sábado, 22 de fevereiro de 2014

Vem sentar-se comigo à beira do ri(s)o...

Natal, 22/02/2014

Vem sentar-se comigo à beira do rio para fitarmos o curso das águas turvas que compõem a vida natural, líquida e efêmera de existências solitárias, de almas solidárias e de vidas amargas, que não rimam com nada ...
Sequer enlacemos as mãos para não desenlaçá-las com mágoas criadas pela imaginação infectada de amor vil, de desamor viril, de desesperanças que fazem com que os corações simplesmente batam, e não reguem as veias da felicidade, e alimentem as dores das angústias.
Fiquemos, então, assim, vivendo de momentos que são vividos e não embevecidos em laços de ternura ou pensamentos de candura ... Fiquemos, simplesmente.
Deixe, porém, que a mente resistente não resista aos encantos dos momentos vividos, que a mente sinta o que o coração não consegue e, então, que a vida seja assim, irracionalmente racional ... que todos os momentos poucos sejam muitos e que todos as muitas ausências sejam revestidas de sorrisos arrancados das lembranças de estar ao lado um do outro, olhando o nada turvo de águas passadas e de desesperanças futuras ... mas de momentos ... muitos segundos de alegria arrancadas de beijos nas plantas dos pés, de dedos sorvidos pelas bocas inundadas de desejos líquidos que umedecem pés e mãos desejosos de beijos ... invejosos de beijos ...
Fiquemos assim, sorvendo um do outro os prazeres possíveis, efêmeros ... para deixarmo-nos sós a seguir, cheios um do outro e inundados das lembranças daqueles momentos em que as salivas das bocas embeveciam as almas ...
Talvez tudo isso deva ser dito apenas no singular, na singularidade de apenas um – eu – mas quem se importa? Eu não me importo e você tampouco ...
Deixe-me, então, agora singular, lembrar de ti e a cada lembrança sentir o prazer de perceber meus lábios abrirem-se num sorriso só meu, um sorriso singular ... um sorriso que espera por outro e outro e outro ... e todos os sorrisos permitem que os olhos vejam o mundo com cores mais vivas, sem dores vívidas, mas sentindo os sabores da emoção vivida nos momentos em que ambos fingiam felicidade, em que ambos sentiam felicidade de estarem permeados de prazer, de emoção ... e ausentes de razão que, arrancada pelos prazeres da troca de fluidos, recolhe-se para um canto inatingível da mente, um canto obscuro ...
Ausente de razão, fico. E assim, desrazoalizado permito-me dedilhar palavras que serão lidas por alguns, entendidas por poucos, e sentidas apenas por mim, sem ressentimentos, sem amarguras, sem nada ...
E, ainda assim, sorrindo e dando “Bom dia!” às flores, e adeus às dores.
Sem amores ou dores, rio, e deixo que a emoção turbine meus poucos momentos de irracionalidade ... e sinto-me feliz em saber que, mesmo sem ti, ainda posso olhar o rio nos momentos em que rio, sem perceber que as águas são turvas, que há galhos mortos nas curvas ...

E espero que – um dia – você possa sentar-se comigo à beira do riso.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Não quero sugar todo o seu leite ... nem quero você enfeite do meu ser ...

Natal, 24/01/2014.

Quero que respeite o meu louco querer ... e aceite o meu estranho amor ... um amo que reside em mim e que nasce a cada dia fortalecido da ausência causada pelo cotidiano enfadonho da presença amada e da despresença esperada desesperadamente ...
Por isso não quero sugar nem todo o seu leite nem quero os deleites de estranhos amores perdidos nas desalegrias de ter amor e não me sentir amado como gostaria de me sentir ... como precisaria me sentir ... como não queria me ressentir ...
Na vida, vivida e envolvida em vidas embevecidas por alegrias vis e desalegrias viris, recosto minha saudade e saúdo a nova vida encontrada em desencontros e desencantos que nos deixam nos cantos de mundos idiossincraticamente cravados na existência de ser sem ter querido ser ... de querer ser o que não se é e de poder permitir a si mesmo recostar-se na solidão que assola a imensidão da vida e rouba as alegrias incognoscíveis de uma vida que se quis, que se teve e não se quis mais .... mas que se quer mais ...
Assim é meu louco querer: desquerido. Um querer que aceita os estranhos amores das entranhas e entra na subsistência insistente de uma saudade desquerida ... de uma saudade sentida e ressentida de presença vazia que preenchia os dias e as noites tristes da solidão compartilhada ...
Não quero-te presença enfeite do meu ser ... quero-te enfeite presente de meu ser ... quero desorganizar os elementos da sentença para poder sentir-me sentenciado a alegria de existir e resistir a tudo e a todos que não lhe fazem sombra ... quero-te sombra presente da minha alegria que nunca fica nas sombras, que nunca fica com as sobras ... que nunca sobra ... mas que satisfaz a necessidade de ter-se consigo o que se estranha, amor.  Amor, aqui, vocativo. Amor, aqui, invocativo ... presente em orações ditas em sentenças curtas, em alegrias viris e em prazeres solitários com visões de deuses gregos que recostam-se em outros deuses gregos para dar prazer àqueles que não puderam adentrar ao Olimpo ...
Sempre sinto-me forte,
Ansiosamente terno em minha solidão
Nebulosamente entristecido pela alegria de estar sendo sem ter sido
Tacitamente feliz ... mas triste aos olhos daqueles que
Inadivertidamente percebem a aura nebulosa que
Aflora nos sorrisos que disfarçam
Gotas de lágrimas que sequer brotam dos olhos porque retesadas pelo
Ontem que não conseguiu suplantar a ânsia de sentir-se feliz ...
... pela necessidade de sentir-se feliz, infelizmente.
Presença que enfeita meus sorrisos invisíveis em momentos de terna tristeza ...quero-te feliz ... quero-me feliz ... felizmente.

