Natal, 17/09/2014.
Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo,
tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ...
Há momentos em que esta vida se parece desvivida, desvaída, esvaída:
desvida. E de um simples som surdo, sibilante, parece nunca ser capaz de se
tornar sonoro, vibrante. De desvida para dezvida há uma lacuna muito maior do
que apenas uma sonorização. Falta algo vibrante.
Ou sobra algo vibrante que te inunda de ternura e te faz
pensar que tudo é eterno e deixa-te sem perceber que tudo é terno enquanto dura
... e a ternura se transforma em algo eterno, solidão.
Solidão que te acompanha por todos os momentos em percebe
que não quer ter de dizer que sente saudade, que sente vontade, que sente
desejo, que sente anseio, que sente receio ... que sente tudo ... solidão que
te assola quando percebes que sentiu tudo isso, que disse tudo isso sem abrir a
boca em sons surdos ou sonoros, mas que gritou sonoramente a todos os ouvidos
surdos que resistem em ouvir o que os olhos gritam a cada instante, o que os
atos gritam constantes ...
Em conjunção, toda solidão é companhia incansável de todos
os momentos de sol e sofreguidão ... toda solidão te persegue pela vida que se
quer vivida e te faz viver a cada momento o instante de uma eternidade em
conjunção com o pequeno e eterno ser que se apresenta a você como terno e se
torna eterno em cada instante incessante de alegria que transborda as bordas de
todas as resiliências ... e, assim, é terno!
E depois, ah ... depois é depois ... e para que querer saber
do depois? Depois a gente resolve o agora que se torna ontem depois ... mas não
quero lhe falhar, jamais, que minha dor é perceber que apesar de termos feito
tudo, tudo, tudo o que fizemos, nós já não somos os mesmos nem vivemos ... sobrevivemoz.