quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Cadê?

Conseguiu, enfim, juntar e juntar e juntar...
Restos, pedaços ... fragilmentos.
Insurgiu-se disjunto de tudo
Arrebatou-se para o longe

Sentiu-se inteiro de pedaços
Andava assim, pedaços inteiros.

Marcava seus passos na areia inexplorada
Ondas apagavam seus passos
Restava incógnito...
Trazia consigo o anonimato

Andava, cem rumos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Cotidiano

Cada momento, tic tac, tic tac, tictac titac
Espera ... supera.
Tem tempo, muito tempo.
Inveja o tempo. O tempo passa.
Coito. Corte. Coitado.
Ontem amanheceu, hoje, tão amanhã...

sábado, 1 de outubro de 2016

Idade não importa, exporta


Natal, outro/dia/se quer

Impregnado da alegria que exalava, que vertia de seus poros, sorriu.
Dias assim passaram a ser constantes, dias em que nada era tudo, e nada importava.
Antes, nada disso havia. Havia apenas coisas que fazia a penas.
Deveria preservar suas penas para voar, arrancava-as diuturnamente: como pinto pelado se sentia. Era assim, sem um ti, preso ao chão.
Esperava por uma exterioridade que lhe interiorizasse os desejos e o fizesse ávido de vida.

Nada adiantou esperar ... vivia esperando esperanças, mas quando veio a ter esperanças, já não sabia ter esperança.
Agradecia a Fernando, pessoa importante, por ter-lhe ensinado que não havia esperança.
Ostra ... sentia-se uma ostra rejeitada por todos os clientes do vendedor da praia. Uma ostra que voltava sem suas amigas chupadas por lábios ávidos de sua essência.

Insistia em não ter olhos para si...
Morria a cada dia que sentia desejos de ter, em tis, desejos e anseios.
Pobre! Pobre! Pobre!
Osculava a todos e não beijava ninguém ... era assim,
Raso. Não sentia nada além da epiderme ... era assim, epiderme, derme ... verme.
Troglodita consigo ...
Amava a todos e por todos que amava sentia desejos de eternamente. Tinha éter na mente... vivia envenenado de seus exteriores, de fumaças alegres jogadas em baforadas em todas as partes de seu corpo. Por vezes, chegaram à hipoderme, foram sempre hipo...

Então, um dia, dormiu,
Xafetão cheio de fios, sem energia ...
Para nunca mais acordar ....
Ostra morta! Finalmente.
Ressonava ... sentia o cheiro de sua alegria, de sua felicidade.
Travou consigo uma dúvida, um medo, um desejo, um ... Era Orlando, de Virgínia.
Acordou.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

La vem arroz ... cozido.

Natal, um/dia/espacial.

Lembrou-se de que havia vida ... a vida, ávida.
Algo a ser sentido, sem ti. Juro, senti dó!

Voltou-se para si. Se revoltou.
Internalizou, e conseguiu
Externalizar ... mas a casa estava vazia.  

Então, de nada adiantou.
Nada!

Ridículo. Assim pensou-se de si.
Orgulhou-se de sua capacidade de ser assim:
Só. (Já tinha aprendido a mentir para si, se fosse pressilvio)
Enterneceu-se de si. Odiou-se. Ouviu Grace preta, modelo:
When he takes me in his arms 
and whispers love to me
everything's lovely
It's him for me and me for him
all our lives
and it's so real what I feel
Garantia de nada tinha...  
Repensou-se, represou-se. Ainda assim prezou-se.
Amou o momento ...
Ca(n)sou-se com seu próprio sonho.
Esperou que tudo passasse. “Paz, ah se ...”, pensou.

Jamais teve.
Ontem teve. Gostou não.
Não, gostou.
Estava triste ...
Só queria não estar. Triste, né?
… só sei que foi assim.

Post Scriptum:

Mesmo assim,
Antes que tudo seja, aos olhos dos outros,
Insanidade,
Loucura,
Ou, até mesmo,
Nada.