E assim, volto a ser eu mesmo: pessoa só. Uma só pessoa que não quer nada além do que pode ser querido .... e que quer ser um ser querido de maneiras que não enfeitam o ser, mas que enfrentam com o ser a vida que não é deleite, que não á aceite, mas que, igualmente, não é acinte, mas assente ao que é possível ... mesmo que não seja pro silvio ...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Não tenho medo de morrer... tenho medo de não ter vivido ...

Natal, 22/11/2013.
Quando olhos para os lados e vejo que a vida passa a passos largos e deixa em minha alma suas pegadas, sinto-me vivo.
Carrego em mim os quelomas que me foram dados pelo prazer de poder sentir sem me ressentir, de querer sem ter – na verdade – querido tanto, mas sendo quisto por todos os que quis e tendo querido ser quisto por todos os momentos que não quis ter, mas tive sem querer ...
Carrego em mim o desejo de morrer de um eu que não existiu por muito tempo, mas que resistiu tempos infinitos em secretos semblantes de verdades não ditas porque desnecessárias no momento verdadeiro em que se faziam presentes os quereres que todos os outros que vinham querendo ter verdadeiros momentos de vida e morriam de desejo de poder sentir que a vida estava sendo mortalmente vivida, intensamente assassinada de todos os desgostos para regozijar em alegrias vívidas ...
Não, não tenho medo ... não tenho medo de nada que a vida possa me dar, mesmo que seja a sua ausência ... aquiesço aos momentos e às perdas que me são dadas pela vida porque isso é viver ... viver e não ter a vergonha de sentir o ódio e a malícia de não me ressentir de todas as culpas dos outros que me trouxeram vazios intermináveis que se esvaiam em momentos de alegrias dadas gratuitamente por gentes que simplesmente queriam um pouco mais de vida ... de vida que fosse vivida intensamente, que fosse vivida imensamente, e que trouxesse imensos vazios em mim que pudessem não ser preenchidos com nada além do meu desejo de manter o vazio ali, cheio de todos os meus medos e de todos os meus desejos insensatos que sensatamente eu queria manter ...
Sim, este sou eu que aqui estou para ti como sempre estive: nu.
Nu de mim mesmo e vestido de todos os eus que me querem os outros vestido, revestido, investido, travestido ... desses todos eus que me são impostos, mantenho a alegria de poder desnudar-me a cada momento         que vivo em mim e de mim tiro a alegria de poder, de certa maneira, ser um pouco mais assim: medroso de vidas vazias de sentimentos. Medroso de sentimentos vazios de vidas cheias de nada que são, para esses que apenas tem esse monte de nada a lhes preencher, um tudo em todos.
Cá estou, sem medo ... porque penso que estou a viver os momentos perdidos em mim que jamais tive medo da única coisa que tenho certeza: vivo!
Vivo?
Oi? Cê tem alguma dúvida?
Claro!!!
Então, Tim Tim ... eu também!


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Há dor. Há dor, ardor eu sinto ... e daí??!!


