só.
Aqui, pensando em tudo o que todos querem que eu seja, sou o que todos não querem deixar de ser, sou apenas um ser que é ...
Nãose questiona, amigo, o ser que é, pois ele apenas é a penas e apenas. É isso.
Simples como ser é estar sendo e se saber ser como ser ... como ser que sempre sente o desejo de continuar a sendo sentido ... e fica ressentido se não sente o sentido de tudo e de todos que se sentem ... de todos os que se sentam e esperam a vida passar a passos largos largados na estrada serena da vida sentida, sem sentido.
Não, assim não sou.
E vou não sendo, então, vou retesando os não-ser que me envolvem com suas serenidades e sorrio de suas amarguras e me amarguro de seus sorrisos falsos e seus olhares de soslaio para uma vida que passa ... para uma vida que embaça ... para uma vida que, neles, somente se esboça viver de vivacidade .. porque não têm sagacidade de perceber a necessidade de se adequar à idade e sentir na cidade a capacidade de se ter felicidade.
Assim, então, sou e vou sendo até que a vida me prove que deixei de ser.
Neste momento, morri. Morri para re-ser, porque não estou preparado para deixar de ser aquilo UE sempre sonhei ser: eu.
E, aqui, amigo, estamos eu e você sendo um parte do outro neste momento em que somos apenas interlocutores de nossas entranhas. Eu entranhado nas minhas, você estranhado nas suas ... mas ambos sendo ...
Esperei tempos para perceber que me entranhava de mim e me estranhava em mim ao ser o que queria poder ser ... agora, contento-me com isso. Agora entranho-me nisso .. agora, bem, agora, não tenho mais tempo de deixar de ser.
De deixar de ter
De drenar o ser para o interior de si mesmo e retesar os gritos silenciosos de meus sorrisos que largamente dou no mundo ... dou para o mundo.
Para o mundo de seres sorrio, não olho de soslaio, não tergiverso. Não.
Faço pequenos versos de mim para conjecturar contigo as necessidade de ambos, eu e você, sermos o que somos, sem nos questionar, sem nos represar em esperanças vis, em desapegos em desassossegos.
Viemos, embora não saibamos ao certo o porquê, todos os momentos de nós ... e não estamos sós, porque temos eus outros ao nosso redor. Assim, vamos, caminhemos, andemos, corramos, soframos ... e sopremos todos os males para o longe ... e deixemos as dores de lado, para abraçarmos as cores da vida ... transparente.

sábado, 10 de abril de 2010

Edificar ou é de ficar?

Natal, 10/04/10.
Não sei ao certo se questiono, tenciono ou tensiono, mas sei que tenho sono. E sonho em poder saber se com tudo que edifico, fico, ou se só fico porque edifico. O certo é que fico a edificar com todas as coisas que nunca fico porque sou fadado a edificar.
Há tempos estou a ficar e pensar no que dizer a mim mesmo sobre as coisas que tento pensar, repensar e retesar neste eu-coração que bate no mundo e espera a desesperança brotar e trazer de volta aquilo que se acostumou a conviver, a combater, a convalescer: a solidão.
Não me permito mais solidão, mas me solidifico em saber que a solidão não abandona os seres que com ela estiveram em conjunção ... ela espera, à espreita, pelo momento do retorno e se torna presente, mesmo que ausente ...
Não há mais conjunção sem solidão quando se experimenta a lenta dor, alenta cor, de se sentir à procura, à espera, à espreita ... e isso se torna uma forma de se edificar e consolidar em si a necessidade de não se sentir mais apenas em conjunção com a solidão, mas em conjugação com a solidão e com a imensidão de ilusão que a companhia fresca refresca na mente dormente de gente que simplesmente genta ...
E gentar é uma forma de edificar e de ficar com tudo que é de ficar ... é de fisgar ... é de figurar na vida de uma existência vil e viril, antes que tudo se torne anil ... e a gente que genta, barril.
Estou, então ... e vou estando até que estar se torne um edifício difícil de se reconstruir ou se reconstituir, porque a vida nos mostra que tudo é fácil de destruir ... e reconstruir, como dito, se torna algo impraticável para algumas gentes que sempre gentaram sem questionar muita gente ... especialmente gente inteligente e exigente, porque a vida torna a gente intransigente.
De fato, estou é difícil.
Difícil de me desencontrar de mim mesmo,
Difícil de me encontrar em si mesmo,
Difícil de te encontrar em mim mesmo ...
Difícil de não admitir que estou em ti,
Difícil de desistir de ti,
Difícil de desistir de mim mesmo ...
Mesmo que com isso tenha de resistir ...
Sem muito exigir.
... e vou edificando.
Edificando desejos que sempre estiveram por aqui. Edificando anseios que sempre estiveram a espreita de mim e à espera de ti.
É ... de ficando em ficando, acabei por aportar em ti para estar à espera, mar aberto, de seus navios de sorrisos infantis e brincadeiras descompromissadas, inconscientes, que tornam minha inconsciência ciência ...
... ciência que explica para o nada que tudo o que vale a pena se mostra vil no começo ... viril no começo ... e começa a formar na mente da gente a esperança de que, se ficar, poderemos edificar.
Então, me permito é ficar edificando em mim as esperanças que tive de poder ser selvagem ... e sair Pessoa de todas casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas ... e ir ser selvagem, entre braços brandos ... palavras invisíveis que vão batendo no mundo, olhos vis e viris que vão fotografando o silêncio e dedos atrevidos que buscam nas entranhas de ti, o tato, o contato consigo mesmo ...
e encontra ...
... e nem é difícil.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Foto Grafar.