Ouça... há um som, um
Urro!!!!

Foi
Ele
Louco? Reflita:
Isso importa?
Para quem importa?
Eu, particularmente, amigo,

Nego qualquer importância.
Espero que ele seja feliz.
Negue sua tristeza. Porque
Há de ser,
Um dia, cinza jogada no espaço,
Morto mesmo ...

sábado, 24 de setembro de 2016

Ah, drástico!


João Pessoa, 24/09/2016.

Quando tudo parece ser assim, frio,
Um fogo aquece a vida,
Estabiliza, desestabiliza.
Regurgito.

Fico assim, estranho... me estranho.
Umedeço os lábios, sinto.
Desestabilizo.
Espero ... continua ... vá embora!
Resiste.

Falta-me razão.
Ouço sons inaudíveis, espero...
Desespero.
Empalideço.

Crio, de novo, do nada
Amargos sentimentos felizes.
Recrudesço por uns instantes.
Amarro a mim minha alma que insiste em voar.
Luto eu, luta ela.
Hesitamos, ambos.
Oh, caralho! Tudo de novo?!


sexta-feira, 6 de maio de 2016

PORQUE NÃO AMO VOCÊ

Natal, 06/05/2016.
Me pego pensando, sem mais nem por que tantos homens e mulheres me amaram bem mais e melhor que você. E, quando você me deixou, meu bem, me deixou para ser feliz e passar bem ... amando e odiando como toda a gente.
Amar, verbo transitivo direto, pede, claro, um objeto. E este objeto é projetado de mim para você, que retrata um você que está em mim, que refrata um eu que penso ser você. Morre em mim a sua transitividade, morre em mim a transitividade do verbo, que vive em mim, mesmo quando você está em trânsito ...
Rabisco palavras para você que serão lidas por este você que está aqui dentro, que sou eu. Eu leio como se fosse você e você, barroco, sequer sabe que rabisco vocês ... nem eu sei quem você é porque não o quero saber ... quero é saber que existe um pedaço de mim que penso ser você, que não existe.
Insisto em perder o amor de mim para amar o você que em mim habita. E amo-o como amo romeu-e-julieta. Sinto o gosto da goiabada-julieta e espero a consistência do queijo-romeu ser rompida pelos dentes que mordem a felicidade intransitiva do queijo para se misturar ao açúcar vermelho da goiaba da fábrica de doces.
Olho para o você que vive na minha mente e não te vejo. Vejo-me e me perco de mim nesta nuvem nebulosa de eus e vocês e queijos e goiabadas e açucares sem gosto.

Detesto pensar, detesto penar, detesto pesar. E peso tantos prós e poucos contras essa ânsia de saber que nada temo, nada tenho ... tenho-me a penas.
Espero ... espero ... desespero .. respiro, piro ... inspiro você que eu criei e me inspiro nisso para viver ...

Antigamente não era assim, antigamente.
Nos cabelos bancos que insistem em nascer e se desesperam ao serem cobertos pelas cores artificiais da alegria de pensar que ainda é antigamente brotam sentimentos sem cor, descoloridos pelo tempo que pensei existir ainda.
Doravante é assim, doravante. E digo que não será assim ... é assim. Num presente eterno que se mete no meio do antigamente e do futuro que inexiste sem um eu sem você.
Rabisco um eu. E com rabiscos apago todos os vocês. Meto-os todos na escuridão do grafite que cobre os brancos de vocês inexistentes e insistentes ...  
Ando assim, ultimamente ... ando assim, antigamente: morto de ter sido tudo o que não quis e ter querido ser tudo o que poderia ter sido se fosse eu apenas.
Deixo-me aqui, assim, antigo. Deito-me aqui, assim, atingido. Fico-me assim, contido: ostra morta pelo limão, sal e pimenta à espera de uma boca que a engula.

