sexta-feira, 6 de maio de 2016

PORQUE NÃO AMO VOCÊ

Natal, 06/05/2016.
Me pego pensando, sem mais nem por que tantos homens e mulheres me amaram bem mais e melhor que você. E, quando você me deixou, meu bem, me deixou para ser feliz e passar bem ... amando e odiando como toda a gente.
Amar, verbo transitivo direto, pede, claro, um objeto. E este objeto é projetado de mim para você, que retrata um você que está em mim, que refrata um eu que penso ser você. Morre em mim a sua transitividade, morre em mim a transitividade do verbo, que vive em mim, mesmo quando você está em trânsito ...
Rabisco palavras para você que serão lidas por este você que está aqui dentro, que sou eu. Eu leio como se fosse você e você, barroco, sequer sabe que rabisco vocês ... nem eu sei quem você é porque não o quero saber ... quero é saber que existe um pedaço de mim que penso ser você, que não existe.
Insisto em perder o amor de mim para amar o você que em mim habita. E amo-o como amo romeu-e-julieta. Sinto o gosto da goiabada-julieta e espero a consistência do queijo-romeu ser rompida pelos dentes que mordem a felicidade intransitiva do queijo para se misturar ao açúcar vermelho da goiaba da fábrica de doces.
Olho para o você que vive na minha mente e não te vejo. Vejo-me e me perco de mim nesta nuvem nebulosa de eus e vocês e queijos e goiabadas e açucares sem gosto.

Detesto pensar, detesto penar, detesto pesar. E peso tantos prós e poucos contras essa ânsia de saber que nada temo, nada tenho ... tenho-me a penas.
Espero ... espero ... desespero .. respiro, piro ... inspiro você que eu criei e me inspiro nisso para viver ...

Antigamente não era assim, antigamente.
Nos cabelos bancos que insistem em nascer e se desesperam ao serem cobertos pelas cores artificiais da alegria de pensar que ainda é antigamente brotam sentimentos sem cor, descoloridos pelo tempo que pensei existir ainda.
Doravante é assim, doravante. E digo que não será assim ... é assim. Num presente eterno que se mete no meio do antigamente e do futuro que inexiste sem um eu sem você.
Rabisco um eu. E com rabiscos apago todos os vocês. Meto-os todos na escuridão do grafite que cobre os brancos de vocês inexistentes e insistentes ...  
Ando assim, ultimamente ... ando assim, antigamente: morto de ter sido tudo o que não quis e ter querido ser tudo o que poderia ter sido se fosse eu apenas.
Deixo-me aqui, assim, antigo. Deito-me aqui, assim, atingido. Fico-me assim, contido: ostra morta pelo limão, sal e pimenta à espera de uma boca que a engula.

E os ombros intransitivos suportam o mundo.

domingo, 24 de abril de 2016

Sinto? Nada!

Natal, 24/04/2016

Amanheci, mas o dia não chegou até mim, continuei noite no dia que clareia apenas a vida alheia ... e me deixa alheio à vida.
Espero momentos de alegria e me alegro quando penso que chegariam dias em que estaria eu invadido de todas as luzes que brilham no céu, mas permaneço assim, noite escura na alma, noite escura na calma.
Pergunto-me o que acontece, o que sinto, respondem as nesgas de luz que não vejo que nada houve, que tudo está normal, que tudo e todos estão vivendo suas vidas de vazios que não percebem.
Percebo o vazio.
E isso me enche que um nada que assola tudo que penso ter em mim e ser em mim ...
Olho-me no espelho e não reconheço a imagem que reflete aquele pedaço de vidro. Não sou eu ... não estou eu.  Estou nada.
E como um nada que está, respiro o ar e fico arquejante ... sobra-me o ar que não quero respirar, sobra-me a imagem que não quero ver, sobra-me um eu que não reconheço... tudo são sobras de algo que nem existe mais ... sobrou porque foi pouco ... sobrou ...
Olho o nada e vejo tudo o que não sinto refletido naqueles olhos que não reconheço ... Fecho os olhos então ... e voltam-me imagens de uma vida que se acabou.
Acabei-me quando abri os olhos, anos atrás, e vi que estava assim, enxergando o vazio dos outros, enxergando o vazio de ser algo que não poderia ser se soubesse.
Quando soube, deixei de ser.
Naquele instante morri para à consciência a vida.
Vivo agora assim: consciente de que sinto nada. E nada do que sinto pode ser um fragmento daquele que morreu ao saber.

Não quero mais saber de nada. Não quero mais o que sinto, mas, se nada sinto, o que não quero?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Sim, sei sem ti

Natal, 14/04/2016.

Muitas vezes sem ti é estar contigo em vazios eloquentes de sentimentos plenos de nadas completos em mim. Sim, sei sem ti e sei sentir sem sentir desesperos loucos ou rompantes quaisquer.
A minha glória é essa, é poder criar felicidades de coisa nenhuma, é poder sorrir com os hormônios que não produzo, é poder descriar infelicidades de saudades que existem apenas aqui, em mim ... saudades sem ti ... ou sem tis alguns que rondam a vida vazia que subsiste em lágrimas felizes e orgasmos inexistentes.
Impressiono-me de mim mesmo ao perceber que tenho, eu mesmo, a minha loucura e carrego-a como um facho a arder na noite escusa e a se apagar em corpos desconhecidos e olhos vazios de alegria que sorriem com orgasmos da carne. Sinto coisas e sinto-me pleno de loucura.
Loucura de poder perceber que assim é a vida, que assim é viver para poder sorrir sem que o sorriso origine-se externo. Loucura de saber que a sanidade é uma prisão e que a libertação não é um livramento condicional ou uma liberdade assistida. Percebo que não é lei, não há lei ... há loucuras sanas...
Outro dia me peguei a pensar que estava triste e me vi feliz por saber que era apenas um pensamento ...
Nenhum pensamento se torna sentimento pleno, penso-o e no minuto seguinte ele se foi de mim ... deixou-me sem sentimento? Não, deixou-me o sentimento ... para dar lugar a outros tantos sem ti.