Natal, 11/12/2012.
Passei um tempo sem estar aqui porque não queria estar nem aqui, nem ali, nem acolá. Queria poder deixar de estar tudo o que sempre estive para simplesmente sentir a dor. Sentir tudo o que a vida pode deixar-me sentir, sem ti.
Há coisas que a gente sente simplesmente sem querer explicar. Há coisas que acontecem na alma que calam todos os gritos de nossas entranhas estranhas. Há. Simplesmente há. Há dor.
Há dor que me faz chorar ao ver uma propaganda que lembra ti. Uma propaganda que me faz lembrar de ti sem que você sequer existisse quando ela foi criada. Há algo que subsiste nas minhas entranhas de ti que não sei explicar, não sei porque simplesmente há, e se “há” nada deve ser explicado. E  não há nada que faça com que esse existir substanciado em “há” me faça esquecer que “há” você, que  “Ahhh! Você!?!”. Nem que me faça esquecer que tudo o que há em você continua ainda por aqui, por aí, vil, viril, senil, mas em ti. Em ti somente. Em ti que só mente. E na mente – minha – que, muitas vezes, mente não estar em ti para poder sobreviver à vida que clama por razão e me obriga a esquecer a emoção em prol de um afastamento da comoção de me sentir preso a ti. Preso porque há ti. Ti há. E, nesse desespero, reconheço ... eu não posso tirar o que há em ti de belo em prol de uma carência senil de um quarentão que não mais se reconhece no espelho e que, para os outros, não reconhece o que espelha.
Passei esses meses sem querer me esquecer de ti, sem querer me esquivar de ti, mas sem querer – igualmente – estar em ti. Passei. Passei porque precisava estar em mim e sentir o vazio que em mim habita ... precisava saber se é melhor estar vazio de mim mesmo do que estar vazio em ti. Precisava. Precisava saber que o vazio contigo era como estar vazio das esperanças de estar cheio de ti. Mais do que isso, precisava saber que não poder ter em ti, nem ver ou sentir em ti a completude de uma vontade, nem uma necessidade de ser apenas um alguém que signifique mais do que um compromisso, poderia significar a minha significância... 
Isso mesmo, uma significância que poderia ser entendida como uma mera arrogância ou uma banal desistência ... mas que seria uma forma de eu ser. De deu sentir que “para mim ser” seria preciso abdicar de uma fração de mim e de outra fração de ti. Ambos, tu e eu, estaríamos desfracionados, mas estaríamos fracionados em pedaços compostos de mais elementos de mim e de ti que se consubstanciariam capazes de subsistir sem ti e sem mim. Elementos que seriam anacrônicos, anatômicos ... anais e atômicos ... e que subsistiriam sem insistirem em nada, pois seriam nadas que são tudos .. são ervas, ervas alucinógenas ....
... paz sem meses. Na verdade, sei que tudo isso é uma forma de
Saber que a vida é
Assim, sem muitas coisas, sem
Nada. E, ao mesmo tempo, com
Tudo. Tudo o que se espera.
Isso mesmo. Tudo o que de ex, se espera.
Antes, nada esperava. E era feliz.
Gostava de estar feliz sem nada, pois
Outras coisas me completavam ... e nada era o suficiente, pois
tudo era insuficiente ... insipiente ...e tudo isso eu não queria explicar.
Queria simplesmente sentir a vida que surgia e insurgia em mim ... queria estar contigo e poder contar contigo.
Será, menino do rio – cheio de calor que não mais provoca arrepios – que a sua fortaleza se esvaiu na minha impossibilidade de estar contigo? Será, menino de Fortal ... que a esperança - a última que morre - resolveu sussurrar um silêncio sepulcral em nossas veias vis?
...
...
Foda-se. Ainda tenho mais uns oito anos de vida em que posso encontrar mais do que uma esperança. Posso ser eu mesmo, sem oito anos a mais...
Sem dor a mais ... porque não há mais dor.
Há... há penas, e apenas há pouco tempo eu nem sabia disso... e não era feliz e ninguém estava morto... estavam, todos, arrogantes, elegantes ... ... e banais. Bucólicos.
Morrera um ícone. E, com ele, morrera um anônimo: eu. E, em seguida, outro anônimo: Tu. E ambos foram enterrados como indigentes: gente que não tem twitter, nem facebook, nem Orkut, nem badoo, nem linkedin ... gente sem nada. Apenas gente com vontade enorme de ouvir um "Bom dia!”, mas um "bom dia genuíno” ...
Como me sentiria? Não quero explicar. Mesmo porque, você já entendeu .... e, se não entendeu ... parabéns: tô morto de inveja de sua ignorância que, infelizmente, o tempo me roubou .. e nem teve Boletim de Ocorrência. Aconteceu ... e permitiu que você me lesse... e pudesse dizer tudo sobe mim e minhas ideias... e, a invés de reclamar ... agradeceria pela preocupação com a sua imagem.
Xero (coisa genuinamente nordestina)

sábado, 13 de outubro de 2012

Caótico ... cá ótico ... cá ótimo (ou não)


Natal, 13/10/2012.
Um abraço, um chêro, um bom dia ... e ninguém ainda se levantou da cama. Desejo de muitos, possibilidade de poucos, inspiração para muito poucos ... e muitos outros poucos  - que desejam estar assim, que desejam ser assim, um nada além de dois corpos unidos pelo calor da cama, pelo amor do sono, pelo silêncio do “Te amo” gritado no vazio do sorriso matinal – ainda esperam a vida vidar seus sorrisos e soçobrar suas desesperanças, transformando-as em simples esperanças que esperam tudo chegar sem ter de lutar muito,
Sem ter de gritar muito,
Sem ter de mudar muito,
Sem ter de silenciar muito,
Sem ter de muito nada.
... e ser um muito de tudo.
Cá estou. Estou cá ... caótico!
Caótico de vazios que enchem as sombras de um corpo que, sem fumaça, se enche mais e mais ... Caótico de esperanças de poder liquidar com tudo e com todos e me transformar em líquida modernidade tardia que rompe todas as barreiras e invade a constância de todos os nós que em nós habitam  ... Caótico de poder fazer tudo o que quero e de não querer fazer nada que posso... nem devo ...
Cá... ótico porque tudo o que consigo é olhar para os lados e ver nada, olhar para trás e ver que tudo se foi sem deixar nada ... de olhar para o passado e ver que tudo passou, sem passar meu amor  ... e perceber que todos os amores que passaram foram amores vis, viris e infantis, que duraram o tempo necessário para nos satisfazer, mas se mostraram incapazes de serem eternos depois que duraram ... e duraram o quanto puderam ... e foram duros no fim.
E, em alguns casos, não houve, ainda, o fim, mas o desejo de findar o que se precisa findo, de se findar o que não se pode precisar exatamente o que é ... o quem é ... e nem se se quer mesmo findar ... mas que se findará mesmo assim.
Cá. Ótico. Expectador de uma vida esperada, à espera de uma vida de expectativas ... Cá, ótico. Assim, sem poder enxergar o que está à frente, e por quê?
Porque não sei ... ou melhor, sei:
porque quando chega um abraço, um chêro, um bom dia ... e ninguém ainda se levantou da cama, a cama fora maculada pela dor da solidão, pelo descaso da desatenção, pelo desgosto de sentir a lembrança de que tudo o que se quis esteve lá, mas não se consolidou .. . e com solidão tudo restou corações cheios de vazio. Vazio preenchido pela presença de duas pessoas que partilhavam a solidão de ambos, juntos.
Solidão compartilhada.
Por isso tudo é caótico. Tudo é sem sentido. Tudo é cem sentidos. Muitos sentidos de todas as coisas que não conseguem significar .. mas que significam um tudo de esperanças de um futuro de coisas queridas, desejadas, esperadas e espalhadas por todos os lugares que os olhos alcançam ... assim ... ótica que consolida desejos de almas cheias de vazios de corações que batem no mundo.
Por isso tudo é cá ótico: apenas visões de luzes que ressurgem das nuvens espalhadas ... nuvens de algodão que sorriem para um ser que olha o sol e simplesmente sente o desejo de poder ser algodão que flutua no ar e esconde a luz distante de um sol que brilha ... nuvem que flutua protege as peles dos povos que estão abaixo ... nuvem de algodão... mas não apenas uma, mas várias, várias, várias nuvens plurais que algo dão.
Algo dão que conforta as dores, algodão sólido que se enche de álcool e esteriliza os amores que não evaporam  ... algo dão que devolve as cores aos corações que batem no mundo ....
E se imaginam aqui . Se imagina cá, singular novamente.
Cá, ótimo...
porque simplesmente à espera de um abraço, um chêro, um bom dia ... e de que ninguém tenha de levantar da cama, porque o tempo do prazer não é silenciado pelos tic tacs dos relógios que batem no mundo ... e silenciam os gritos de solidão
ou não... 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Non, Je Ne Regrette Rien