E os ombros intransitivos suportam o mundo.

domingo, 24 de abril de 2016

Sinto? Nada!

Natal, 24/04/2016

Amanheci, mas o dia não chegou até mim, continuei noite no dia que clareia apenas a vida alheia ... e me deixa alheio à vida.
Espero momentos de alegria e me alegro quando penso que chegariam dias em que estaria eu invadido de todas as luzes que brilham no céu, mas permaneço assim, noite escura na alma, noite escura na calma.
Pergunto-me o que acontece, o que sinto, respondem as nesgas de luz que não vejo que nada houve, que tudo está normal, que tudo e todos estão vivendo suas vidas de vazios que não percebem.
Percebo o vazio.
E isso me enche que um nada que assola tudo que penso ter em mim e ser em mim ...
Olho-me no espelho e não reconheço a imagem que reflete aquele pedaço de vidro. Não sou eu ... não estou eu.  Estou nada.
E como um nada que está, respiro o ar e fico arquejante ... sobra-me o ar que não quero respirar, sobra-me a imagem que não quero ver, sobra-me um eu que não reconheço... tudo são sobras de algo que nem existe mais ... sobrou porque foi pouco ... sobrou ...
Olho o nada e vejo tudo o que não sinto refletido naqueles olhos que não reconheço ... Fecho os olhos então ... e voltam-me imagens de uma vida que se acabou.
Acabei-me quando abri os olhos, anos atrás, e vi que estava assim, enxergando o vazio dos outros, enxergando o vazio de ser algo que não poderia ser se soubesse.
Quando soube, deixei de ser.
Naquele instante morri para à consciência a vida.
Vivo agora assim: consciente de que sinto nada. E nada do que sinto pode ser um fragmento daquele que morreu ao saber.

Não quero mais saber de nada. Não quero mais o que sinto, mas, se nada sinto, o que não quero?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Sim, sei sem ti

Natal, 14/04/2016.

Muitas vezes sem ti é estar contigo em vazios eloquentes de sentimentos plenos de nadas completos em mim. Sim, sei sem ti e sei sentir sem sentir desesperos loucos ou rompantes quaisquer.
A minha glória é essa, é poder criar felicidades de coisa nenhuma, é poder sorrir com os hormônios que não produzo, é poder descriar infelicidades de saudades que existem apenas aqui, em mim ... saudades sem ti ... ou sem tis alguns que rondam a vida vazia que subsiste em lágrimas felizes e orgasmos inexistentes.
Impressiono-me de mim mesmo ao perceber que tenho, eu mesmo, a minha loucura e carrego-a como um facho a arder na noite escusa e a se apagar em corpos desconhecidos e olhos vazios de alegria que sorriem com orgasmos da carne. Sinto coisas e sinto-me pleno de loucura.
Loucura de poder perceber que assim é a vida, que assim é viver para poder sorrir sem que o sorriso origine-se externo. Loucura de saber que a sanidade é uma prisão e que a libertação não é um livramento condicional ou uma liberdade assistida. Percebo que não é lei, não há lei ... há loucuras sanas...
Outro dia me peguei a pensar que estava triste e me vi feliz por saber que era apenas um pensamento ...
Nenhum pensamento se torna sentimento pleno, penso-o e no minuto seguinte ele se foi de mim ... deixou-me sem sentimento? Não, deixou-me o sentimento ... para dar lugar a outros tantos sem ti.

Tenho a sabedoria de ser assim calmo, assim vasto, assim pleno, assim...
Ubiquidade me define. Sou isto e aquilo ao mesmo tempo, estou em diversos lugares concomitantemente ... porque sou assim, com ou sem ti ... não é em ti que me refaço, refaço-me em vazios plenos de mim ...