Tenho a sabedoria de ser assim calmo, assim vasto, assim pleno, assim...
Ubiquidade me define. Sou isto e aquilo ao mesmo tempo, estou em diversos lugares concomitantemente ... porque sou assim, com ou sem ti ... não é em ti que me refaço, refaço-me em vazios plenos de mim ...

Sentimentos estranhos te definem ... tergiversas a tudo que parece ser aquilo que – em verdade (se há uma) – te completa.
Angustia-me o vazio pleno de seus olhos que fitam o mundo como se fosse apenas algo fora de si.
Bestifica-me ouvir desesperanças de uma boca que transborda esperança emudecida por uma rudez inexplicável, por uma rudez incongruente com o todo que é ti. Tu te delatas nos gritos silenciosos que morrem na sua boca.
Esses gritos, assassinados por palavras tão frágeis quanto estilhaços de fuzis, são audíveis ... não para muitos.
Sei, evidentemente, que podem não ser suas as palavras, mas ecos de Humbertos mortos... fico sentido de saber que tudo pode ser uma ilusão construída sem ti, nascida porque regadas de lágrimas secas que brotaram assim, do nada, ou de imagens inexistentes para outros olhos que não os meus, ou que, simplesmente, brotaram de um mim que sente sem ti.

Deixo tudo para lá e vou-me assim ...
Eterno ... e terno, e sereno, e calmo e ...

Nada sinto que não se origine em mim ...
Antecipo fins para presenciar fim nenhum.
Deixo-me ao léu, ao céu ... aos ventos que carregam tudo.
Ando ... corro ... voo ... e continuo parado na minha alegria de não ter.

Basta! Afinal, para que servem as palavras, se a casa está deserta?
Ou ter a chave, se a porta está aberta?

Yes, nothing makes sense, if the sense is not sensitive.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Não sei sem ti

Natal, 01/04/2016

Queria poder sentir o que não sinto e sinto não poder sem ti.
Uma esperança que desespera e me faz esperar que o desespero passe ... e passe tudo isso que não me deixa passar.
Impressiono-me de mim mesmo e me sinto assim, sem ti, sem mim, sentido.
Muitas vezes esperei e desesperei porque queria não esperar nada e que nada me desesperasse, mas foi em vão. Vão lá todas as minhas vontades, todos os meus desejos, todos os meus eus que não queriam viver mesmo se conseguissem ...
Intenciono não lembrar de mim sem ti, mas sem ti sou eu mesmo e mesmo sendo o mesmo eu que sempre fui, não me sinto mais o mesmo. Desmesmei-me de mim mesmo porque me destruí, me destituí de ser o que sempre fui.
Coração que bate no mundo já não bate mais ... respira sangue da vida que jorra do desespero de não ser sem ti o que sem ti sempre fui.
Outrora sentia tudo sem ti, mas nada sentia de verdade. Nada sinto agora, igualmente, mas parece que sem ti tudo ainda me faz sentir que algo aqui está sem ti, não sei o que.

Também não quero saber, não quero comparar-me aos homens meus irmãos na terra que sabem ser humanos e por isso desumanos são. Não, não quero estar assim, triste; assim, cego; assim, tosco; assim ... Ah sim, quero é estar comigo e pensar que comigo vivo sempre.
Ah ... choro lágrimas de vazios inexistentes em mim completamente, mas existentes no vazio que me faz eu, assim, triste; assim, calado; assim, parvo; assim, parco; assim, insuficiente.
Insuficiente por poder pensar que nada sou sem que isso seja uma verdade absoluta, mas que cria em mim uma absoluta ilusão de não ser.

Meus dias passaram a durar a éter na idade. Éter que, como um cateter, retém sangue que se faz lágrimas nos olhos secos de vazios de ti.
Antecipo o fim do que não começou porque nem deve começar fadado que está a não ter início.
Insto-me como um coração cheio de desesperanças e espero que esta vida não me traga de volta a loucura de sentir algo que não possa controlar, que não queira controlar, que não seja controlável per se, porque é de sua essência ser o descontrole.
Loucura. Sim, sim, sim loucura que assola e arranca do peito o vazio que lhe completa e lhe enche de saudade, de esperança, de desejos, de impotência ... loucura.
Outrora não era assim, outrora nada era tudo e tudo que se podia ter e sentir e querer era um corpo para poder preencher-lhes os buracos que esperavam por prazeres doloridos, que esperavam por músculos duros a arremessar o desprazer para longe e encher, músculo e saliva, os espaços vagos da solidão da carne que viva, sentia-se morta.

Negarei sempre que assim estou sem ti: carne morta na vida que vive.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Não, não é ...