Natal, 09/10/2012
Depois de olhar para os lados e perceber que nada do que você foi, foi contigo embora, me pego a pensar nos momentos em que estivemos a compartilhar sofrimentos e alegrias mútuas, a compartilhar desejos de futuros diferentes juntos e a, aos poucos, perceber que nada do que fazíamos fazíamos para ambos. Tudo o que tínhamos eram pedaços de mim e de ti, juntos, e separados...
Separados pelo tempo de existência ...
Separados pelo medo de desistência ...
Separados pelo medo de insistência ...
e ...
Separados pelo meda da subsistência ...
Nada disso me faz pensar que não estar contigo agora invalida o estar que estivemos sem estar porque estávamos instados de outros quereres intangíveis e de desesperos ininteligíveis aos olhos de quem amava ... e odiava como toda a gente ... e que, como toda a gente, percebia que tudo era igual ... Nada ...
Nada e nada e nada e nada disso me faz sentir que me arrependo. Não! Não há arrependimentos ...
Na minha cabeça, ouço uma música velha que velha meus olhos e faz-me ficar aqui, venhando como tantos outros que envelham com o tempo e deixam que o tempo passe sem que ajam como precisam ... ecoa na mente apenas um
Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
Ni le bien qu'on ma fait,
Ni le mal - tout ça m'est bien
égal!
O que haveria de le bien ou de le mal  qu’on ma fait ???
Tudo resta aqui como lembranças que molham meus olhos vez por outra, de lembranças que intumescem meus poros vez por outra, de lembranças que molham minha boca com saliva a espera de seu beijo vez por outra, de desesperanças que maculam minhas lembranças de alegrias vez por outra ...
Tudo vez por outra demais ... tudo demais vez por outra ... tudo como sempre foi: parco, pouco, pífio ... tudo como sempre tive: migalhas de carinhos recebidos, migalhas de quereres recebidos,  migalhas de desejos desejados, mas muito muito muito muito muito de amores e de palavras de carinho que representam a carência que eu supro no outro com a minha própria.
Non, je ne regrette rien ...
Nem das difíceis noites em que passo em claro a me lembrar do seu corpo a aquecer o travesseiro ao lado …
Nem das noites em que não me lembro de nada ao lado ...
Nem dos lados que as noites ao seu lado me fez revirar, fritando no colchão como alho em óleo quente ... gritando por um pouco de paz ...
Nem de nada ... je ne regrette rien ... porque estou aqui, assim, mais eu, menos você, mais você em mim, mais mim em você ... e continuamos únicos: corpos e mentes solitários que arrancaram pedaços de si para ar ao outro e trouxeram do outro pedaços que não foram arrancados, mas cedidos pelos carinhos trocados em momentos sutis, vis, viris ...
Rien de iren pode ser mais importante do que saber que estive você e que você esteve eu: estivemos. E disso, e de tudo o mais, je ne regrette.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Porque você não está aqui.

Natal, 09/10/2012.