Natal, 19/01/2010.
Talvez não desesperar seja não esperar, ou esperar nada ... e continuar nadando no nada ... e fotografando perfumes que não exalam, mas se exalam, evaporando as esperanças ... talvez a vida seja pouco ou demais para mim, como diria algum Pessoa ... e, ainda, talvez o medo de vivê-la faça-me não conseguir viver ... pelo menos não como e quando se desespera.
Voltei a ficar em mim ... e a receber de mim os prazeres que os outros não-eus não podem dar, ou podem e eu não consiga receber por não saber receber ...
é isso ...
preciso fotografar o aprender e apreender suas significações sem me prender ... e me deixar render às comiserações de outros não-eus penalizados pelo meu desespero de desesperar nas horas certas e esperar nas horas erradas ...
e nesse precisar, não sou preciso o suficiente para me concentrar no nós e deixar que todos os nós se desatem e se tornem laços de ternura e de amargura, mas laços, de qualquer maneira. Laços que enlaçam vida e desenlaçam traumas vividos outrora e revividos em outras horas ...
oras! Por quê?
Por que ficar a se desesperar diante do evidente querer sem muitas cobranças, sem muitas desesperanças, sem muitas discrepâncias, exceto aquelas da idade? Por quê?
Porque a vida sempre trouxe tantos sentimentos estranhos nas entranhas que me venho entranhado desses sentimentos que não quero sentir ... me venho desatinado, desprovido daquilo que sempre pude oferecer a quem não podia merecer ... e a quem merece me sinto desmerecido de merecer ... e sou fadado a perecer na vida sem outras vidas que sopram palavras invisíveis nos ouvidos mocos que assistem ao falecer de tudo ... ao carecer de tudo ...
... e tudo sobra ou é pouco ... e eu sofro ... sofro no desejo imenso de nordestinar e dizer que sô frô que desabrocha para a vida ... desabrocha para a alegria de poder dizer que vivo a vida como sempre quis e não estou só. Só estou ... e estando vou me deleitando nos prazeres possíveis de sentir ... na alegria que invade as portas e janelas abertas deste eu-coração-que-bate-no-mundo ... e regozija .... e exala perfume às narinas que se aproximam ... e enternece os olhos que admiram a beleza de uma vida latente ... e eternece. Sim ... eternece o momento ... perpetua o momento ... e fica a admirar ... e mirar as sensações indizíveis ... e não mais fotografar, mas a foto – a do aprender – grafar nas minhas entranhas para que, jamais, nenhum tempo ou quaisquer outros elementos naturais ou artificiais sejam capazes de amarelar ... porque terei tatuado em mim o perfume de existir ... e deixar de resistir à vida, para voltar a residir na vida ... desta vez, sem travesseiros verdes vazios ao lado ... mas com verdes esperanças que podem amadurecer ...
... ou apodrecer ... quem sabe?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Estou fotografando o perfume.

Natal, 15/01/2010.
De tantos medos que habitam as profundezas do eu, encontrei uma forma de medar sem ficar me sentindo desesperado e de poder conviver com o desespero de desesperar o que sempre esperei ... é como se a vida que se esperava chegasse e pedisse para entrar ... e eu deixasse. Deixei, então.
Deixei de estar a desesperar com muito desespero, e passei a esperar que tudo o que pudesse ser vivido o fosse sem cobranças de mim mesmo e sem que a solidão ficasse à espreita, exalando seu perfume acalentador e levando-me a sentir felicidade com ela. Sei que sua presença é inerente à existência, à resistência, mas também sei que ela pode se afastar por algum tempo e deixar que outros sentimentos permitam sentir o perfume do tempo, deixando que as narinas sejam invadidas pelas palavras invisíveis de bocas sorridentes e alegres de poder ter ouvidos mocos a espreitar a esperança de se ter, de se deter e de se reter no perfume da maresia que embala as ondas que beijam a areia da praia em movimentos leves de lábios oceânicos ... de vida oceânica ... e de verbos transitivos diretos que espreitam as conjunções carnais de pessoas que vivem ...
Deixei de pedir socorro e agora só corro à procura de mais e mais alegrias arrancadas dos lóbulos das orelhas molhadas de saliva de bocas quentes que umedecem a alma de seres opostos, postos lado a lado pelo destino que desatina ...
Estou parado ... disparado.
Parado para poder sentir seu cheiro entre lençóis que recobrem o corpo moreno ... entre travesseiros jogados ao chão para dar lugar ao prazer do toque das peles que sonham estar sempre juntas em momentos de movimentos de prazer e de sombras de árvores plantadas na alma das gentes que gentam .... que sentem a necessidade de estar, apenas. Assim, vou ... sem medos de futuros que jamais chegam, simplesmente a espreitar o agora, a sentir o agora e poder retesar seus presentes com presentes de gotas de suor que alimentam o cheiro do perfume salgado do suor arrancado dos corpos que se juntam em alegres contorções na busca do prazer ... do fazer ... do lazer ... do querer e querer e querer ... Assim, vamos.
Mas não vamos embora um do outro porque somos outros em nós ... sem nós ... porque estamos, ambos, a esperar que o desespero dos opostos se postem do lado de fora dos nossos nós. Não vamos embora, embora estejamos ainda a perscrutar nossos corações que batem no mundo sem termos certeza do que se passa em cada uma das artérias que bombeiam vida em nós, que bombeiam nós em vida e nos dão vida dividida ... vida partilhada ... e, neste desespero em que nos vemos, tememos voltarmos a termos vida parte ilhada.
E que seja, então.
Que seja a gora o momento de fotografar o perfume que exala de nossos corpos reticentes um no outro ... que seja agora o momento de sentir a vida brotar dos poros umedecidos pelo suor que brota das peles ao sol ...
Será, então,
Agora o momento de se
Nadar no
Tesão e
Imergir no
Âmago do perfume do
Gosto gostoso de se poder
Ostentar o amar transitivo?
... talvez ... talvez ... e, desta vez, nada de nadar no nada, nem no nada que é tudo, porque tudo o que se quer, se quer sem que nada impeça. E quem quer, não é nunca impedido de querer, pois querer é inerente ao existir dessas pessoas que sempre querem querer ... que sempre querem poder ... e podem querer o que quiserem.
Somos, nós todos eu-corações que batem no mundo, degustadores de quereres ... e queremos tanto que temos tempo de fotografar o perfume das gotas de suor que surgem de nossos corpos enlaçados ... e, quando houver o desenlace, teremos registrado nossos momentos em nossas almas ... em nossas calmas ... e poderemos dizer que tivemos o que quisemos ... só para poder constatar que ainda estamos vivos ... e vamos, ainda assim, ladrar ao mundo de ouvidos mocos a alegria de termos estado verbos transitivos diretos, cujos objetos comjugam sem preposições ou imposições, os tempos da vida que se vive e exala o perfume da vida.
Click.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Na profundeza do mundo.