Sentimentos estranhos te definem ... tergiversas a tudo que parece ser aquilo que – em verdade (se há uma) – te completa.
Angustia-me o vazio pleno de seus olhos que fitam o mundo como se fosse apenas algo fora de si.
Bestifica-me ouvir desesperanças de uma boca que transborda esperança emudecida por uma rudez inexplicável, por uma rudez incongruente com o todo que é ti. Tu te delatas nos gritos silenciosos que morrem na sua boca.
Esses gritos, assassinados por palavras tão frágeis quanto estilhaços de fuzis, são audíveis ... não para muitos.
Sei, evidentemente, que podem não ser suas as palavras, mas ecos de Humbertos mortos... fico sentido de saber que tudo pode ser uma ilusão construída sem ti, nascida porque regadas de lágrimas secas que brotaram assim, do nada, ou de imagens inexistentes para outros olhos que não os meus, ou que, simplesmente, brotaram de um mim que sente sem ti.

Deixo tudo para lá e vou-me assim ...
Eterno ... e terno, e sereno, e calmo e ...

Nada sinto que não se origine em mim ...
Antecipo fins para presenciar fim nenhum.
Deixo-me ao léu, ao céu ... aos ventos que carregam tudo.
Ando ... corro ... voo ... e continuo parado na minha alegria de não ter.

Basta! Afinal, para que servem as palavras, se a casa está deserta?
Ou ter a chave, se a porta está aberta?

Yes, nothing makes sense, if the sense is not sensitive.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Não sei sem ti

Natal, 01/04/2016

Queria poder sentir o que não sinto e sinto não poder sem ti.
Uma esperança que desespera e me faz esperar que o desespero passe ... e passe tudo isso que não me deixa passar.
Impressiono-me de mim mesmo e me sinto assim, sem ti, sem mim, sentido.
Muitas vezes esperei e desesperei porque queria não esperar nada e que nada me desesperasse, mas foi em vão. Vão lá todas as minhas vontades, todos os meus desejos, todos os meus eus que não queriam viver mesmo se conseguissem ...
Intenciono não lembrar de mim sem ti, mas sem ti sou eu mesmo e mesmo sendo o mesmo eu que sempre fui, não me sinto mais o mesmo. Desmesmei-me de mim mesmo porque me destruí, me destituí de ser o que sempre fui.
Coração que bate no mundo já não bate mais ... respira sangue da vida que jorra do desespero de não ser sem ti o que sem ti sempre fui.
Outrora sentia tudo sem ti, mas nada sentia de verdade. Nada sinto agora, igualmente, mas parece que sem ti tudo ainda me faz sentir que algo aqui está sem ti, não sei o que.

Também não quero saber, não quero comparar-me aos homens meus irmãos na terra que sabem ser humanos e por isso desumanos são. Não, não quero estar assim, triste; assim, cego; assim, tosco; assim ... Ah sim, quero é estar comigo e pensar que comigo vivo sempre.
Ah ... choro lágrimas de vazios inexistentes em mim completamente, mas existentes no vazio que me faz eu, assim, triste; assim, calado; assim, parvo; assim, parco; assim, insuficiente.
Insuficiente por poder pensar que nada sou sem que isso seja uma verdade absoluta, mas que cria em mim uma absoluta ilusão de não ser.

Meus dias passaram a durar a éter na idade. Éter que, como um cateter, retém sangue que se faz lágrimas nos olhos secos de vazios de ti.
Antecipo o fim do que não começou porque nem deve começar fadado que está a não ter início.
Insto-me como um coração cheio de desesperanças e espero que esta vida não me traga de volta a loucura de sentir algo que não possa controlar, que não queira controlar, que não seja controlável per se, porque é de sua essência ser o descontrole.
Loucura. Sim, sim, sim loucura que assola e arranca do peito o vazio que lhe completa e lhe enche de saudade, de esperança, de desejos, de impotência ... loucura.
Outrora não era assim, outrora nada era tudo e tudo que se podia ter e sentir e querer era um corpo para poder preencher-lhes os buracos que esperavam por prazeres doloridos, que esperavam por músculos duros a arremessar o desprazer para longe e encher, músculo e saliva, os espaços vagos da solidão da carne que viva, sentia-se morta.