Sempre que olho para os lados e vejo que, quando você se foi,  nada restou além de pareces amareladas pelo tempo, tintas que abandonam as paredes, e cores acinzentadas de bolor que cobrem o branco que antes assistia a nossa união, me pergunto o porquê de você não estar mais aqui ... e me respondo: porque sempre esteves aqui em inteirezas: inteirezas de metades suas e de outras metades que arrancavas de mim ...
Olho para os lados e enxergo o vazio que sai de mim e me deixa oco, mais vazio, e preenchem os espaços igualmente vazios de esperanças que – de soslaio - assistem a solidão invadir toda a casa e penetrar na alma de quem tecla palavras vazias, em teclados vazios, para olhos vazios que vão passar pelas palavras e escutar um nada que grita no silêncio da desesperança de poder estar aqui, contigo e com tudo.
Com tudo
Com tudo
Contudo não há nada contigo, nem nada com tudo. Tudo o que há é você e eu. Eu sem você. Você sem mim. E tudo continua ... continua a ser o que sempre foi: silêncio barulhento que perfuma os ouvidos; lágrimas secas que tateiam o olfato; salivas secas que umedecem a visão; odores doces que invadem a alma e arrancam sorrisos dos dedos que tateiam o infinito.
Tudo continua esperanças de novos desencontros pelo caminho cujas pedras foram arrancadas pelas enchentes de lágrimas solitárias que banharam, por inúmeras vezes, as maças do rosto que enrubesciam com o suor do desejo de estar apenas ali, fazendo nada,
Nada fazendo, mas fazendo tudo que o nada permite e, ainda assim ... fazendo ... na esperança,
E esperando que nada tivesse acontecido de ruim para aqueles momentos sabidamente efêmeros e ternamente esperados por anos a fio ... que chegaram no final do ano, para ficar por poucos anos ... e depois ir embora, deixando aqui a importância de se ser fiel a um ideal solitário, a um solitário ideal

Com desejo de partilha, de partilhar, de parte ilhar ...
Ou esperança de não partir, ou partir
Mas sempre par...
Par de ficar lá e cá,
Aqui e ali, esperando os 
Nós se desatarem, seja quando for ...
Hoje e amanhã
E depois de amanhã:
Indiferente.  Mas não foi assim que se deu e
Restei-me aqui
Infeliz, mas consciente do que é preciso fazer
Solitário, mas acostumado com o nada que exala apenas de mim
Moroso, e ainda  assim caminhando ... caminhando ...
Ostra a ficar no fundo do mar na esperança de um marinheiro que a apanhe.

Estar aqui não pode mais você ... mas resta você aqui: pedaços quebrados de esperanças coladas por lágrimas que rompem os olhos, inundam as pálpebras e escorrem rosto a fora para encontrar na boca, a saliva. A saliva do desejo de você, que se amarga – você e a saliva – com as lágrimas que arranca de olhos que enxergam o nada, o vazio. Vazio que preenche os dias, que ilumina a alma tenra ... e eterniza a esperança de novos habitantes para os olhos e, quem sabe, a cor, a ação ... e o coração.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Não vou lhe beijar, gastando, assim, o meu batom


Natal, 21/09/2012.
Entre, razão. Assim penso e assim vivo a vida que suplanta um coração que bate no mundo e sente a vontade de gritar aos quatro ventos que há tenho coração que queria ser um peixe para em seu límpido aquário mergulhar e fazer borbulhas de amor .... passar a noite em caro, longe de ti.
Assim, entre intertextualidades sem sentido e sentidos sem qualquer textualidade, vou vivendo essa vida vazia de ti e cheia de desesperanças deixadas por um pedido de adeus que a Deus pertence ...  uma simples necessidade se sobreviver, se subsistir a todas as intempéries que a idade traz ... e nos impede de correr atrás de nossos desejos de vida ... desejos de estares e de desestares ... mas desejos vívidos, límpidos e capazes de serem sentidos na brisa do mar que sopra desesperança ...
Por isso não tenho em meus lábios as cores que marquei com o batom da esperança ... com os bastão das desesperanças .... tenho, por outro lado, apenas uns lábios que suplicam um pouco de cor que só podem brotar de seus olhos marejados de lágrimas de esperança de voltar atrás e de ser capaz de não deixar que tudo fique para depois ...
Então, porque não vou lhe beijar gastando assim o meu bato?
Talvez não queira lhe beijar ... e deixar que tudo se repita num nada frequente e numa vida de desesperos intermitentes que brotam da sua insanidade, da sua insaciedade, da sua insapiência ... da sua in ... in ... in... in qualquer coisa que me exclui de ti, para me incluir nas suas carências, na suas dependências e na cobrança de que a minha independência sucumba a sua carência decadente .. a sua decadência ... a sua dez cadência ... e a sua des cadência. Sim, a sua irregularidade ... ou  a uma irregularidade regular que regula a sua vida .... e pede que a minha seja desregulada ...
Talvez não tenha eu mais batom nos lábios para colorir um sorriso apagado pelas dores de querer continuar sorrindo, mas dever continuar sofrendo pelas intempéries de subsistir na ânsia e poder ser colorificado pela coloração dos amores que vêm e vão sem deixar qualquer impressão de cores vívidas ... e que deixam uma carga de pretos e brancos que se intercalam em tons de cinza ....
 Decididamente ... não vou lhe beijar ... nem vou gastar assim, o meu batom ... resta saber o porquê de tantas reticências.... de tantas reminiscências ... quem sabe eu não esteja apenas esperando que você queria gastar o seu batom em beijar-me descompromissadamente .... ou não.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sobras de vazios cheios de dor...


