quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Vi seu perfil. Tá a fim de teclar?

Natal, 27/08/2008.

Sim, você viu meu perfil. E daí? Quer teclar? Compre um teclado e fica lá, que nem doido, batendo os dedos nele ... ele vai até gostar .... faz isso. Faz amor com o teclado, namora o teclado, beija o teclado, abraça o teclado e dorme. Você vai poder até roncar que o teclado nem vai ligar ... vai ficar inerte, esperando seus dedos o procurarem para mais umas batidinhas ... Não .... não estou a fim de teclar. Definitivamente, não!
Se eu quisesse teclar, não poria meu nome no site para você ficar que nem idiota me perguntando se eu quero teclar. Bah! Teclar ... já estou teclando, não tá vendo?
Ninguém que coloca um anúncio numa porra de site quer teclar .... quem põe um anuncio quer outra coisa, porque teclar ele já tecla quando coloca o nome no site ... doido ... Percebe, então o que eu quero? Quero você ... é .. você.
Quero que o teclado seja legado ao pano de fundo da vida .. deixe de ter a importância de me satisfazer com os dedos ... é .. os dedos ficam satisfeitos quando tocam o teclado ... dedilham .. mexem .... aparecem coisinhas na tela ...
Quero outras dedilhadas, outras coisinhas aparecendo. Por isso estou lá, esperando você fazer essa pergunta cretina.
Ta bom, ta bom, ta bom .... entendo que você está metaforicamente querendo saber de mim .... mas por qu~e cargas d´água não pergunta de mim .... pergunte assim;
Ei, gostei do seu perfil e quero te conhecer melhor, ta a fim? Pronto. Esqueceu do teclado, ta vendo? É fácil....
E você, tá a fim de teclar? Eu sei que não ... você tem seu teclado para teclar, você tem sua telinha para saber que eu estou lá querendo alguém que queira que eu a queira .... e que me queira ... é uma querência só .... Eu quero, tu queres ele/a quer ...
Quero é o nós queremos .... vê num tô a fim de eu teclar e de você teclar ...
To a fim de noisá .. é noisá ... (é assim, noisá é fazer de um um nós, entende? Nós ... mas para escrever nosá ia ficá horrível, preferi o noisá ... peguei do nóis ... eu, tu, ele, nóis .. viu?)
Então vou responder sua pergunta com uma assertiva. Vai ficar assim nosso diálogo:
- Ei, ta a fim de teclar?
- To a fim de noisár. (viu, com ponto final, seco)
- O quê? [nesse momento fico puto – vê usei o colchete que é chique, parece coisa de peça de teatro .... acho que to meio Brecht ... tem um amigo meu que, se ler isso, me bater na cara até eu sangrar !!!!! – Ei Junior, ce ta legal?)
- Bem, noisá [daí eu explico que porra é essa de noisá pra múmia que não entende – imediatamente me desinteresso]
- Ah. [esse “ah” é lido como um reforço da ignorância da múmia .... acabou, mesmo, o tesão .... mas daí, vô lá vê as fotos do perfil da múmia. Volta o tesão – se é que você me entende ....]
- Na verdade, to, sim a fim de teclar. Tudo bem contigo? Tc de onde? [Esse é o início do papo filosófico a respeito da geografia da Internet, que deixa tudo próximo - dos dedos ... mas é a vida .... as fotos .... huuummmmm....]
- Me passa seu msn. [imediatamente me lembro dos tururum, tururum, tururum .... quase vomito .... mas as fotos ....]
- Meu msn é gatolindodornarrobarrotimeiupontocom (todo mundo se acha lindo no nome do emeiu ... uma criatividade insana ...)
- blá blá blá ...
tururum tururum tururum
E tecla daqui, tecla de lá ... mais tecladas, dedinhos beijando o keyboard, isso, aquilo ....
... O ENCONTRO .....
- Oi .. ce é diferente na foto ... [imediatamente odeio o photoshop – faço cara de inteligente, culto, e que está interessadíssimo nas drogas que vou ouvir ...]
- ble ble ble .. bli bli bli .. blo blo blo [penso: será que essa múmia sabia que já inventaram analista? – faço cara de não sei o quê]
- Tenho de ir. [O uso da preposição de depois do verbo ter dá um ar de chique no úrrtimu!]
Definitivamente, to a fim de noisar ... ms será que dá para noisar com quem só sabe teclar? Aliás, nem sabe teclar ... a gente fala que sabe só para não dar na cara que vê uma porrada de erros que não são de teclagem ...
É, tem erro de teclagem, da pressa, do teclado sem fio, de um monte de coisas, mas tem uns que não tem concerto ... imagine .... um erro e, para arrumar, uma banda, cantando Vivaldi ... tem concerto certo não ...
Então, viu meu perfil? Ele tem photoshop não .. tem eu, a fim de noisá ... e o seu?