Negarei sempre que assim estou sem ti: carne morta na vida que vive.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Não, não é ...

Natal, 12/11/2014.
Não, não é que eu não queira entender o que você entende por família ... não, não é que eu não queira entender o que é uma família ... não, não é que eu não queira querer entender o que você entende por família, não ... não ... é!
É que tudo o que se entende deve ser entendido parcialmente, proporcionalmente ... e tudo que é proporcional proporciona porções de um todo imaginário, de um todo imaginado, de um tudo inimaginável, um todo de poucos momentos que se juntam a outros tantos momentos que torna cada momento um único momento e um momento único ... isso é um tudo em todos os sentidos.
Forçar trazer para a realidade o todo imaginário, o todo imaginado, é uma tonteria total, uma total intotalidade totalizande de total infelicidade que nos torna totalmente incompletos: intotais.
Familiarizamo-nos com as famílias de coisas que acontecem sem que nos permitam com elas nos sentirmos efetivamente familizarizados, familiamos desejos de sermos família e, assim, órfãos sem família nenhuma, seguimos tentando sentir familiaridade com o que jamais queríamos nos familiarizar: a solidão. E, obrigados totalmente pelas circunstâncias totalizantes de nossos desejos, seguidos familiarizados com as orfandades desesperadoras. Nosso coração, órgão órfão de tudo, desola-se e se sente desfamiliarizado de si mesmo e continua, a bater no mundo, única coisa com que se familiarizou a fazer na vida que bate, bate, bate ... e nos deixa assim: apanhados.
Sim, apanhados porque batidos por corações que só sabem bater ... apanhados porque nos jogamos na sarjeta imunda de um mundo mudo de palavras essenciais que dariam a certeza de se poder confiar nas palavras ditas e entender as palavras mudas que gritam nossos sentimentos de sermos abandonados – a despeito de sermos, na verdade, abonados – e, despido de palavras mudas, somos levados por outros corações que batem imundos em seu próprio universo de solidão e desejam corações já familiarizados com outros corações que batem mudos.
Somos apanhados de surpresa em filmes que mostram-nos liberdade e felicidade e nos dão – poucas semanas depois - ostridade. Tornamo-nos ostras livres em mares mortos e somos obrigados a nos familiarizar com o sal do mar morto que salga nossa casa de ostra e nos obriga a sermos assim: pequenos de nós mesmos no ostracismo de querer ser mais familiarizados com a felicidade imaginária, com a felicidade imaginada, e termos de abdicar de todas as alegrias com as quais nos familiarizamos a vida toda.
Somos assim, um destodo de vida.
De quando em quando, o sal do mar morto acerta-nos o olho. Ostra que nos tornamos, passamos a abrir os olhos nesses momentos e vemos o jardim do qual saímos para nos jogarmos na sarjeta ... queremos novamente sair do ostracismo e poder sentir a verdade gritando em nossa cara que a alegria imaginada inexiste, mas existe a vida que imaginamos infeliz no passado, mas que se mosta desostralizante de nós no presente e isso nos move a sair da sarjeta, a sair correndo da casa de ostra para beber goles de alegrias que não se consolidam na carne, mas produzem orgasmos na alma e se traduzem em lágrimas que brotam dos olhos abertos pelo sal que sorriem ao reviver lares de paredes escuras e de alegrias escurecidas pelo silêncio de palavras ditas em filmes mudos ...