Natal, 12/11/2014.
Não, não é que eu não queira entender o que você entende por família ... não, não é que eu não queira entender o que é uma família ... não, não é que eu não queira querer entender o que você entende por família, não ... não ... é!
É que tudo o que se entende deve ser entendido parcialmente, proporcionalmente ... e tudo que é proporcional proporciona porções de um todo imaginário, de um todo imaginado, de um tudo inimaginável, um todo de poucos momentos que se juntam a outros tantos momentos que torna cada momento um único momento e um momento único ... isso é um tudo em todos os sentidos.
Forçar trazer para a realidade o todo imaginário, o todo imaginado, é uma tonteria total, uma total intotalidade totalizande de total infelicidade que nos torna totalmente incompletos: intotais.
Familiarizamo-nos com as famílias de coisas que acontecem sem que nos permitam com elas nos sentirmos efetivamente familizarizados, familiamos desejos de sermos família e, assim, órfãos sem família nenhuma, seguimos tentando sentir familiaridade com o que jamais queríamos nos familiarizar: a solidão. E, obrigados totalmente pelas circunstâncias totalizantes de nossos desejos, seguidos familiarizados com as orfandades desesperadoras. Nosso coração, órgão órfão de tudo, desola-se e se sente desfamiliarizado de si mesmo e continua, a bater no mundo, única coisa com que se familiarizou a fazer na vida que bate, bate, bate ... e nos deixa assim: apanhados.
Sim, apanhados porque batidos por corações que só sabem bater ... apanhados porque nos jogamos na sarjeta imunda de um mundo mudo de palavras essenciais que dariam a certeza de se poder confiar nas palavras ditas e entender as palavras mudas que gritam nossos sentimentos de sermos abandonados – a despeito de sermos, na verdade, abonados – e, despido de palavras mudas, somos levados por outros corações que batem imundos em seu próprio universo de solidão e desejam corações já familiarizados com outros corações que batem mudos.
Somos apanhados de surpresa em filmes que mostram-nos liberdade e felicidade e nos dão – poucas semanas depois - ostridade. Tornamo-nos ostras livres em mares mortos e somos obrigados a nos familiarizar com o sal do mar morto que salga nossa casa de ostra e nos obriga a sermos assim: pequenos de nós mesmos no ostracismo de querer ser mais familiarizados com a felicidade imaginária, com a felicidade imaginada, e termos de abdicar de todas as alegrias com as quais nos familiarizamos a vida toda.
Somos assim, um destodo de vida.
De quando em quando, o sal do mar morto acerta-nos o olho. Ostra que nos tornamos, passamos a abrir os olhos nesses momentos e vemos o jardim do qual saímos para nos jogarmos na sarjeta ... queremos novamente sair do ostracismo e poder sentir a verdade gritando em nossa cara que a alegria imaginada inexiste, mas existe a vida que imaginamos infeliz no passado, mas que se mosta desostralizante de nós no presente e isso nos move a sair da sarjeta, a sair correndo da casa de ostra para beber goles de alegrias que não se consolidam na carne, mas produzem orgasmos na alma e se traduzem em lágrimas que brotam dos olhos abertos pelo sal que sorriem ao reviver lares de paredes escuras e de alegrias escurecidas pelo silêncio de palavras ditas em filmes mudos ...

Não, não é que eu não queira entender o que o você entende, entende? Entendo. E, em tendo me familiarizado com tudo e com todos que silenciaram palavras essenciais e abdicaram de esperar a casa da ostra que me tornei se abrir para um mundo de alegrias outrora familiares, me volto para o pequeno para perceber que volto a ser o que me obriguei familiarizado: um coração que bate no mundo, um deztodo de vida que segue o seco sem sacar que o destino é seco, ou não. Não, não é...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

E então ... a vida comtinuahhh

Natal, 11/11/14.
Quando pensei que a vida estava consertada, desconcertei-me ao ver que nada tinha conserto e que, mesmo em um concerto, instrumentos gritam alegrias tristes que desconcertam a existência sem conserto que, por certo, não se percebe sequer em um pequeno excerto o que, de fato, se consegue com um aperto ... quando pensei que a vida estava concertada, ouvi os desafinos dos violinos que rugiam, dos baixos que eram agudos, das flautas que urravam ... dos pratos das baterias que eram pratos vazios de comidas sonoras ... quando pensei, era um agora, era um agora ...
Agora que, na vida, grita solidão que se deve ter sempre por perto para fazer companhia,
Nega alegrias duplas, provém alegrias unas para a dualidade de um ser só
Deposita esperança nos elementos poucos de muitos sentimentos partilhados e partidos
Regurgita passos passados presentes no coração que bate no mundo  
Espera que tudo se torne novamente vida envolvida na vida de outra vida (re)vivida ...
...
É assim ... a vida nos reveste de palavras que exigem serem retiradas de tudo e de todos para revestir-nos de nós mesmos e resistirmos a nós mesmos para que sejamos aquilo que revestimo-nos constantemente.
E há sim esperança, mas não uma esperança assim, esperançosa, mas uma desesperança aí sim desesperançosa que desesperadamente faz simplesmente aquilo que lhe cabe, aquilo que lhe é permitido: espera e não se desespera.
Esperança que não desespera a si, mas desespera a simplicidade de tudo e que a tudo deixa de esperar pelo simples fato de que esperar não é uma palavra com a qual nos revestimos ... é uma palavra que resistimos gritar porque tememos desesperar ao pô-la em nossas bocas que se unem em momentos em que a saliva grita significados ... e regurgita passados que nunca passam porque incrustam-se em nós e fazem-nos presentes passados a limo.
E assim, tua nudez coberta de notícias reveste-se de uma nuvez que obstrui os raios solares em encobrem o céu com as lágrimas evaporadas com o calor do desespero mantido nos olhos e não permitem que a sua nudez seja vista, porque é revista por olhos cobertos de palavras e protegidos por salivas não ditas, por salivas cheias de notícias que envolvem a inexistência de desesperança...
Quando pensei que a vida estava concertada, não tinha concerto: tinha silêncio de todos os instrumentos que aguardavam uma boca que os assoprasse os sonoros, de uns dedos que dedilhassem os de corda ... então, parei de ouvir meu pensamento mudo de palavras eloquentemente não ditas e de lágrimas silenciosas que molham a imagem que não pode ser vista porque inexiste.
Quando pensei ... dispensei ... depois, despensei o que pensei para repensar no que poderia pensar se tudo pudesse continuar ... e como não falamos erres finais, fiquei a ouvir meus olhos gritarem silenciosamente palavras liquefeitas que brotam naturalmente e são intensificadas por lágrimas nascidas de seu coração que me olhavam e intensificavam o desejo de pensar, por segundos viris, a vida comtinuahhh.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Choro nos olhos