Natal, 15/08/2012.
Silêncio. Olho para os lados e tudo o que vejo são os nadas que consomem todo o espaço vazio e preenchem de desespero a esperança que se esvai nas sombras de nuvens invisíveis e chuvas que secam as alegrias de todos os outros que não estão aqui.
Barulho. Salivo desejos desesperados de estar em algum lugar em que eu não esteja, em algum lugar em que eu não seja obrigado a conviver comigo e a escutar os gritos dos meus silêncios com cheiro de alegrias passadas ... silêncios secos e cheios de nuvens empoçadas no desespero de seus e meus desejos de dez esperar, e esperar por dez, dez, dez, quarenta anos sem estar capaz de esperar mais que salivas.
Barulho no silêncio. Os olhos salivam a alegria de poder chorar sabores ácidos e desejos ávidos, ou sabores ávidos e desejos ácidos, não sei. E também não quero ter certeza se são ácidos ou ávidos, porque basta-me saber que são desejos salivados por olhos esverdeados de desesperos amarelados pelo tempo em que tiveram de esperar sem poder desesperar, especialmente porque sempre conscientes de que jamais poderiam dez esperar.
Silêncio no Barulho. Gritos, ruídos, gemidos, sussurros, assovios, silvos, relinchos, miados: sons audíveis aos surdos que emprestam a todos os outros que gritam nadas ao vento a esperança de poder dizer algo com os dedos, de dizer algo e poder dizer sem que nenhum som chegue aos ouvidos de ninguém                                   ...                                                       e mesmo assim todos ouçam os gritos que saem dos gestos movidos a emoção e motivados por silêncios eternos e ternos silêncios que permeiam almas que falam, e moram em corpos silenciosos.
Perfume. Sinto o verde dos olhos amarelarem no desespero de ver o tempo passar, as pupilas dilatarem e as papilas se deleitarem com as cores saborosas que invadem com seu cheiro o gosto de todos os saberes que estão (in)disponíveis para aqueles que pretendem estar sozinhos e que buscam entender a solidão que só lhe dão porque não consegue esquecer que nasceu para estar só ... que só nasceu para estar sol em um sistema só lar em que reside solitário, e não vê nada a sua volta ...
Nada...
... nada exceto os gritos que saem das paredes para penetrar nos olhos amarelados pelo tempo que contemplam os cheiros que exalam da saliva que verte dos olhos que contemplam o silêncio.

domingo, 8 de abril de 2012

Saudades do vazio, de fortalezas fracas e de dores apagadas por sorrisos vis


Natal, 08/04/2012.
E assim a vida se enche de vazios. Vazios de dores que assombram os sorrisos que apagam e amargam os prazeres vis e viris de pessoas que se sentem felizes por estarem tristes de viverem cheias do vazio que carregam consigo ... Assim a vida se fortalece de parcas fortalezas fracas que se anunciam eternas e se tornam apenas ternas ... Ah! Sim!
Ao tentar reverter o tempo, revejo o ter e o querer para sentir que nada tinha e que tudo que tinha era muito mais do que nada ... pois o nada que é tudo se transforma em quase nada com o tempo ... tempo que amarga o doce da vida ... tempo que adoça a vida amarga e enche nossos corações de esperança de se ter um nada que se faça tudo mesmo que pelos segundos que nada significam no universo dos anos que vão amarelando todos os tudo que encontramos pelo caminho que não possui pedras, mas rochas enormes que devem ser removidas, sem serem demovidas as convicções ganhas pelo existir, pelo elixir de sorrir a todas as dores aparentes e deprimentes que nos são dadas pelo simples fato de respirarmos, de pirarmos ...
Mas não reverto o tempo, reverto meus sentimentos com relação ao tempo que pedi amor e recebi calor de gravetos incandescentes de carência que supriam as minhas dependências sem acenderem os troncos de desejos que entroncavam minha vida que agora morre aos poucos no vazio de se ter um vazio cheio de lembranças ... de esperanças que se perdem no fogo dos momentos inócuos de amor, mas cheios de desejos de amar intransitivamente ...
Assim transito entre os predicativos dos sujeitos e dos adjuntos que vão sendo deixados junto de outros pelo trânsito do existir, do insistir, do resistir, do desistir e do redescobrir que a desistência é também uma forma de resistência e de insistência para se manter a existência nesse mundo mudo que grita feliz idade e infelicidade por se ter a idade de saber quando se deve poder fazer algo para manter a sanidade.
É desta maneira que a vida sorris vis sorrisos tristes e nos fornecem fortalezas fracas para que possamos aos poucos soltar gargalhadas que ofuscam as dores e fortalecem o desejo de apagá-las com o vazio saudoso.
Saudoso de tudo prementemente ...
Saudoso, na verdade, dos sorrisos vis que não apagam as dores, mas apenas colorem o vazio com um arco-íris de inúmeras nuances de prazer, de ânsias nuas de desejos cobertos de calor eterno e terno e tenro. Desejos que cobrem as dores e ofuscam os odores das flores do jardim da nossa casa, que morreram quando você fortaleza fraca se levou consigo e não insistiu,  desistiu e não resistiu aos gritos da vida lá fora, que diziam para que tu fostes com ela ser eterno ...  
... para que eu pudesse seguir eternamente terno, e grato por ter as dores apagadas por sorrisos vis de fortalezas fracas que retiram a saudade do vazio.
Por isso, vadio.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Enquanto passa, encanto passa ...