Não, não é que eu não queira entender o que o você entende, entende? Entendo. E, em tendo me familiarizado com tudo e com todos que silenciaram palavras essenciais e abdicaram de esperar a casa da ostra que me tornei se abrir para um mundo de alegrias outrora familiares, me volto para o pequeno para perceber que volto a ser o que me obriguei familiarizado: um coração que bate no mundo, um deztodo de vida que segue o seco sem sacar que o destino é seco, ou não. Não, não é...

terça-feira, 11 de novembro de 2014

E então ... a vida comtinuahhh

Natal, 11/11/14.
Quando pensei que a vida estava consertada, desconcertei-me ao ver que nada tinha conserto e que, mesmo em um concerto, instrumentos gritam alegrias tristes que desconcertam a existência sem conserto que, por certo, não se percebe sequer em um pequeno excerto o que, de fato, se consegue com um aperto ... quando pensei que a vida estava concertada, ouvi os desafinos dos violinos que rugiam, dos baixos que eram agudos, das flautas que urravam ... dos pratos das baterias que eram pratos vazios de comidas sonoras ... quando pensei, era um agora, era um agora ...
Agora que, na vida, grita solidão que se deve ter sempre por perto para fazer companhia,
Nega alegrias duplas, provém alegrias unas para a dualidade de um ser só
Deposita esperança nos elementos poucos de muitos sentimentos partilhados e partidos
Regurgita passos passados presentes no coração que bate no mundo  
Espera que tudo se torne novamente vida envolvida na vida de outra vida (re)vivida ...
...
É assim ... a vida nos reveste de palavras que exigem serem retiradas de tudo e de todos para revestir-nos de nós mesmos e resistirmos a nós mesmos para que sejamos aquilo que revestimo-nos constantemente.
E há sim esperança, mas não uma esperança assim, esperançosa, mas uma desesperança aí sim desesperançosa que desesperadamente faz simplesmente aquilo que lhe cabe, aquilo que lhe é permitido: espera e não se desespera.
Esperança que não desespera a si, mas desespera a simplicidade de tudo e que a tudo deixa de esperar pelo simples fato de que esperar não é uma palavra com a qual nos revestimos ... é uma palavra que resistimos gritar porque tememos desesperar ao pô-la em nossas bocas que se unem em momentos em que a saliva grita significados ... e regurgita passados que nunca passam porque incrustam-se em nós e fazem-nos presentes passados a limo.
E assim, tua nudez coberta de notícias reveste-se de uma nuvez que obstrui os raios solares em encobrem o céu com as lágrimas evaporadas com o calor do desespero mantido nos olhos e não permitem que a sua nudez seja vista, porque é revista por olhos cobertos de palavras e protegidos por salivas não ditas, por salivas cheias de notícias que envolvem a inexistência de desesperança...
Quando pensei que a vida estava concertada, não tinha concerto: tinha silêncio de todos os instrumentos que aguardavam uma boca que os assoprasse os sonoros, de uns dedos que dedilhassem os de corda ... então, parei de ouvir meu pensamento mudo de palavras eloquentemente não ditas e de lágrimas silenciosas que molham a imagem que não pode ser vista porque inexiste.
Quando pensei ... dispensei ... depois, despensei o que pensei para repensar no que poderia pensar se tudo pudesse continuar ... e como não falamos erres finais, fiquei a ouvir meus olhos gritarem silenciosamente palavras liquefeitas que brotam naturalmente e são intensificadas por lágrimas nascidas de seu coração que me olhavam e intensificavam o desejo de pensar, por segundos viris, a vida comtinuahhh.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Choro nos olhos

Natal, 18/09/2014

Quando eu te deixei, meu bem
Lhe disse pra ser feliz e passar bem
Não quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, entorpeci

Quando eu te quiser rever
Pretendo estar refeito, quero crer
Choro nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que por você eu passo mal demais

E que venho até hesitando
Me pego chorando
Sem mais nem porquê
E tantas lágrimas rolaram
Poucos homens me amaram
Mas nem mais nem melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa não é mais sua, nem assim
Choro nos olhos, quero ver o que você diz

Quero ver como se porta ao me ver tão infeliz

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Não quero lhe falhar, meu grande amor ...