Natal, 18/09/2014

Quando eu te deixei, meu bem
Lhe disse pra ser feliz e passar bem
Não quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, entorpeci

Quando eu te quiser rever
Pretendo estar refeito, quero crer
Choro nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que por você eu passo mal demais

E que venho até hesitando
Me pego chorando
Sem mais nem porquê
E tantas lágrimas rolaram
Poucos homens me amaram
Mas nem mais nem melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa não é mais sua, nem assim
Choro nos olhos, quero ver o que você diz

Quero ver como se porta ao me ver tão infeliz

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Não quero lhe falhar, meu grande amor ...

Natal, 17/09/2014.
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ...
Há momentos em que esta vida se parece desvivida, desvaída, esvaída: desvida. E de um simples som surdo, sibilante, parece nunca ser capaz de se tornar sonoro, vibrante. De desvida para dezvida há uma lacuna muito maior do que apenas uma sonorização. Falta algo vibrante.
Ou sobra algo vibrante que te inunda de ternura e te faz pensar que tudo é eterno e deixa-te sem perceber que tudo é terno enquanto dura ... e a ternura se transforma em algo eterno, solidão.
Solidão que te acompanha por todos os momentos em percebe que não quer ter de dizer que sente saudade, que sente vontade, que sente desejo, que sente anseio, que sente receio ... que sente tudo ... solidão que te assola quando percebes que sentiu tudo isso, que disse tudo isso sem abrir a boca em sons surdos ou sonoros, mas que gritou sonoramente a todos os ouvidos surdos que resistem em ouvir o que os olhos gritam a cada instante, o que os atos gritam constantes ...
Em conjunção, toda solidão é companhia incansável de todos os momentos de sol e sofreguidão ... toda solidão te persegue pela vida que se quer vivida e te faz viver a cada momento o instante de uma eternidade em conjunção com o pequeno e eterno ser que se apresenta a você como terno e se torna eterno em cada instante incessante de alegria que transborda as bordas de todas as resiliências ... e, assim, é terno!

E depois, ah ... depois é depois ... e para que querer saber do depois? Depois a gente resolve o agora que se torna ontem depois ... mas não quero lhe falhar, jamais, que minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ... sobrevivemoz.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fico aqui, me esperando

Natal, 22/08/2014
Hoje, olhei pra você no espelho e não me vi ... estranhei ... e descobri que não vejo eu-você há muito tempo ... descobri que você se perdeu de mim em algum lugar de mim mesmo que não
consigo encontrar ... que não consigo encantar ..
Desencontrei-me de mim e agora sigo sem mim mesmo num eu que anda por ai e se vê apenas em lances momentâneos de instantes poucos de parcas alegrias sorrateiras vistas de soslaio ... e, mesmo nesses instantes, tergiverso .... não olho para mim, olho para um instante incessante de mim que cessou as atividades no momento em que perdi-me de você-eu ... e não sei quando foi, mas foi quando não sei ...
Tantas reticências são esperanças de me encontra nos pontos definidos desse símbolo de vaguidão específica: pontos, três ... pontos inacabados, como inacabado está este eu que ressurge de um canto de mim mesmo que não existe mais ... um eu com raízes que flutuam no incerto que ramificam desesperanças e incertezas e brotam desespero que não ser mais quem sempre fui eu-você.
Onde eu-você está? Procuro por eu-você quando saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser, na rotina dos bares que, apesar dos pesares, não trazem eu-você e lembro-me de quando estávamos juntos eu-você, assim, simbioticamente constituídos no útero de uma mãe tola, de um pai inexistente e de uma esperança de vida que não se conseguiu interromper, porque precisava irromper de um mar de carmas anteriores para cumprir uma tarefa em prestações de vidas conseguidas a custa de outras vidas. Vidas de seres inocentes cheios de penas brancas que os impediam de voar, que os obrigava a cacarejar gritos inaudíveis de desesperos esperados e de esperanças desesperadas ...
Vidas tiradas sem sangue e entregues ao mar ...
Vidas que não suportaram um destino cruel que descruelava meu destino, o destino de eu-você, que se perderiam um do outro adiante e si mesmos ...