sábado, 16 de agosto de 2008

Se separaram ... e foram felizes para sempre.

Natal, 16/08/2008.

Quando você me deixou, meu bem, não me disse para ser feliz ou passar bem ... não me disse para ser infeliz .... apenas se separou. Foi. Eu fiquei .... você não quis que eu saísse. Preferiu sair ... decisões ... Agora, olho nos olhos e não quero ver o que você diz ao sentir que sem você estou tão feliz .... me pego cantando, sem mais nem porquê... ah ... tantas lágrimas rolaram ...
Foi ... fomos ... a vida nos quis assim ...
E assim estou, aqui. Parado ... tarado ... estou. Sou. Assim, desse jeito.
Não quero mais saber se estou com, se estou para, se estou em .... estou .. e vou estando como se estar fosse a eternidade. Estando, no gerúndio, para dar a idéia de que é longo, longitudinal, transversal, intravenoso ... é intravenosar .. é esse o verbo que conjugo.
Intraveno-me e me intrasinto .. intrasentir ....
É sempre um estar interno, intra, dentro, profundo, uterino .... comigo (e com a minha inseparável amiga solidão, que me acompanha, e que me faz companhia ...
Descobri, muitos reais depois, que estou fazendo o que me propus: vivendo. Nada de pensar que o amanhã pertence a uma entidade divina, a um ser cujo dom da ubiqüidade é intrínseco, não ... estou intravenosando me hoje e amanhã ... estravenosarei-me sempre e sempre estarei a minha disposição.
Vivo porque não quero a morte, quero a sorte, o corte, o porte, o norte... e sou eu meu norte. Eu, ponto cardeal de mim mesmo ... e quero ser este ponto cardeal, quero-me intravenosando-me eternamente, continuamente, sensivelmente.
Trabalhei, cansei-me ... dormi ... acordei de sobressalto ... me vi abraçado à solidão ... confortante ... a casa estava vazia de outros, mas cheia de nós. Solidão e eu preenchíamos cada centímetro quadrado desta construção ... e estávamos felizes conosco.
Paz ...
Jaz ..
Aqui ...
Namorei comigo, a solidão assistiu... não fez barulho. Ela sabia que naqueles momentos nem ela poderia me acompanhar ... eu só queria a mim ... e ela, como voyeur da minha encarnação comigo .... intravenosando-me ...
... um cigarro ... (não é vício, nem o café o é, nem um trago o é ... são companheiros meus e da solidão e do Lobão e de todos os eus que moram nesta cidade minha ...)
... uma esperança .... esperança de manter-me comigo, em mim ... intravenosando-me e sentindo o pólen de mim mesmo me molhar ... e umedecer a minha existência comigo mesmo .... nu ...

Faz tempo que a vida
Está me dizendo que os
Louros são para serem colhidos solitariamente,
Intensamente ... em silêncio,
Calado,
Inveteradamente calado ..
Dentro de si mesmo ...
Antes, durante, depois e
Depois de depois,
Eternamente ....