Natal, 12/01/2010.
Não te contei, mas fugi, antes, bem antes de me fortalecezer, para me fortalecer em um eu incognoscível até para mim mesmo. Presságio. Sempre presságio de esperanças que morrerão pelas minhas próprias mãos e pela inanição de meu ser diante da esperança de ser não apenas um eu, mas um nós que se pode ter e conter e deter e reter nas entranhas deste ser só a vida de alegrias com travesseiros cheios de gente ao lado que sorriem ao acordar e levar um beijo nas costas largas que carregam e suportam um mundo de esperanças e desesperos ao som de palavras invisíveis e toques cheirosos de amor sem dor.
É como se fosse uma fuga da felicidade, uma fuga movida pelo combustível do medo da alegria que se sonha a vida inteira e quando chega torna-se tão inteira que dá medo, dá desespero, dá vontade de fugir para todos os outros lugares que tenham travesseiros vazios flutuando no verde do oceano que traz em maresia a alegria de uma solidão a que se está habituado. Solidão sem botos ou brotos, sem árvores que protejam do sol ou sovacos que se possam beijar até que as axilas tornem-se pequenos copos de prazer babado ...
É como se fosse um medo da conjunção, um medo da união, um medo da multidão de sorrisos que invadem a cara dos apaixonados e se enternecem com uma visão de andar estranho e cara sem expressão, que denotam a alegria de estar-se só apenas naquele momento de andar, apenas até chegar até o carro, abrir a porta e entrar no coração que bate no mundo.
É como se a vida pedisse solidão. Mas não a quero mais, quero a conjunção de amores possíveis e de alegrias ao entardecer e ao amanhecer e ao anoitecer e ao enternecer ... e ser eterno amor em verbos transitivos, em verbos transitivos diretos, cujo objeto se une sem quaisquer preposições sem quaisquer imposições, sem ... sem ... sem ... mas com, com muito com ... com de comjunção de comjugações de verbos alegres ... de sorrisos que se enlaçam aos lábios para não permitir jamais vê-los fechados, cerrados ... comjugações de algo que se assemelha à alegria apenas porque há coisas que não há palavras em idioma nenhum para descrever ... apenas se sente e se deleita na alegria de saber que inexiste léxico para descrever sentimentos.
Uma fuga cruel ... fuga de mim e de ti. Ou de ti que vai fugir de mim porque não pode ou não sabe esperar .... e me desespera ... e posso estar fadado a ver o mundo sem fadas, apenas fardas a receber ordens sociais que desordenam a minha consciência vil ... viril.
Não fugirei ... e veremos no que vai se transformar esse desespero de medo de perder o que não se tem ... mas se tem e espera perder por saber que ninguém tem tempo para esperar ... eu mesmonão tinha ... e não posso culpar a pressa que sempre tive em outros não-eu-coração. Mas posso desesperar ... e assim estou agora, a desesperar o que sempre esperei.
Espero poder fugir dessa profundeza de mundo para alcançar a profundeza de você. A sua profundeza que vai se unir a minha para sermos um nós profundo, sem nós, apenas nós mesmos, conosco.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

É ... difício.

