sábado, 29 de novembro de 2008

Que queres eu de mim? Tu? Não, eu! Sem tu ...

Natal, 29/11/2008.

Sinto que não sei mais o que quero para este eu-coração que não mais bate no mundo. Bate no mudo. Porque descobre que o silêncio de seus quereres é uma usurpação de suas vontades plenas de desejos inexistentes no agora.
E agora?
Há momentos em que a vida pede arrego. Em que os desejos cessam para dar lugar ao não-desejo, ao não-anseio, ao não-não-sei-o-quê ... e penso: será que estou louco? E descubro que não estou louco, estou pouco. Pouco de mim.
Houve tempos em que tudo o que desejava era desejar. Não desejo mais. E o que faço? Entendo que não-desejar é estar pleno de algo que não sei o que é, é estar desejando desejar e não desejar porque o desejo tornou-se ambíguo e deseja não desejar ... é complexo isso. E é complexo por demais pensar que desejar o não desejo é, ainda assim, uma forma de desejar.
O ser humano sempre vive à procura de algo que o complete, que o encha de vida e que o torne a razão de sua própria existência ... e, infelizmente (ou felizmente, sei lá?!), quando descobre que o que o completa é ele mesmo, não sabe o que fazer ....
Estou assim: completo e cheio de mim. Cheio porque estou completo comigo ... e cheio de saber que não estou procurando mais nada ou ninguém que me complete porque me sinto completo e, nesta completude, me sinto, igualmente incompleto.
Por quê?
Porque as pessoas, a sociedade, o mundo, minha mãe, minhas irmãs, meus amigos .... todos eles jamais puderam sentir a completude de si mesmos ... e me ensinaram que estar completo é ter um outro que possa ratificar esta completude .... aprendi .... e, agora, entendo que não deveria ter aprendido algo que não é verdade, que não sinto, que não sei se quero para mim mesmo ... agora, meu pai Oxalá, me sinto eu cheio de mim ... e incompleto porque me sinto completo.
Queria eu querer um outro para partilhar .. e não quero. E fico na dúvida. Estou eu louco ou estão loucos todos os outros que plantaram na minha mente adolescente uma erva daninha que invadiu de suas raízes os meus desejos de mim ... Essa dúvida, porém, dura poucos segundos. Sei que eu sou o que está em mim e que está não querendo nenhum outro para mudar minha existência ... ou para dar a mim, ser eu-coração que bate no mudo, uma penitência ... porque me penitencio a mim mesmo já ... e não quero um juiz externo para dizer o que deve querer este eu interno, meu, só meu .... e não quero mais nada. Só quero poder nadar ... e neste nada em que nado, sentir que estou feliz e poder dizer que estou feliz e ponto. E posso.
E faço ... ou não faço, mas digo que faço para que os outros todos não-eus que estão a minha volta acreditem que o faço .... e todos acreditam. Portanto, faço.
Quando comecei a escrever, queria dizer que estou triste. Queria poder chamar a atenção de todos para a minha dor ... mas era tudo mentira. Não tem dor e eu não quero a atenção de ninguém ... porque estou eu em mim mesmo e estou bem comigo mesmo.
Sinto, vez por outra, uma vontade de ter alguém que entenda o que digo, que entenda o que quero, que entenda o que não digo e que entenda o que não quero .... mas não quero mais esse alguém porque estou bem sem ninguém .... aprendi, a duras penas, que a vida não é double, é single .... e sigo single pela vida double.
Não desejo mais ... estou. E estando vou querendo não querer e não querendo querer, mas querendo assim mesmo. Quero poder dizer que encontrei-me eu-coração que bate no mudo silencioso. Silencioso para todos os eus que não são eu mesmo ... eloqüente, claro, mas silencioso na minha eloqüência e eloqüente no menu silêncio de passos nos quadrados da vida .... porque entendo que a vida é quadrada e que eu, redondo e circular, quase cônico, quase icônico, brinco de ser cômico para poder sorrir para mim e dizer que quero não querer.
E quero não querer ....
Olhopara os lados e vejo pessoas, outros não-eus que me admiram ... outros que apenas me miram .... mas todos me miram ... e miram um eu que não sou eu mesmo ...porque estão cegos ... ou eu os cego. Na importa.
Vejo que tudo o que sempre quis está aqui, em mim ..e ressinto de ter querido não querer ... mas me regozijo... dúbio? Ambíquo? Sim, tanto dúbio quanto ambíguo ... porque descubro um eu-coração ambíguo ...
Um eu-coração que não quer mais casar e ter três filhos, que não quer mais ter outros eus em si para compartilhar porra nenhuma ... porque a partilha já de seu ... já se compartimentou a importância de partilhar .... nada mais importa. Tudo exporta. Tudo exorta.
E eu, sigo sozinho .... querendo querer e adorando não querer.
Porque tudo o que quero, na verdade, é entender que o eu-coração que bate no mudo, grita no silêncio eloqüente da vida ... e vive a penas. E vive apenas.
Mas vive ... e vive, e vive e vive ... ou não.
Que importa? Sou assim, freudianamente dividido .... tripartido ... e vivo ente o eu, o tu, o ele .... e esqueci-me de como se conjuga o nós ... mas dá vóz a eles ... sempre.
E eles dizem nada ... num silêncio eloqüente.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Muda! Muda? Não, muda!!