E custei a perceber isso ... custei a me dar conta de que as contas são minhas, que a vida é minha, que a existência é minha ... que eu estou comigo ... nasci comigo e comigo morrerei feliz ... infeliz ... mas comigo ... em mim.
Quero abrir a cortina e ver nos raios do sol os eus que me compõem, os eus que me desconfiguram e reconfiguram-me comigo ...
Quero-me. Não escrevo mais para o inexistente, escrevo para o inexistente que existe em mim e, portanto, não inexiste, existe, insiste .... riste ... e não mais triste .. assim, um eu que é tudo, e que é nada, mas é tudo ... no nada que é ...
Quero abrir as portas, sentir o ar, ver o mar, pestanejar, atentar e me alegrar ... alegrar a alegria intravenosando-me, intrasentindo-me ...
E quero dizer, aqui, para mim (e para você que perde seu tempo dando-me seus olhos na tela) que estou aqui, comigo, e te espero, comigo mesmo ... me faço companhia, venha, seremos três: eu, você e a solidão ... mas não tenha pressa ...
Venha quanto estiverem todos prontos: você, eu ... e a solidão. Daí entravenosaremo-nos de nós ... sós conosco.

sábado, 9 de agosto de 2008

A você, que não existe ...

Natal, 09 de agosto de 2008.

Esta é para você, que tanto procurei e que jamais encontrei ... jamais encontrei porque não te inventaram ainda, não te criaram ainda, não te pensaram ainda ... nem mesmo eu, que te procuro, te pensei. É, entenda você, inexistência, que ainda não existe um você consolidado ... cê tá lá, nas entranhas de qualquer testículo (será que testículo tem entranha? Sei não, mas é metafórico isso ...), ou melhor ... cê ta se inventando ainda ... portanto, se pensa que existe, não existe.
Inexiste para mim, inexiste para esse cara aqui que ta pensando em ti sem saber quem é esse “ti” .. talvez porque não queira, eu, um ti, queira, sim um espelho .... um espelho que acompanhe como acompanha a solidão ... um espelho que busque o que se busca quando se busca ... entende?
É isso, você ainda é a busca!
E uma busca que dura muito tempo e muito quer dizer muito, e pode ser pouco, depende do ponto de vista. Agora é muito tempo .. pode ser horas, dias meses, anos .... a gora é meses ....
Busco-te há meses. Viu? Ficou fique .... Há meses ... e meses podem se transformar em anos, anos em décadas .... mas tem sempre a busca ....
Encontrei outra companhia para minha vida: a busca ... não a busca incessante, ávida ... mas a busca calma .... aquele que se assemelha à espera. Simples assim .. tô na espera .. na espera de que ao inexistente exista, que o inexistente se sinta importante a ponto de se dar ao trabalho de falar “Oi, sou o inexistente” e passar a existir.
É complicado de explicar o que exatamente estou falando aqui ... eu estou, eu mesmo, em mim (viu, o pleonasmo nem sempre é pleonástico .. pode ser enfatizador. É assim que estou utilizando aqui ..) buscando compreender o inexistente que está à espreita .... espreitante .... é .. o espreitante é o que estou à busca ... espreitante inexistente. E busco ... ou melhor, espero ....
Engraçado .. espero lembra esperança ... e esperança é tão forte, tão tão tão que se basta por si .. mas a espera pe algo fraquinho. Assim: vô fazê nada não, vô esperar ....
Mas não estou à espera com ânsia .... nem com ânsia de desejo, de antecipação, nem com ânsia de vômito ....
To aqui, quieto, calmo ... esperando ...
Nem adianta pensar naquela bobagem de quem espera sempre alcança (coisa besta, essa, parece coisa de revista capricho!), quem espera não alcança nada, espera ... se fosse para alcançar, estava alcançando ... Ei, que ce ta fazendo aí fazendo nada? To alcançando ...
Num to alcançando o inexistente espreitante, não .... estou aqui, eu, simples ...
Claro que
Outras coisas
Me fazem ficar
Interessado em ser
Guiado por
Ovnis ....
Mas OVNIS também não existem.... nem são identificados .. e são voadores ... são um nada no meio do nada que é tudo, no meio desta imensidão de solidão amiga e de busca incessante parada ....
To assim ... parado ... e tô cum vontade de não mudar isso ...
Que delícia ... a calma tem dessas coisas, te deixa feliz, consigo. Não é? Se você não conhece esse sentimento, preocupe-se não ... espere, parado .... vai chegar a sua vez ...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Nada de greve ...