Natal, 08/01/2010.
E fui ... e me fortalezeci das minhas inseguranças que reviveram livres e revolveram memórias tristes de momentos que poderiam ser ainda mais felizes se não houvessem os medos a não permitir que as coisas ficassem mais firmes, mais sólidas e se solidificassem nos prazeres das emoções que entornam as lágrimas guardadas no peito ... sem chorá-las ... mas a corá-las com as luzes da alegria que as perolizam dentro do peito que arfa ... e vive.
E vivi ... vivi em ti as alegrias e os orgasmos da alma que retornam sempre que pessoas especiais se tornam reais na existência dessa pele que exala emoção, dos beijos que sussurram palavras invisíveis nos ouvidos mocos das minhas entranhas ... estranhas ... mas minhas e sempre solitárias e solidárias a minha solidão que cavo com minha incapacidade de me mostrar por inteiro porque busco alguém que me encontre, escondido. E encontro, e me escondo na esperança de poder ser encontrado sem desencontros ou desencantos que
Rasgam os
Outros
Muitos sentimentos
Indizíveis, indeléveis e
Leves que
Sempre serão
Ostrentados
Neste ser ostra.
... que serão estranhados neste ser .. que serão estravazados neste ser ... que restarão estagnados neste ser de lembranças alegres de momentos felizes que sopram vida na existência natalina de lembranças fortalezecidas ... e tidas contidas contigo.
E voltei ... voltei para lembrar de ti, para olhar o mar e ouvir sua voz ao telefone sem que as esperanças renascessem, porque não morreram ... sem que as desesperanças vivessem, porque não desespero ... espero.
Na vida, coisas são vividas e não vividas por conta do destino. Destino que não tem tino, ou tem demais e desatina a mim que espero tê-lo – o tino - e não posso ... ou o tenho por demais que me defendo de mim ao não me mostrar para ti – e para os outros poucos tis especiais que surgem pelo caminho - e me obriga a penas falar e arfar para suplantar a emoção de poder estar ao seu lado e cheirar sua alma pelos poros dos lóbulos de sua orelha que beijo, enquanto no horizonte meus olhos enxergam, por entre as pálpebras bêbadas de prazer, os pelos de sua nuca convidando minha boca ...
Embriagado de você, me reservo no medo de mim ... para não traduzir em gestos animais de gozos felizes e carnais as alegrias que a alma de um eu-coração-que-bate-no-mundo-mudo sente ao poder tocar, vivo, um ideal de alma que toca o coração e traz à vida uma esperança de um amar intransitivo, que transita pelas minhas veias e fomenta a alma com as alegrias de saber que você existe ... e não insiste, mas também não desiste ... a penas resiste aqui, a penas reside aqui ... onde constrói um edifício difícil ... e sente a alegria de saber que a vida tem dessas coisas ... que as coisas têm dessa vida.
E vive ... e revive ... e sobrevive a tudo e a todos ... sem sequer se arrepender de viver ... simplesmente porque só quer aprender a viver ... como sempre.
... é ... sei que não foi coincidência encontrar-me contigo ... não foi coincidência reencontrar-me comigo ... precisava, de verdade, de sentir a minha vida por um fio ... sentir que posso viver e reviver as emoções que só minha alma sabe explicar ... precisava poder entrar por minutos num coração com as portas arreganhadas, com as chaves por dentro ... para que a liberdade fosse gritada no silêncio das artérias que bombeavam vida a cada segundo que lá dentro estive ... a cada segundo que minhas narinas viam sua pele e minhas mãos cheiravam seu calor ... e minha alma sobrevoava nossos corpos entrelaçados no mar de meus sentimentos ... sentimentos que palavras não traduzem ... sentimentos que sente-se, apenas.
Assim, embevecido de tudo o que pude proporcionar a mim por seu intermédio, vou neste é-difício em que vivo, cujas janelas e portas são sempre mantidas abertas, para apreciar a brisa do mar que sopra alegria nesta alma que almeja apenas vida ... e pode agradecer de tê-la tido mais intensa sob o calor de seus sorrisos arrancados pela minha língua ao nadar em seu corpo.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Não quero mais falar ... mas falo assim mesmo