Natal, 17/09/2014.
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ...
Há momentos em que esta vida se parece desvivida, desvaída, esvaída: desvida. E de um simples som surdo, sibilante, parece nunca ser capaz de se tornar sonoro, vibrante. De desvida para dezvida há uma lacuna muito maior do que apenas uma sonorização. Falta algo vibrante.
Ou sobra algo vibrante que te inunda de ternura e te faz pensar que tudo é eterno e deixa-te sem perceber que tudo é terno enquanto dura ... e a ternura se transforma em algo eterno, solidão.
Solidão que te acompanha por todos os momentos em percebe que não quer ter de dizer que sente saudade, que sente vontade, que sente desejo, que sente anseio, que sente receio ... que sente tudo ... solidão que te assola quando percebes que sentiu tudo isso, que disse tudo isso sem abrir a boca em sons surdos ou sonoros, mas que gritou sonoramente a todos os ouvidos surdos que resistem em ouvir o que os olhos gritam a cada instante, o que os atos gritam constantes ...
Em conjunção, toda solidão é companhia incansável de todos os momentos de sol e sofreguidão ... toda solidão te persegue pela vida que se quer vivida e te faz viver a cada momento o instante de uma eternidade em conjunção com o pequeno e eterno ser que se apresenta a você como terno e se torna eterno em cada instante incessante de alegria que transborda as bordas de todas as resiliências ... e, assim, é terno!

E depois, ah ... depois é depois ... e para que querer saber do depois? Depois a gente resolve o agora que se torna ontem depois ... mas não quero lhe falhar, jamais, que minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ... sobrevivemoz.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fico aqui, me esperando

Natal, 22/08/2014
Hoje, olhei pra você no espelho e não me vi ... estranhei ... e descobri que não vejo eu-você há muito tempo ... descobri que você se perdeu de mim em algum lugar de mim mesmo que não
consigo encontrar ... que não consigo encantar ..
Desencontrei-me de mim e agora sigo sem mim mesmo num eu que anda por ai e se vê apenas em lances momentâneos de instantes poucos de parcas alegrias sorrateiras vistas de soslaio ... e, mesmo nesses instantes, tergiverso .... não olho para mim, olho para um instante incessante de mim que cessou as atividades no momento em que perdi-me de você-eu ... e não sei quando foi, mas foi quando não sei ...
Tantas reticências são esperanças de me encontra nos pontos definidos desse símbolo de vaguidão específica: pontos, três ... pontos inacabados, como inacabado está este eu que ressurge de um canto de mim mesmo que não existe mais ... um eu com raízes que flutuam no incerto que ramificam desesperanças e incertezas e brotam desespero que não ser mais quem sempre fui eu-você.
Onde eu-você está? Procuro por eu-você quando saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser, na rotina dos bares que, apesar dos pesares, não trazem eu-você e lembro-me de quando estávamos juntos eu-você, assim, simbioticamente constituídos no útero de uma mãe tola, de um pai inexistente e de uma esperança de vida que não se conseguiu interromper, porque precisava irromper de um mar de carmas anteriores para cumprir uma tarefa em prestações de vidas conseguidas a custa de outras vidas. Vidas de seres inocentes cheios de penas brancas que os impediam de voar, que os obrigava a cacarejar gritos inaudíveis de desesperos esperados e de esperanças desesperadas ...
Vidas tiradas sem sangue e entregues ao mar ...
Vidas que não suportaram um destino cruel que descruelava meu destino, o destino de eu-você, que se perderiam um do outro adiante e si mesmos ...

Saudade de ti
Intrigante ser que,
Loucamente desesperado por
Vida e vícios,
Irradia vida, amor e
Olhos sem ódio

Estou querendo você-eu de volta ... quer-me inteiro, inteiramente à vontade neste corpo que cresce para os lados e clareia os fios com o tempo que não para de passar e de deixar para trás mais e mais pedaços de um eu que se torna, a cada dia mais você, um desconhecido ... que deixa cada dia mais saudade de mim mesmo, de eu
E por falar em saudade, onde anda você?
Onde andam seus olhos, que a gente não vê?
Onde anda o carinha, que agente descrê?
Onde anda o carinho, que a vida prevê?
Onde anda o mocinho, que a alma não vê?
Onde quer que esteja você, não poderás fugir de mim, combinamos viver sempre assim, juntos ... e não te quero eu longe de mim mesmo ... e sei que você-eu me quer assim, eu-você.