Natal, 7 de agosto de 2008.

Não, eu não estava de greve ... não estava de férias .... não estava de nada ... estava comigo. E com a minha inseparável solidão .. ela esteve aqui, me perturbando com seus gritos, com suas lamentações, com suas comiserações ... e eu ... aqui.
A Noiva tinha dado uma trégua, estava calma, não chorava. O Sol, então, dela se aproximava e deixava os dias mais quentes, mais gostosos de se viver ... parei de escrever, então, para curtir minha amiguíssima solidão e minha Noiva (é, posso dizer minha porque a escolhi, moro nela, né? Não precisa ficar, você natalense, com ciúmes, nesta Noiva, todos têm vez) agora, ela ta chorando .. eita ... volto para mim mesmo, então ...
Volto e fico a pensar o que será que está acontecendo aqui dentro. Sei não! Sei que não tô nada ... não tô triste, não tô alegre, não tô ... mas tô ... tô pensando em mim.... e nas coisas que quero para mim. Quero o Carteiro, só ele ... nada de ficar loucamente procurando outros braços para me sentir o Carteiro. Sou ele e não sei se quero dividi-lo agora com qualquer outro ser vivente ... talvez não queira ... e não tenho de querer, tenho? Não...
Visitei bocas ... gostei delas ... boas para se sentir acalentado (vê, acalentado é uma palavra assim, sem emoção .... Ei, como cê tá? Tô acalentado ... Valha!) e nada mais ... Encontrei até algumas que me fizeram pensar em ser mais do que um alento .... deu não ... eram do Ceará .... (Droga! Vê .. agora tem emoção ... porque quando a gente fala “droga!” ou “Merda!” ou “Puta que pariu!” tem emoção .. e a emoção é gradada assim, desse jeito, a primeira, pegando o tranco, a segunda mais intensa e a terceira, bem a terceira, “puta que pariu!” – rs) é isso ... eu tava pegando no tranco ...
To agora em marcha lenta .. primeira ou segunda, sabe? Ando, vejo a paisagem olho uma boca aqui, outra ali ... entro numa, sinto o clima ... viro de lado.... encontro outra .. nem entro ... outras me olham, sorriem .. ignoro .... e vou seguindo ... como se a vida fosse isso: visitar bocas ....
Depois vejo o que faço com o resto ... Ah ... tem o resto .. e o resto é ficar aqui e ali, ensinando isso para alguns aquilo para outros, aprendendo para ensinar ... ensinando para aprender ... Vida de ensinante é assim mesmo ... trampo, trampo, trampo ... em alguns momentos, grampo ... é ... tem grampo aqui e acolá ... grampo em forma de aluno, grampo em forma de chefe ....grampo ....
Mas é só esperar, pegar o grampo, por no cabelo e sair assim como Fita Verde no Cabelo ... descompromissadamente mas muito comprometido ...
Lembrei de uma musica que a Gal gravou .... ficou linda na voz dela (é, sei que ela fica gritando feito louca, ms esquece aqueles graves malditos que só ela tem e escuta) : Socorro eu num tô sentindo nada .... nem medo nem calor ... nem vontade de chorar, nem de rir .... Socorro alguma alma mesmo que penada me empreste suas penas ... Já não sinto amor, nem dor .. (eita dor de cotovelo ...)
Só que tô com dor de cotovelo não ... to simplesmente comigo .. querendo estar comigo e com as poucas amizades que fiz (ou me fizeram) nestes últimos meses ... tá legal assim ... tá bom assim ... tá interessante assim ....
Sabe aquele desespero de encontrar braços e ombros para me recostar? Então .. tem mais não ... e é tão bom ter desespero não que cê nem imagina ... fico agora feliz com o Carteiro, é, eu, o Carteiro ... e espero que os braços e ombros que vão surgindo no caminho, que as bocas que vão surgindo no caminho sejam bons, por si, para si .. e para mim como conseqüência ... inverti a ordem .. e to é feliz com isso ...
Mas to dando muita risada não ...tô na lida ... e num to de greve ... tô fazendo operação tartaruga ...
Ei ... e cê? Tá como???