Saudade de ti
Intrigante ser que,
Loucamente desesperado por
Vida e vícios,
Irradia vida, amor e
Olhos sem ódio

Estou querendo você-eu de volta ... quer-me inteiro, inteiramente à vontade neste corpo que cresce para os lados e clareia os fios com o tempo que não para de passar e de deixar para trás mais e mais pedaços de um eu que se torna, a cada dia mais você, um desconhecido ... que deixa cada dia mais saudade de mim mesmo, de eu
E por falar em saudade, onde anda você?
Onde andam seus olhos, que a gente não vê?
Onde anda o carinha, que agente descrê?
Onde anda o carinho, que a vida prevê?
Onde anda o mocinho, que a alma não vê?
Onde quer que esteja você, não poderás fugir de mim, combinamos viver sempre assim, juntos ... e não te quero eu longe de mim mesmo ... e sei que você-eu me quer assim, eu-você.

Volte eu!!! Que tô aqui me esperando...

sábado, 26 de abril de 2014

Nem tudo passa ... ou é simples passado

Natal, 26/04/2014.
Vejo que a vida passa e não passam na vida a vida que é vivida com prazer ou dor, ódio ou amor ... passam as pequenas coisas que são voláteis, frívolas, mas não passam as emoções que marcam a alma e constituem-nos como corações de Clarice que batem no mundo ...
Vivi todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fizeram ser o que hoje se faz em mim vida vivida envolvida em vidas sentidas e jamais ressentidas de se ter vivido vividamente ... intensamente ... inteiramente ...
Vivo todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fazem hoje poder reviver emoções ainda não vividas em coração mudo que grita ao mundo sua intensa capacidade de sentir o que quiser, de querer o que sentir e de poder sentir sem se ressentir do que sente ou sentiu ... de sentir simplesmente o que se pode sentir: sentimentos múltiplos de alegrias mútuas e de solidão dividida com pequenos corações que são unidos por sentimentos sem sentido, mas sentidos intensamente ...
Vivi todas as coisas e maravilhei-me de tudo ... e de tudo que me maravilhei, senti saudade em muitos momentos ... sinto saudade em muitos momentos e deixo que a saudade de momentos se torne tempero de novos momentos de futuras saudades ... constituo-me assim: saudade de tudo e de todos e sentimentos por tudo e por todos que me permitiram sentir-me assim: sentimental.
Nas ruas, sinto o prazer do perigo se estar sentido o que queria sentir e sinto que o perigo me sente presente, de mim não se ressente, e continua sendo perigo que enfrento com abraços quentes em línguas quentes que sorvem de meu abraço o calor dos sentimentos que se brotam nas salivas que se encontram em línguas que não gritam nada, porque simplesmente se entrelaçam em abraços de bocas que sorvem uma da outra o prazer de sentir perigo e não ver nenhum perigo em poder correr perigo para viver uma vida perigosamente ...
Emociono-me ao ver que a vida se torna, novamente, vivida em momentos de emoção indescritível e de sentimentos que arrancam sorrisos lascivos de boca que esperava emoções sem se desesperar ... e que, agora, espera sorrisos emocionados por simples olhares ou abraços em tardes em que nada se esperava ...
Emociono-me ao ver que a vida retorna emoções diversas, sensações diversas e razões irracionais de se sentir o que se pode sentir intensamente ... e não me ressinto de nada ... e, assim, olho para o rio que passa sob meus olhos cegos a todo o resto e, de soslaio, vejo o passado presente em todos os momentos ... vejo o passado não ser passado, mas se tornar um presente para minha alma que pode sorrir novamente, sem se esquecer de tudo que a fez um dia poder sorrir largamente pela vida que estava lá, presente no passado e ser um presente no presente...
Assim, vivo em tudo e em todos que em mim viveram ... e me fizeram sorrir para a vida que me permite continuar sempre coração que bate no mundo ... e me fazem ser assim: vida envolvida em outras vidas que me vivem sem me permitir ressentir de nada, mas persistir em ser simplesmente vida ...

Venha, então, passado, sentar-se comigo à beira do rio e ver ressurgir nas águas que passam todo o carinho que encontrei no meio do caminho, venha e se lembre que me constituo de ti, que vivo assim porque passei por ti e não te deixei no passado ... trago-te comigo: presente que me foi dado e me torna, agora, assim ... carinho no meio do caminho.