Natal, 24/12/2009.
Tempos depois, amanhã estou de volta para o lugar que me fez encontrar meu lugar, minha fortaleza, que me conforta e me faz me sentir feliz ... completo e incerto, e sempre perto ... de mim mesmo.
Não tem jeito de não me lembrar da primeira viagem para cá, da primeira vinda de idas e vindas que me fizeram ser o nordeste que sou hoje, mais norte, mais próximo do que sempre quis, mais eu mesmo e muito menos sul, muito menos sudeste ... olho agora, de esgueio, para o norte ... e sou nordeste ... e percebo muito mais do que podia perceber quando eu estava lá ... quando você estava lá ...
Tudo o que passa na vida da gente é sempre muito passado ... fica para traz e nada pode trazer aquilo que a vida leva, sem explicar, sem dizer nada, sem se comprometer com absolutamente nada, sem deixar que ombros amigos permaneçam contigo para o resto da vida .. da sua vida, porque todas as vidas têm um fim e a dos amigos pode ser finda antes da sua ... que pena.
Relembro,
Insistente e
Carente, dos
Hojes, que agora são ontens e não
Amanhãs, são apenas
Resquícios de dias de alegrias, que trazem
Desejos de abraços fortes.
... e de penas em penas a gente vai construindo nossas asas que levam-nos para todos os lugares ícaros que queremos, ícaros que fazemos ... e não nos deixamos nos desfazer em cera derretida ao sol, porque o sol, na vida que escolhemos a dedo, está apenas para dourar a pele branca que o sudeste massacrou ... e esquentar o cérebro que o sudeste lapidou ... e trazer a alegria de lembrar dos amigos que o tempo levou ... mas que a memória deixou ficar ... deixou amar ... deixou não desesperar, nem esperar ... só se conformar ... e lembrar ...
Mas entendemos tudo ...
Agora e sempre,
Relembrarei dos
Carinhos e
Esperanças de dor que,
Lógico!
Lembro que você
Ostentava.
... mas por que ficar a misturar o que vem amanhã, o reencontro com o marco de minha mudança, com as lembranças de você, menino? Porque você também foi marco ... marco de enfrentar a mim mesmo como poderia e deveria. Marco de poder dizer ao mundo que sou o que sou porque quero ser (mesmo que nem eu mesmo saiba se isso é a inteira verdade – mas não existe verdades inteiras mesmo, como você me ensinou ... então: foda-se!). Marco de uma amizade maior do que a consanquinidade, marco de uma força que se esvaiu desse mundo fraco demais para você ... marco de uma alegria mestre, doutora, livre docente ... mestre e marco ... marco e, agora, vai você livre docente ser docente em outros campos ... e eu vou ficar por aqui ... vou lembrar de ti.
E não vou ter pena, não vou desesperar, não vou chorar ... ensinamo-nos isso ... compreendemos isso tudo como um tudo que é nada demais ... e que é, sempre, demais para nós ...
Já sei o que une esses dois pensamentos além do que já disse: a viagem. Viagem que fizeste para sempre ... viagem que faço para o sempre .... a única diferença é que eu, aqui, ainda estarei um pouco mais sempre ... e você sempre estará aqui ... no meu eu-coração que bate no mundo .. no meu eu-coração que bate imundo ... no meu eu-coração que não bate ... sussurra lembranças amigas e amáveis ... e escuta palavras duras que você dizia quando ele ainda era um eu-coração-bebê, que esperava que as coisas pudessem ser eternas enquanto duras ... e se transformou em uma pequena rocha, dura, a bater neste peito que se lembra das coisas, enternece-se, e esquece-se de amolecer ...porque durou.
A você, um abraço. A mim, um abraço ... e a nós - fortalezas em mundos distintos ... separadas pela dimensão terrena ... e unidas pela lembrança de sorrisos amargos, de amores de dores – brindes de lembranças eternas e ternas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Enquanto a vida não passa, passo a passos largos .... e me largo.

Natal, 01/12/2009.

Sim, me largo ... mas não me largo ao léu ou ao mausoléu .. me largo aos prazeres da vida que está passando e não passa por completo porque é, em si, já completa de muitos mins em mim mesmo e me serve de alento para os momentos de desalento, e acalenta, lentamente, cada mim que em mim habita.
Assim, de completudes de mins, me vejo a olhar para os lados com olhos de prazer em cada coisa que se apresenta ... tudo encanta quanto se tem em si o prazer de poder respirar a fumaça do seu próprio cigarro só para dizer que, de passividades, nem no fumo; porque a vida exige que se seja ativo em tudo ... porque parar para olhar e chorar as lágrimas da passividade já é o prenúncio da morte, o prepúcio da morte ... e, por aqui, de morte só se quer as últimas quatro letras, que em mim, são precedidas de minha inicial e se transforma em sorte .... e nunca em corte, porque já inventaram cicatrizantes pelos divãs da existência...
Viver em completudes é ser capaz de admirar as árvores da Floriano que se juntam em copas múltiplas que se transformam em única ... copa de sobras diurnas e penumbras noturnas que servem a cada momento, para ajudar a existir neste mundo são e iluminado. De dia, sombra para o calor que invade a cidade e cozinha os miolos do povo que tem de viver a correr pelas ruas à procura de algo para fazer ou correndo do que tem de fazer ... De noite, servem de abrigo escuro para os abraços fortes dos namorados que fogem das aulas e correm as mãos pelos prazeres do corpo do outro, seja lá quem seja esse outro ... mas que é completo naquele momento ...
Assim me largo ... me largo a admirar as coisas, a reverberar as coisas que admiro e a fazer com que os outros possam olhar para os seus próprios lados sem se sentirem desolados ou idolatrados, apenas gente .. gente que sente a vida e quer que ela seja tão viva quanto se pode ser ... tão alegre quanto se pode ter ... tão muda quanto se pode ouvir ... assim, desconexamente reconvexa de coisas di e convergentes ... coisas que são simples, porque simplificadas pela realidade que bateu à porta e esclareceu todas as dificuldades ...
Me largo, por certo, aqui, nessas palavras que se grudam à tela do computador e por ela se projetam para o mundo dos olhos daqueles que lêem e pouco entendem ... que sequer entendem que estar aqui, passando o tempo comigo, já é uma forma de estar consigo mesmo porque tudo o que aqui grita é reflexo do que você gostaria que gritasse aí, dentro de seu coração comandado por um cérebro corroído de vícios de todos os outros não-você que você permitiu que lhe invadisse a alma ... e lhe tirasse a calma...
Então, não me largo ... me alargo em você para te alagar de você mesmo ... e fazer com que os vocês sejam apenas vocês compostos de poucos outros, mas outros tantos vocês que se fizeram presentes em cada momento de dor que te compõe... e te recompõe ...
Como vê ... aqui a vida não passa ... o que passa são as coisas que querem roubar de mim o dom de existir ... e como vou sempre resistir a qualquer desistência da vida ... chamo a residir em mim – e em ti – a essência de viver a passos largos ... e se largar no mundo, que alarga a alma ... e traz, na sombra das árvores, a calma ... e as mãos a correr pelos corpos de todos os outros que não são nós mesmos ... são apenas pequenos outros a nos dar o prazer que merecemos ....
... e queremos ....
... e temos ...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tá vindo devagar ... e eu, a divagar

Natal, 28/10/2009.