Natal, 06/12/11.
Enquanto passa o passado, o presente passa sem presentes, o futuro passa sem precedentes e chega sem pretendentes ... e a gente quase sem dentes para morder a vida que corrói ... e rói todas as esperanças de desesperar o esperado sem desespero, e passa tudo também ...
Passa o desejo de se ter o que não tem sem ser o que se quer ser ...
Passa o tempo que deixa nas têmporas as marcas brancas de um passado que passou e deixou de presente um presente de ausências ...
Passa a cor e o sabor de olhar o mar e marear os olhos de lágrimas salgadas de alegrias tristes que se sobrepujam aos anseios de sorrisos que também passam ...
Passa a avidez e a vida ávida de ávidos desejos vis e viris que se estendem e distendem as tendências de alegria para deixá-las distendidas, estendidas e inertes de alegres sorrisos de alegoria ...
Passa o encanto e fica no seu lugar o desencanto de saber que o encanto foi e sempre será apenas por enquanto ... e porque por encanto, se enquanta tudo o que a vida oferece (e toma em seguida).
Passa o desespero
e também passam na frente dos olhos nus pernas bundas coxas peitos braços e costas que deixam apenas a esfera que rola das encostas e cobre pernas bundas coxas peitos braços e costas que andam pelas águas de areia ...
e fica a espera... e por isso espero.
Espero poder esperar tudo que de novo o velho ano traz e leva e leva e traz e nos deixa atrás de algo para sentir, de algo para fugir, de algo para insurgir anseios de desesperados desejos desejados em duetos carnais na beira do nada que assombra a sombra das árvores que rodeiam o mundo mudo.
Silêncio.

Faz-se o silêncio para se escutar um coração que bate no mundo.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ano novo, vida velha.

Natal, 05/12/2011.

Ainda não chegou o ano novo e nem as emoções que fazem com que todos nosotros tenhamos vontade de ser ano novo, de estar ano novo, se matar ano novo ... e deixar de matar a vida que se esvai por entre os dedos dos outros tantos outros que controlam quereres e saberes que permitimos controlarem.
O novo é velho e o velho se torna velho de novo a cada momento que penso na vontade de ter vontade, na ansiedade de ansiar, no desejo de desejar ... e vou velhando todos os novos velhos que se apresentam sem brilho novo, porque velhos estão ... velhos são ... velhos permanecerão ... e, então?
Então não tem nem em, nem tão, tem nada no meio de tudo que se assemelha a tudo sem ser nada e vamos nadando no nada que no ano novo continua a nadar tudo, a transtornar em nada todo o nada de um tudo inexistente, persistente, insistente ... intermitente.
E dizemos: tente!
Tente o quê?
Não sei ... e nem tento saber porque sei que não tento mais, não atento mais, não alento mais ... não acalento mais ... e mais nada.
Ano novo passa e ano velho chega ... e chega sem nada também.
Nada de desesperados desejos de desejar. Nada de desejos desesperados, nada de desejos esperados ... apenas coisas vis vão vindo e indo e continuando vis ... vis-à-vis ...
Ainda não tem nada ainda ... ainda nada tem ainda ... tem ainda nada ainda ... e vamos aindo sem saber se entrando ou saindo ou, ainda, se temos ainda algo para sair e entrar no vazio de um tudo cheio de nada que habita as vísceras vis de seres humanos ainda mais vis como eu.
E vou visando ... tentando visionar algo que possa ser vislumbrado, deslumbrado ... e continuo a ser assim, em tudo um nada que consome a paz e tira a paz que não existe em tudo.
Não tem ano novo ... não tem ano velho ... não tem velho ano, não tem novo ano ... só tem voos rasos em planícies velhas, em estradas velhas, em caminhos velhos, em carinhos velhos ...
Carinhos envelhecidos por anos novos que já nascem velhos ... e assim, sem nada de novo, digo: feliz ano, velho!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Quereres e podreres ... fazeres e afazeres. Prazeres?!?

Natal, 05/08/2011.

Depois de razões rasas, que fazeres? Aceitar os afazeres e esquecer prazeres. Assim caminha a human idade, a human velhidade, a human veracidade ... e caminha para descobrir o que já sabia de antemão: quereres são tudo aquilo que podreres podrem ... ou, como diz Caetano (ou não) são tudo aquilo: podres poderes.
Na vida entendo que vidar é saber e poder respeitar o que podem outros, e não podemos nós. Nesse jogo, os que podem nos podam ... porque podem podar com seus poderes.. e vão continuar podendo e podando enquanto tudo o que inexiste se esvai na existência de subsistir ... porque o que se pode é apenas subexistir.
E vamos existindo – sem ficar insistindo – em coisas que não se pode exigir, nem exibir... afinal, subsistir é o lema.
Nesse compasso, podemos fazer o que temos de afazeres e devemos nos esquecer de todos os prazeres que vão desprazeirando tudo porque demoram de serem podíveis ... são, na verdade pocíveis ... (e aqui não há erro, há mistura de fundos cheios de não possos – assim, numa substantivação negativa de verbo fora da gramática)
Tudo é um mar de quereres .. um mar salgado de poderes que vão maresiando os desejos e marejando os olhos que fitam o nada que é tudo e tem um coração que bate no mundo ... e bate sem dó ... e bate sem pó ... porque apenas bate bate bate ...
Bate tanto que dá uma surra no que se quer e fica examenando tudo o que o mundo - esse chamado de globo que não é TV - põe em exame ... (ou em vexame?) aos olhos nus dos sem poder.
Assim, sem açúcar e sem afeto, faz-se doce predileto do fel que amarga desejos incompreendidos e devasta tudo e a tudo dá vasta força ... e vai vai vai ...
Roubaram meus desejos para des(p)ejar tudo o que fosse possível ... e tudo tornou-se, então, prossilvio.
Silvilizadamente, então, tudo o que era querido no passado para construir um querer, para por em exame tudo o que se quer e, depois, reestruturar o querer de outros em querer próprio. Não é a primeira transformação silvilizada que acontece ... sempre acontecem trans-formações, re-formaçõoes.
Queremos, doravante que tudo seja exame, que tudo seja, enxame ... enxame de borboletas atírias que se atiram no globo e roubam o néctar do mar salgado, que inventigam o dito, o não dito. Sem pressupostos, sem presumidos, mas sempre assumidos como queridos.
Via, então querer ... e queira o que queres ... qualquer coisa, o doutor resolve.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Vidas cheias de razões rasas