domingo, 13 de abril de 2014

Pequenos pedaços de vida

Natal, 13/04/14.
Era assim ... andava pela vida e recolhia pedaços de alegria que eram distribuídos por muitos por poucos minutos e me sentia pequeno de alegria e vivia, então, pequenos momentos que me eram permitidos. Tinha, em mim, pequenos desejos de coisas grandes, de grandes emoções e de muitas emoções grandes que o tempo me deu e que guardava no coração que bate no mundo sem me preocupar.
Andava feliz e não reclamava da solidão que me acompanhava pelos dias felizes que me eram dados em doses homeopáticas pelo grande tempo de vida que tinha em minha alma alegre de ter sido alegrada por muitos sonhos realizados e por muitas realizações sonhadas e ainda por vir ... vivia e me sentia assim, grande de minhas emoções e pequeno de tristezas ... não queria não querer, não queria não amar, não queria não poder olhar para trás e dizer que não fora feliz, pois fora, e muito ...
Preparava-me para mais e, então,
Estava preparado para continuar a
Querer sentir e ter todas as emoções contidas em
Um único frasco ...
Esperava com esperanças e
Não desistia de, como já aprendera na vida, aguardar
Outros fragmentos de felicidade que poderiam me invadir ...
... e me deixar estar esperando esperanças que me faziam esperar com esperança de poder sentir a vida sem me ressentir de tudo o que pude ter em meus braços, que pude deter em meus abraços e de tudo que deixei no coração mas tive de desatar os laços físicos ...
Andava por aí, andava por todos os lados e sorria e olhava de soslaio  ...
Nada estava mal, mas estava esperando com esperança,
Desejava poder não esperar mais e – de alguma maneira – sentida meu desejo
Retesado pela vida que me invadia e dava-me, nos dias e noites de solidão, a
Esperança de poder me desencontrar da solidão para continuar de mãos dadas enlaçadas à beira do rio que passava em frente dos meus olhos e me deixava a pular de alegria ao ver-me refletido em suas águas que tremulavam a minha face e me fazia movimentos de sonhos possíveis.
Naquela noite, esperava nada como tudo que espero, não tinha amigos à volta para disfarçar a solidão que me acompanhava e nada estava ruim, tudo estava solidão em mim e não sofria de esperar ... não desesperava também, pois aprendi na vida que esperar é poder não se desesperar ... e continuar a estar estando instâncias de mim comigo e de outros consigo mesmos que pudessem querer não estar só consigo e desejassem partilhar comigo a sua solidão ... esperava quem não se desesperava e que não queria não querer mais ... e lá estava você: pequeno frasco de grandes emoções que precisava apenas de ser aberto para crescer em outro coração que batia, como o seu, no mundo ...
Estamos, então, nos debatendo e recolhendo nossa solidão ao ostracismo ... estamos, ambos, pérolas que habitam corações vazios de solidão e cheios de esperanças de não ter mais que esperar ... esperamo-nos diariamente e não nos desesperamos mais porque esperamos um ao outro invadidos de corações saudosos de um futuro de esperanças.


sábado, 22 de fevereiro de 2014

Vem sentar-se comigo à beira do ri(s)o...

Natal, 22/02/2014

Vem sentar-se comigo à beira do rio para fitarmos o curso das águas turvas que compõem a vida natural, líquida e efêmera de existências solitárias, de almas solidárias e de vidas amargas, que não rimam com nada ...
Sequer enlacemos as mãos para não desenlaçá-las com mágoas criadas pela imaginação infectada de amor vil, de desamor viril, de desesperanças que fazem com que os corações simplesmente batam, e não reguem as veias da felicidade, e alimentem as dores das angústias.
Fiquemos, então, assim, vivendo de momentos que são vividos e não embevecidos em laços de ternura ou pensamentos de candura ... Fiquemos, simplesmente.
Deixe, porém, que a mente resistente não resista aos encantos dos momentos vividos, que a mente sinta o que o coração não consegue e, então, que a vida seja assim, irracionalmente racional ... que todos os momentos poucos sejam muitos e que todos as muitas ausências sejam revestidas de sorrisos arrancados das lembranças de estar ao lado um do outro, olhando o nada turvo de águas passadas e de desesperanças futuras ... mas de momentos ... muitos segundos de alegria arrancadas de beijos nas plantas dos pés, de dedos sorvidos pelas bocas inundadas de desejos líquidos que umedecem pés e mãos desejosos de beijos ... invejosos de beijos ...
Fiquemos assim, sorvendo um do outro os prazeres possíveis, efêmeros ... para deixarmo-nos sós a seguir, cheios um do outro e inundados das lembranças daqueles momentos em que as salivas das bocas embeveciam as almas ...
Talvez tudo isso deva ser dito apenas no singular, na singularidade de apenas um – eu – mas quem se importa? Eu não me importo e você tampouco ...
Deixe-me, então, agora singular, lembrar de ti e a cada lembrança sentir o prazer de perceber meus lábios abrirem-se num sorriso só meu, um sorriso singular ... um sorriso que espera por outro e outro e outro ... e todos os sorrisos permitem que os olhos vejam o mundo com cores mais vivas, sem dores vívidas, mas sentindo os sabores da emoção vivida nos momentos em que ambos fingiam felicidade, em que ambos sentiam felicidade de estarem permeados de prazer, de emoção ... e ausentes de razão que, arrancada pelos prazeres da troca de fluidos, recolhe-se para um canto inatingível da mente, um canto obscuro ...
Ausente de razão, fico. E assim, desrazoalizado permito-me dedilhar palavras que serão lidas por alguns, entendidas por poucos, e sentidas apenas por mim, sem ressentimentos, sem amarguras, sem nada ...
E, ainda assim, sorrindo e dando “Bom dia!” às flores, e adeus às dores.
Sem amores ou dores, rio, e deixo que a emoção turbine meus poucos momentos de irracionalidade ... e sinto-me feliz em saber que, mesmo sem ti, ainda posso olhar o rio nos momentos em que rio, sem perceber que as águas são turvas, que há galhos mortos nas curvas ...