Natal, 17/11/2008.

De solidão em solidão, o eu-coração passa a pensar em muda. Muda! Muda? Não, muda! ... que coisa! Uma só palavra, uma só sonoridade, uma só entonação. E, pelo menos três possibilidades de se entender o muda...
A primeira, impossível: muda, verbo conjugado, no imperativo, segundo a ótica de algumas regiões brasileiras. Uma ordem vinda de um ser outro que não o eu, que não o que o eu quer para si, que não o que o eu pode fazer. É algo impraticável, inacessível ... intangível. Mudar, verbo. As pessoas não estão no mundo para mudar, muito menos estão no mundo para receber uma ordem de mudança. Não o fazem. Simples assim! Enquanto verbo, “muda” é um silêncio, uma fonte impraticável de qualquer coisa ... uma abstração. Para entender como esse muda silencia é simples, basta ver como as pessoas se retesam ao perceber no outro qualquer necessidade de mudança: fogem. E com razão! Por quê? Porque a razão da mudança, do muda que silencia, não está no outro, está no eu, que se sente carente de igualdade, de semelhança ... não há outro que o mude. O outro o silencia, apenas. Mudar, verbo, é algo que se faz durante a vida, no decorrer das necessidades dos eus que se sentem tangíveis e intangíveis, côncavos e convexos de si ... ao se sentirem desconfortáveis em si, mudam, sem imperativos, simplesmente deslocam-se para outro canto, para outro qualquercoisa ... mudam para e por si ....
A segunda, triste, é adjetivo: muda. Sem palavras, sem expressão, sem significação fora do silêncio de sua mudez ... é muda, simples: calada. E no seu silêncio consubstancia intangíveis significações para si. Em seu silêncio significa para si e adjetiva a vida em que subsiste. Sim, subsiste! Triste, embora riste aos olhos de todos os outros que vivem no mundo de silêncio imperativo. É a adjetivação da aquiescência ao universo que grita gritos de silêncios eloqüentes, quentes, freqüentes... silêncios que trazem à vida uma voz inaudível ... silêncios que trazem para a dor uma vontade de ser dor audível ... e morre no desejo de ser ouvida. Não há muda que se torne palavra, torna-se silêncio de significados mórbidos ao som de um bolero tocado na esquina da Ribeira ... ao som da dor que silencia as palavras de todos os outros gritos de silêncio ... e silencia ... emudece. Tira do eu-coração que bate no mundo o estampido, o barulho ... e o torna bagulho, fagulho de uma esperança silenciada pelas evidências .... e pelas aparências.
A terceira, vívida, é substantivo: muda. É o galho arrancado de uma roseira que se põe à terra que o alimenta e o torna uma nova roseira, uma nova vida vívida de cores intangíveis tal qual suas pares homônimas de sonoridade. Mas muda! E muda de um mero galho para ser caule de uma nova vida ... de uma nova substantivação da esperança muda que não muda porque insiste em ser mudança .... em ser muda, substantivo concreto. Nesta muda, a vida. A vida que é extraída de um pedaço de outra vida ... é a costela de um Adão vegetal que dá nova vida à sua existência fálica, fática, enfática ... é a nova muda. Muda que se concretiza em vida nova a cada gota de orvalho que beija o solo