Natal, 03/08/2011

Disseram-me que haviam dito que diziam que a solidão é que faz bem ... e que que alguém tinha cantado que tudo queimava e nada aquecia ... e tentei escutar, tentei escrutar, tentei perscrutar e só consegui compreender quando pude auscultar ...
Tive de auscultar o sangue que corria nas veias e nas veias e sentir a alegria de poder auscultar e encontrar coragem suficiente o bastante que desse para medicar ... e meditei... porque não podia medicar nem mendigar migalhas de quereres inqueríveis e muito quistos na vida que estava cheia de cistos ...
Cistos que buscavam florescer câncer nas entranhas das alegrias que doíam a cada dia que passava sem que as coisas passassem ou novos passageiros passassem ou ficassem nos olhos amargos de alegria externa exterminada por dores internas internadas nas entranhas da alma ...
Resolvi, então, querer o que estava querendo e entender que o melhor querer é aquele que entende o que deve ser entendido e sentido, mesmo que vez por outra esteja adormecido ... ... ... para logo depois estar intumescido ...
... de alegrias momentâneas, dores passageiras, prazeres passageiros eternos e muita vida que fica vidando a alegria de se sentir prazer ...
É ... o tempo transforma tudo em vida, o tempo vida tudo porque, ao vidar, faz com que tudo seja visto pelo ponto de vista da vida que tem lá suas razões para fazer com que todos sejamos obrigados a desvidar ... sem dúvida: a vida tem suas razões.
E falar que essas razões são razões que a própria razão desconhece não tem nenhuma razão de ser ... é irrazoável ...
Tudo o que se quis sempre foi querer continuar querendo e quando esse querer não quer mais, a gente pensa que não quer porque quer ver que quer ... e vai continuar querendo com ti nuar.
Nuar as razões e deixá-las envergonhadas de sua nudez, de sua naturalidade despida ... desguarnecida de máscaras que sustentavam a sua razão de existir ... sempre existir ... e nunca desistir de ter o que nunca teve: razão.
Quando vemos a razão desnuda, entendemos que o inquerível é apenas aquilo que não queremos: estar só ...
E não estar só, tem seu o preço ... tem seu berço ... berço esplêndido que o sol da liberdade em raios fúlgidos brilhou no sal da pátria nesse instante ...
... e nesse instante, aquele que disse que tudo queimava e nada aquecia, tem de aquiescer ...
... e viver ... e sobreviver ... sem ter de sóbrio viver ...

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Em canto isso ...

Natal, 29/07/2011.

De tudo, um nada ... de nada, que nada ... e tudo ... muito de tudo e tudo de muito pouco.
Há tempos e templos não me via por aqui. Estava lá, com muitos eus que nada sabiam e que nada queriam, mas que eu queria estar e deveria levar comigo para que consigo estivesse em mim mesmo. Estive em dor ... estivador ou em louvor, ou torpor ...
Os parcos tempos que tive, mantive-me em templo construído com esperança ... e desesperança de esperar desesperos que não vinham e de sentir a vida passar pelas veias (ou pelas véias) que transportavam sangue são em corredores escuros empurrado por um coração que batia mudo no mundo. Nos templos que construí, destituí meus próprios momentos para sentir os movimentos loucos que a vida traz para da gente ... gentei, como já disse antes ...
E agora gento comigo ... gento na esperança de poder me sentir como gentes felizes que vão consumar a sua existência vil em resistências e desistências ... senti, nesse tempo em que gentava, a energia de estar feliz, sem me saber infeliz ... e infeliz por não poder sentir-me completo, mas feliz com minha incompletude.
Passou ... quanto a mim ... passou o tempo de não me olhar de dentro para fora e não me sentir dentro e fora de mim para me analisar e me saber em mim .. em me sabor em mim ...
Esperei que tudo fosse breve – não foi. Esperei que tudo fosse brevê – não foi porque não voei ... não resvalei nas nuvens para me sentir água flutuante, não resvalei no solo para me sentir terra ardente, não me resvalei nas plantas para não me plantar naquele lugar em que estava sem mim ... ausente de eu mesmo e carente de eu mesmo ... mesmo eu!
Aqui, cá, de novo estou ... e vou estando tudo o que posso enquanto tudo o que não posso não é em mim o que posso ... porque estou poço ... poço de vazio cheio de nada que é tudo ... e com tudo o que é nada transbordando no vazio poço que seca ... que cega ...
E vamos seguindo esse silêncio de muitos gritos meus ... calados pelo grito de um nada que invade tudo ... caiados por brancas nuvens que não choram ... brancas nuvens que secam no vento e ventam a alegria de se esvair no ar ...
E assim, volto ... sem muito o que dizer, mas muito dizendo sem querer...