E espero que – um dia – você possa sentar-se comigo à beira do riso.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Não quero sugar todo o seu leite ... nem quero você enfeite do meu ser ...

Natal, 24/01/2014.

Quero que respeite o meu louco querer ... e aceite o meu estranho amor ... um amo que reside em mim e que nasce a cada dia fortalecido da ausência causada pelo cotidiano enfadonho da presença amada e da despresença esperada desesperadamente ...
Por isso não quero sugar nem todo o seu leite nem quero os deleites de estranhos amores perdidos nas desalegrias de ter amor e não me sentir amado como gostaria de me sentir ... como precisaria me sentir ... como não queria me ressentir ...
Na vida, vivida e envolvida em vidas embevecidas por alegrias vis e desalegrias viris, recosto minha saudade e saúdo a nova vida encontrada em desencontros e desencantos que nos deixam nos cantos de mundos idiossincraticamente cravados na existência de ser sem ter querido ser ... de querer ser o que não se é e de poder permitir a si mesmo recostar-se na solidão que assola a imensidão da vida e rouba as alegrias incognoscíveis de uma vida que se quis, que se teve e não se quis mais .... mas que se quer mais ...
Assim é meu louco querer: desquerido. Um querer que aceita os estranhos amores das entranhas e entra na subsistência insistente de uma saudade desquerida ... de uma saudade sentida e ressentida de presença vazia que preenchia os dias e as noites tristes da solidão compartilhada ...
Não quero-te presença enfeite do meu ser ... quero-te enfeite presente de meu ser ... quero desorganizar os elementos da sentença para poder sentir-me sentenciado a alegria de existir e resistir a tudo e a todos que não lhe fazem sombra ... quero-te sombra presente da minha alegria que nunca fica nas sombras, que nunca fica com as sobras ... que nunca sobra ... mas que satisfaz a necessidade de ter-se consigo o que se estranha, amor.  Amor, aqui, vocativo. Amor, aqui, invocativo ... presente em orações ditas em sentenças curtas, em alegrias viris e em prazeres solitários com visões de deuses gregos que recostam-se em outros deuses gregos para dar prazer àqueles que não puderam adentrar ao Olimpo ...
Sempre sinto-me forte,
Ansiosamente terno em minha solidão
Nebulosamente entristecido pela alegria de estar sendo sem ter sido
Tacitamente feliz ... mas triste aos olhos daqueles que
Inadivertidamente percebem a aura nebulosa que
Aflora nos sorrisos que disfarçam
Gotas de lágrimas que sequer brotam dos olhos porque retesadas pelo
Ontem que não conseguiu suplantar a ânsia de sentir-se feliz ...
... pela necessidade de sentir-se feliz, infelizmente.
Presença que enfeita meus sorrisos invisíveis em momentos de terna tristeza ...quero-te feliz ... quero-me feliz ... felizmente.

E assim, volto a ser eu mesmo: pessoa só. Uma só pessoa que não quer nada além do que pode ser querido .... e que quer ser um ser querido de maneiras que não enfeitam o ser, mas que enfrentam com o ser a vida que não é deleite, que não á aceite, mas que, igualmente, não é acinte, mas assente ao que é possível ... mesmo que não seja pro silvio ...

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Não tenho medo de morrer... tenho medo de não ter vivido ...

Natal, 22/11/2013.
Quando olhos para os lados e vejo que a vida passa a passos largos e deixa em minha alma suas pegadas, sinto-me vivo.
Carrego em mim os quelomas que me foram dados pelo prazer de poder sentir sem me ressentir, de querer sem ter – na verdade – querido tanto, mas sendo quisto por todos os que quis e tendo querido ser quisto por todos os momentos que não quis ter, mas tive sem querer ...
Carrego em mim o desejo de morrer de um eu que não existiu por muito tempo, mas que resistiu tempos infinitos em secretos semblantes de verdades não ditas porque desnecessárias no momento verdadeiro em que se faziam presentes os quereres que todos os outros que vinham querendo ter verdadeiros momentos de vida e morriam de desejo de poder sentir que a vida estava sendo mortalmente vivida, intensamente assassinada de todos os desgostos para regozijar em alegrias vívidas ...
Não, não tenho medo ... não tenho medo de nada que a vida possa me dar, mesmo que seja a sua ausência ... aquiesço aos momentos e às perdas que me são dadas pela vida porque isso é viver ... viver e não ter a vergonha de sentir o ódio e a malícia de não me ressentir de todas as culpas dos outros que me trouxeram vazios intermináveis que se esvaiam em momentos de alegrias dadas gratuitamente por gentes que simplesmente queriam um pouco mais de vida ... de vida que fosse vivida intensamente, que fosse vivida imensamente, e que trouxesse imensos vazios em mim que pudessem não ser preenchidos com nada além do meu desejo de manter o vazio ali, cheio de todos os meus medos e de todos os meus desejos insensatos que sensatamente eu queria manter ...
Sim, este sou eu que aqui estou para ti como sempre estive: nu.
Nu de mim mesmo e vestido de todos os eus que me querem os outros vestido, revestido, investido, travestido ... desses todos eus que me são impostos, mantenho a alegria de poder desnudar-me a cada momento         que vivo em mim e de mim tiro a alegria de poder, de certa maneira, ser um pouco mais assim: medroso de vidas vazias de sentimentos. Medroso de sentimentos vazios de vidas cheias de nada que são, para esses que apenas tem esse monte de nada a lhes preencher, um tudo em todos.
Cá estou, sem medo ... porque penso que estou a viver os momentos perdidos em mim que jamais tive medo da única coisa que tenho certeza: vivo!
Vivo?
Oi? Cê tem alguma dúvida?
Claro!!!
Então, Tim Tim ... eu também!