De solidão em solidão, percebo a solidez da solicitude da saudade de um tempo em que a vida tinha outros travesseiros ocupados ao lado que, de tão ocupados, deixavam um vazio da presença ausente de alguém que não sabia me conhecer porque não se conhecia, apenas vivia a vida a me mirar e admirar as coisas que fazia sem saber o porquê ... e sem perquntar ...
E me lembro do tempo em que chegou um momento que me cansei de tanta presença ausente que desistir de presenciar tanta falta de tudo o que tinha ... e me viro para os lados para tentar perceber que a vida pode ser presente presente, sem ausências, mesmo que ausente ... e reflito.
Reflito sobre a possibilidade de ocupar a solidão vaga que hospedou-se em mim há tempos e passo a buscar os tempos em que as lembranças se lembravam de coisas que aconteciam com mais presença, com mais saudade, com mais intensidade, com menos idade e me pergunto.
Pergunto o porquê de se pensar em pensar na possibilidade de trocar as saudades do que se tem e substituir pela saudade do que se queria ter, e tem, mas ausente porque distante por muitos quilômetros que se transformam em instantes de distantes desejos presos na solidão de uma alegria da saudade que origina uma intensa sensação de tensão e de emoção e de tesão que não se resolve com as mãos, mas com as mãos nas mãos e, neste instante, reflito por que pergunto se sei que a resposta a qualquer pergunta depende dos instantes que virão de longe ... ou não ... e duvido.
Duvido que virá, que poderá, que virará, que ficará ... ou, até mesmo, duvido que será ... porque ser ou não ser depende de um querer que não sei se quero, ma quero querer porque sei o quanto se quer sentir saudade de presença ausente, mais do que de solidão ausente porque presente em mim estou .. porque presente em mim restou ...
... e, de certa forma, espero esse presente.
E me presenteio com a perspectiva de que a presença ausente pode ser o meu presente que sinto presente, ou minto estar presente ...
... não importa ... estou aqui, presente em mim e ausente em ti, ausente em mim e presente em ti, ou ambos, presentes um no outro e ausentes em cada qual porque distantes em estados diferentes, em vidas divergentes ... ou convergentes ...
Tudo está devagar ... o tempo está devagar, o vento está devagar, a vida devagar, a loucura devagar, a emoção devagar ... e eu a divagar ...
... porque não tenho pressa ...E você, se tiver, esteja presente... porque não ando devagar ... nem a divagar por muito tempo ...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

E agora? ... É agora!

Natal, 23/10/2009.
É agora que a vida bate à porta e aporta em nosso porto de solidão uma vida que se sente vívida e não sabe que não vive pela vividez de sua cegueira por si e pelos outros que quer em si em momentos muitos, que espera mútuos, e descansa na paz de saber que está com outro no colo que aporta em outros tantos colos insanos de amor inexistente e felicidade existente em solidão partilhada consigo mesmo ....
E agora?
Agora, nada ... e tudo em nada ... e nada em tudo ... e um pouco de tudo que nada no mar salgado das ilusões que se perderam no meio do caminho em momentos de olhares para frente do retrovisor que mira a estrada atrás, detrás de alegrias de dias felizes com imensas solidões em livros perdidos de teorias tesas ....
Agora, e? Não, agora é! É hora de perceber que a vida de solidão é tão boa que qualquer outro que resolva invadir a sua plenitude solitária (e solidária) será imerso em total insignificância de resumos de telefonemas inócuos em momentos nos quais a vida impera ... e não espera, porque criou esporas e defende-se com elas .. sem penas envelhecidas, mas com plenas e velhas cismas de que tudo é efêmero e, das efemeridades, se desfaz com olhares visíveis a olhos nus, que olham os nus que na praia se vestem de pequenas peças que cobrem as partes pequenas, amenas ... que são descobertas com imaginação e fruição de prazeres dos olhos, porta da alma, que se abrem a cada instante incessante de alegria de estar a ver o que a vida permite ... e da vida não se omite.
Estou, de volta, aqui, com saudades de estar comigo mesmo nesse espaço público no qual publico tudo o que não posso publicar em minhas palavras orais ... porque não tenho público que escute ...
Estou, aqui, às voltas com um pensamento insano de estar comigo, de novo, renovado de esperanças de poder expressar a alegria de não ser compreendido por tantos outros que não sabem, ao certo, o que é pressuposto ou subentendido nos olhares que lanço em momento que me dá vontade de lançar diante de tanta pouca criatividade nas pessoas que criam as atividades e dessas atividades se tornam escravos ...
Estou, aqui, de volta para mim e para todos os que em me veem sem me ver, que sentem sem me sentir, dos quais não me ressinto ... porque de ressentimentos não vivo ... vivo de sentimentos ...
E o que sinto, agora? Não sei. E não me importo.
Não me importo porque me tornei meu porto .... e aporto em mim todas as sensações de sentir-me importante para mim mesmo ... e se você não se importa, não me importo de novo, porque posso importar todas as sensações que quero sentir e posso, ainda, senti-las em mim sem que a vida me cobre sorrisos falsos ou dores travestidas de alegrias ou quaisquer alegorias que muitos outros insistem em revestir-se ... Não me revisto.
Revisto a vida e revisito as almas com as quais partilhei solidões compartilhadas e sorrio de tantas tolices importantes, importadas de uma sociedade que não se importa comigo ... com a qual me importo na exata medida de suas possíveis respostas ao que realmente me importa.
É agora que, felizmente, sei que a vida, que tanto quis, está aqui ... não serei eu quem precisará perguntar-lhe: “E agora?”. Já sei a resposta. Está, em mim, posta: “eu, agora, não estou brincando de ilha ... nem estou ilhado .... porque estou aqui ... num oceano de deliciosas dúvidas a respeito do que fazer.”
E farei ... agora!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Par? Impar? Não! Bar, Embar!