Volte eu!!! Que tô aqui me esperando...

sábado, 26 de abril de 2014

Nem tudo passa ... ou é simples passado

Natal, 26/04/2014.
Vejo que a vida passa e não passam na vida a vida que é vivida com prazer ou dor, ódio ou amor ... passam as pequenas coisas que são voláteis, frívolas, mas não passam as emoções que marcam a alma e constituem-nos como corações de Clarice que batem no mundo ...
Vivi todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fizeram ser o que hoje se faz em mim vida vivida envolvida em vidas sentidas e jamais ressentidas de se ter vivido vividamente ... intensamente ... inteiramente ...
Vivo todas as emoções e não deixo de recordar-me de todas aquelas que me fazem hoje poder reviver emoções ainda não vividas em coração mudo que grita ao mundo sua intensa capacidade de sentir o que quiser, de querer o que sentir e de poder sentir sem se ressentir do que sente ou sentiu ... de sentir simplesmente o que se pode sentir: sentimentos múltiplos de alegrias mútuas e de solidão dividida com pequenos corações que são unidos por sentimentos sem sentido, mas sentidos intensamente ...
Vivi todas as coisas e maravilhei-me de tudo ... e de tudo que me maravilhei, senti saudade em muitos momentos ... sinto saudade em muitos momentos e deixo que a saudade de momentos se torne tempero de novos momentos de futuras saudades ... constituo-me assim: saudade de tudo e de todos e sentimentos por tudo e por todos que me permitiram sentir-me assim: sentimental.
Nas ruas, sinto o prazer do perigo se estar sentido o que queria sentir e sinto que o perigo me sente presente, de mim não se ressente, e continua sendo perigo que enfrento com abraços quentes em línguas quentes que sorvem de meu abraço o calor dos sentimentos que se brotam nas salivas que se encontram em línguas que não gritam nada, porque simplesmente se entrelaçam em abraços de bocas que sorvem uma da outra o prazer de sentir perigo e não ver nenhum perigo em poder correr perigo para viver uma vida perigosamente ...
Emociono-me ao ver que a vida se torna, novamente, vivida em momentos de emoção indescritível e de sentimentos que arrancam sorrisos lascivos de boca que esperava emoções sem se desesperar ... e que, agora, espera sorrisos emocionados por simples olhares ou abraços em tardes em que nada se esperava ...
Emociono-me ao ver que a vida retorna emoções diversas, sensações diversas e razões irracionais de se sentir o que se pode sentir intensamente ... e não me ressinto de nada ... e, assim, olho para o rio que passa sob meus olhos cegos a todo o resto e, de soslaio, vejo o passado presente em todos os momentos ... vejo o passado não ser passado, mas se tornar um presente para minha alma que pode sorrir novamente, sem se esquecer de tudo que a fez um dia poder sorrir largamente pela vida que estava lá, presente no passado e ser um presente no presente...
Assim, vivo em tudo e em todos que em mim viveram ... e me fizeram sorrir para a vida que me permite continuar sempre coração que bate no mundo ... e me fazem ser assim: vida envolvida em outras vidas que me vivem sem me permitir ressentir de nada, mas persistir em ser simplesmente vida ...

Venha, então, passado, sentar-se comigo à beira do rio e ver ressurgir nas águas que passam todo o carinho que encontrei no meio do caminho, venha e se lembre que me constituo de ti, que vivo assim porque passei por ti e não te deixei no passado ... trago-te comigo: presente que me foi dado e me torna, agora, assim ... carinho no meio do caminho.