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Há dor. Há dor, ardor eu sinto ... e daí??!!


Natal, 11/12/2012.
Passei um tempo sem estar aqui porque não queria estar nem aqui, nem ali, nem acolá. Queria poder deixar de estar tudo o que sempre estive para simplesmente sentir a dor. Sentir tudo o que a vida pode deixar-me sentir, sem ti.
Há coisas que a gente sente simplesmente sem querer explicar. Há coisas que acontecem na alma que calam todos os gritos de nossas entranhas estranhas. Há. Simplesmente há. Há dor.
Há dor que me faz chorar ao ver uma propaganda que lembra ti. Uma propaganda que me faz lembrar de ti sem que você sequer existisse quando ela foi criada. Há algo que subsiste nas minhas entranhas de ti que não sei explicar, não sei porque simplesmente há, e se “há” nada deve ser explicado. E  não há nada que faça com que esse existir substanciado em “há” me faça esquecer que “há” você, que  “Ahhh! Você!?!”. Nem que me faça esquecer que tudo o que há em você continua ainda por aqui, por aí, vil, viril, senil, mas em ti. Em ti somente. Em ti que só mente. E na mente – minha – que, muitas vezes, mente não estar em ti para poder sobreviver à vida que clama por razão e me obriga a esquecer a emoção em prol de um afastamento da comoção de me sentir preso a ti. Preso porque há ti. Ti há. E, nesse desespero, reconheço ... eu não posso tirar o que há em ti de belo em prol de uma carência senil de um quarentão que não mais se reconhece no espelho e que, para os outros, não reconhece o que espelha.
Passei esses meses sem querer me esquecer de ti, sem querer me esquivar de ti, mas sem querer – igualmente – estar em ti. Passei. Passei porque precisava estar em mim e sentir o vazio que em mim habita ... precisava saber se é melhor estar vazio de mim mesmo do que estar vazio em ti. Precisava. Precisava saber que o vazio contigo era como estar vazio das esperanças de estar cheio de ti. Mais do que isso, precisava saber que não poder ter em ti, nem ver ou sentir em ti a completude de uma vontade, nem uma necessidade de ser apenas um alguém que signifique mais do que um compromisso, poderia significar a minha significância... 
Isso mesmo, uma significância que poderia ser entendida como uma mera arrogância ou uma banal desistência ... mas que seria uma forma de eu ser. De deu sentir que “para mim ser” seria preciso abdicar de uma fração de mim e de outra fração de ti. Ambos, tu e eu, estaríamos desfracionados, mas estaríamos fracionados em pedaços compostos de mais elementos de mim e de ti que se consubstanciariam capazes de subsistir sem ti e sem mim. Elementos que seriam anacrônicos, anatômicos ... anais e atômicos ... e que subsistiriam sem insistirem em nada, pois seriam nadas que são tudos .. são ervas, ervas alucinógenas ....
... paz sem meses. Na verdade, sei que tudo isso é uma forma de
Saber que a vida é
Assim, sem muitas coisas, sem
Nada. E, ao mesmo tempo, com
Tudo. Tudo o que se espera.
Isso mesmo. Tudo o que de ex, se espera.
Antes, nada esperava. E era feliz.
Gostava de estar feliz sem nada, pois
Outras coisas me completavam ... e nada era o suficiente, pois
tudo era insuficiente ... insipiente ...e tudo isso eu não queria explicar.
Queria simplesmente sentir a vida que surgia e insurgia em mim ... queria estar contigo e poder contar contigo.
Será, menino do rio – cheio de calor que não mais provoca arrepios – que a sua fortaleza se esvaiu na minha impossibilidade de estar contigo? Será, menino de Fortal ... que a esperança - a última que morre - resolveu sussurrar um silêncio sepulcral em nossas veias vis?
...
...
Foda-se. Ainda tenho mais uns oito anos de vida em que posso encontrar mais do que uma esperança. Posso ser eu mesmo, sem oito anos a mais...
Sem dor a mais ... porque não há mais dor.
Há... há penas, e apenas há pouco tempo eu nem sabia disso... e não era feliz e ninguém estava morto... estavam, todos, arrogantes, elegantes ... ... e banais. Bucólicos.
Morrera um ícone. E, com ele, morrera um anônimo: eu. E, em seguida, outro anônimo: Tu. E ambos foram enterrados como indigentes: gente que não tem twitter, nem facebook, nem Orkut, nem badoo, nem linkedin ... gente sem nada. Apenas gente com vontade enorme de ouvir um "Bom dia!”, mas um "bom dia genuíno” ...
Como me sentiria? Não quero explicar. Mesmo porque, você já entendeu .... e, se não entendeu ... parabéns: tô morto de inveja de sua ignorância que, infelizmente, o tempo me roubou .. e nem teve Boletim de Ocorrência. Aconteceu ... e permitiu que você me lesse... e pudesse dizer tudo sobe mim e minhas ideias... e, a invés de reclamar ... agradeceria pela preocupação com a sua imagem.
Xero (coisa genuinamente nordestina)