Natal, 17/07/2009.

Chegamos. Chegamos a um momento em que o outro não é mais um outro que nos suporta, mas que aporta em nós e não nos deixa deixar o porto por pressuposto de que estamos felizes... felizes juntos fazendo pratos e esperando as vitaminas das refeições serem vitaminas da alma que irrigam o coração cansado de estar estando sem estar e está à procura de não estar com nada que não seja sua artéria entupida de fumaça de cigarros fumados nos bares que paramos perto e longe dos portos que aportamos ao longo de nossa história de solidões compartilhadas e de multidões parte ilhadas em sis que se disseram nós em momentos de elucubrações inócuas que inoculavam as dores da solidão que agora adoramos...
.... E então, fazemos o quê?
Esperamos que este outro se torne de outros e nos deixe viver a vida vívida e límpida de uma alma que se quer acompanhada solteira nos dias de semana que servem para vitaminar o coração hipertenso para os tensos dias de finais de semana intensos e tesos de tesão e de retesação de emoções singulares e diálogos entre o eu e o eu mesmo ...
...ou, então ...
Lembramos de momentos em que a vida era solidão em travesseiros verdes de esperança esperando, calados, em camas frias e vazias em que fazíamos amor conosco e sentíamos o pesar de estar amando um um inseparável de nós: o eu ... e amando e querendo que outros outros se candidatassem à vaga do travesseiro verde de esperança ao lado, prostrado e amassado e cansado de abraços que lhe dávamos em momentos de desespero de corpo ... de desespero de alma ... e de tédio da calma solitária que agora desejamos intensamente ...
... éramos cheios de nós e de nós e nós esperávamos estar cheios deste outro que agora nos enche ...
Somos estranhos ... mas ainda somos entranhas ... e entramos nas vidas de outros e queremos viver a vida de nosotros ... tornamo-nos, nós, os outros de nós mesmos ... mas continuamos ...
... continuamos indecisos, ou decididos a sermos ermos de nós e sermos de outro ...
e servos de nossa dúvida na vida vívida que escolhemos viver intensamente e, assim, intencionamos não criar tensão ... porque temos tesão demais pela vida...
... e vivemo-la de bar em bar, de par em par, de lar em lar ...
e voltamos para casa, felinos felizes que encontraram na vida a explicação para as dúvidas de viver ... ímpar.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Um outro olhar de outro ... ou não ...

Natal, 30/06/2009.

Assim .... coincidentemente, se coincidem coisas coincidentes em acidentes internéticos herméticos ... Na cela do computador, uma perspectiva de gente que genta as coisas e pensa que gentar é apenas estar a espera de gentes que possam passar pela vida e ficar ou ir ou esperar ou espelhar, mas estar na vida de qualquer forma, sem fôrma ... e sem estar, exatamente, em forma ....
apenas estando, sem estar a penas .... e sem penas ... porque penas não são aparados que fazem o corpo voar, mas a alma voar para distantes espaços de dores, sem cores ...
Falamos ... simples. Inteligência, simples. Palavras, simples.
Mas falamos de qualquer forma e continuamos a pensar nossas vidas em perspectivas iguais, bilaterais, e continuamos a nos teclar com dedos sem desespero, com dedos que dedilhavam palavras vis, sutis ... e viris, às vezes.
Temos em comum a esperança de não esperar mais do que podemos ter e de termos mais do que esperamos .... e continuamos a esperar as coisas acontecerem sem tecer noites a fio colchas helênicas a espera de amores em cavalos brancos e castelos encantados ....
... encantamo-nos de mesmices ... encantamo-nos de estar vivendo uma vida sem separar, sem se parar ... sem se deparar... deparar com estranhices que já se tornaram comuns e conhecidas ... e, por isso, deixaram de serem estranhas porque adentraram nossas entranhas e nos tornaram assim, pacíficos.
Crescemos ... e continuamos a existir em vidas de escolhas feitas pela experiência adquirida na escola da vida, na vida em escolas, na escolha de escolas de vida que vivemos a perder de vista ... mas sem perder a vista.
Gostamos de individualidades, de estar conosco às vezes, de estar apenas às vezes conosco ... mas de podermos escolher quando as individualidades serão dualidades, sem dualismos ... porque as individualidades são oportunidades de obtermos a reclusão necessária para manter-nos com nossos pensamentos .... e pensamos ....
... pensamos em estar na vida com uma alma calma à mão ... com um corpo calmo à mão ... com uma mão calma no corpo ... com uma mão calma na alma que pede corpo e alma e espera a junção numa imanação de prazer que pode existir a despeito do desrespeito que existe e ronda as almas e invade os corpos de tantas almas por aí vivendo ... que vi vindo ... e indo ... e desestando comigo e contigo ... desestando com nós ... e desatando nós ....
Crescer é assim .... poder dizer: “ei, não to com pressa ...”
... pois a pressa, expressa na inexperiência de almas amargas em corpos jovens ... pois a pressa, impressa nos corpos, traduz almas embargadas ... e corpos com petições extensas, com petições intensas ... e desejos breves, fadadas a sentenças condenatórias de reclusão em nosocômios instalados a céu aberto nas ruas e bares da cidade.
Não ... não tenho pressa .... não temos pressa ... porque gentamos, outros tantos outros, assim, simplesmente.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

No news is no good news ... not always …

Natal, 10/06/2009.

Assim … silêncio pode ser silêncio de dor, de calor, de horror, de terror, de temor, de tudo e de nada ... ou apenas silêncio ... ou silêncio a penas ...
Nem sempre estamos na fissura de mostrar nossas fissuras porque o povo nem sabe o que é, mesmo, estar na fissura ...
Na fissura de amigos, que mesmo distantes não distam tanto quanto distanciam os presentes ausentes,
Na fissura de poesia, que não tem nem rima nem métrica, mas que pode ser metriculosamente poética na sua irregularidade,
Na fissura de não ter fissuras, que são crateras abertas nos quelomas deixados pelas fissuras expostas que foram em nós postas (ou impostas) pelas escolhas feitas em momentos de fissuras do coração que invadiram o cérebro e deixaram a alma fissurada em sei lá o que,
Na fissura de maresia , que entra e sai mar forçando a água a transformar-se em espuma para lavar as praias água salgada e verter alegria na brisa que exala o mar e entra narina adentro dos povos que sonham em maresiar na vida ... e vivem das maresias de sonhos que não realizam porque enjoam com a maresia da sua própria existência ...
Não ... não sabe. E, se sabe, nem sabe que sabe porque não tem tempo ...
Não tem tempo para amar, nem para o mar ...
... esperam a vida passar olhando as alegrias dos rostos dos povos que enfrentam a vida diariamente nos metrôs cheios a maresiar sobre os trilhos que olham as raízes dos prédios pedindo um pouco de ar ....
... e silenciam ...
... e pensam em frustrações ... e se esquecem das frutações ...
Frutações que trouxeram com a alegria de sorrisos infantes sem dentes as expensas de mães que amamentam a vida de outro sem se preocupar com os retornos, porque aprendeu-os inexistentes, compreendeu-os inexistentes ... e esperam a rotina que espelha na retina um futuro de novas experiências salubres (ou salobras), mas ainda assim experiências ...
... e silenciam ao conscientizar-se do silêncio que ecoa em ouvidos mocos as esperanças desesperadas, mas, ainda assim, esperadas...
É assim .. complexo, convexo, conexo, desconexo, reconvexo ... é vida.
Vida que surge e apaga dores de noites em claro (claro!) na busca de abraços fortes, de amores fortes .. de fortes amores sem dores ... que vêm para suportar o mundo antes escanchado nos ombros que suportavam o mundo imundo de vidas vazias e noites vazias e corações vazios ...
Não mais ...
Agora é assim ... nada está igual ... o que antes estava vazio, cheio está: vida.
Agora é assim ... nada está igual ... o que antes estava cheio, vazio está: no money ...
E daí?
Sei não...
Só sei que, ao olhar para os lados e sentir a vida pulsar ...
E sentir o pulso vidar ... sorrio ...
E lembro do tempo em que festejavam os dias dos meus anos e ninguém estava morto ... e não os quero de volta ... porque, naquele tempo, eu estava morto. Estávamos mortos e pensávamos na vida dos outros vivos, porque não vivíamos ... sobrevivíamos.....
E agora, no silêncio que não traz good news, entendo que todas as good news que silencio são a essência de minha existência nesta vida silenciosa ... e grito para mim mesmo em Pessoa Álvara:
NO DIA TRISTE o meu coração mais triste que o dia ...
Obrigações morais e civis?
Complexidade de deveres, de conseqüências?
Não, nada ...
O dia triste ... a pouca vontade para tudo ...
Nada ...

Outros viajam (também viajei), outros estão ao sol
(Também estive ao sol, ou supus que estive),
Todos têm razão, ou vida, ou ignorância simétrica,
Vaidade, alegria e sociabilidade,
E emigram para voltar, ou para não voltar,
Em navios que os transportam simplesmente.
Não sentem o que há de morte em toda a partida,
De mistério em toda chegada,
De horrível em todo o novo ...

Eu não ... eu sinto ... mesmo que silencie, sinto.
Sinto muito se sentir o pesar do hoje pode dar a alguns uma saudade de um futuro de sonhos, de conto de fadas, de contos de enfados ...
Não me enfado mais ... vivo o hoje, regozijo-me dos meus presentes, todos futuros de um passado enfadado ... e fadado a ser passado.
É hoje. Estou vivo ...
... e vivo a esperar silêncios de amigos amados, de amigos amargos ...
que afago com braços fortes e calores de tetascomaguadecoco,
que afogo em tergiversações de tezentosesessentagraus,
que apego aqui e acolá em justamenteumalindamaiganuncaausente,
e digo:
Silêncio! Quero ouvir com meus ouvidos mocos os gritos mudos de todos aqueles que se lembram de mim nas dores de seus momentos presentes ... mesmo que ausentes ...
Porque estar aqui, não é apenas respirar a brisa que vem do mar salgado,mas poder verter para todos os silêncios que gritam um pouco da brisa que sopro ...... e se não trouxestes a chave, não importa, abro-me sozinho para ti