e, por osmose, transmite nova vida à muda que foi mudada ... pelas mãos de um jardineiro senhor: o destino. Sim, o destino! É ele que percorre a ordem, o silêncio e torna muda todas as mudas silenciadas pelas ordens de outros. Consubstancia-se substantivo e permite uma vida própria, uma significação própria ... uma muda própria, porque amadurecida pela brisa do destino fiel ... cruel, às vezes, mas fiel à sua função primordial associada ao tempo, que sabe passar ... e passa e traz vida nova à muda. Tira-a do silêncio, tira-lhe a subordinação da ordem ... e a presenteia com sua significação própria.
Em todas as mudas, um eu-coração que bate no mundo. Um eu-coração Clarice, um eu-coração que escarra nas bocas que beija, toma um cigarro ... e sabe que o beijo é a véspera do escarro, que o sonho é o prenúncio do pesadelo, que a calma é uma fantasia silenciosa da turbulência ... que sabe que a vida, para ser vivida, não precisa estar envolvida na vida de outra vida, porque entende a vida como única, porque sabe que viver, como amar, é verbo intransitivo ... e ama viver a vida, em silêncio eloqüente. Tudo isso para dizer que o eu-coração que aqui dedilha no teclado palavras silenciosas aos ouvidos, e eloqüentes às mentes prementes, já fez uso de todos os sentidos de muda. E mudou ... mudou para ser livre de quaisquer obrigações que não aquelas necessárias à subsistência ... que mudou para parar de insistir na mudança do outro ... que mudou para dizer ao outro que qualquer mudança que venha a fazer será conseqüência de uma necessidade de mudar de si próprio ... e que não está disposto, este eu-coração, a aquiescer a qualquer ordem, a gritar para quebrar qualquer silêncio, a arrancar qualquer galho para transformar em nova vida ... porque entendeu que a vida impera, a vida silencia ... e a vida muda a perspectiva adolescente de mudar ... este eu-coração é mudo, porque se entende como muda de silêncio imperativo que brota no mundo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Equi libra: dez tubos pseudo Lógicos.

Natal, 6/11/2008.

Na lógica da realidade, o ilógico. Lógico! Como é que as pessoas estão neste mundo irreal, que sentem real, e imaginam que estão em estágio de equilíbrio? Sei não. Afinal, o que é o equilíbrio na visão de tantos outros eus-corações-mentes que se sentem mais mentes do que coração e mentem que são coração? No fundo, são não. São mentes subordinadas às mentes dos outros todos, com pré-conceitos tão incognoscíveis que, no trato com o não-outro, perdem sua noção primordial de mente, porque não se explicam nem os outros pensantes, nem os pensamentos dementes. E mentem, mentem para sentirem-se mais iguais a todos os outros iguais que vão igualando sua existência nas mentes perturbadas pela simples vontade de serem reconhecidos sem distúrbios ... por quê?
Porque não compreendem que a existência equilibrada está centrada no próprio eu em relação ao outro, não no outro em relação ao eu. É isso.
Ao se preservar da ação do outro, permitindo-se situar-se em si como centro de um universo dicotômico, o eu-coração deve respeitar a si, para que todos os outros todos o respeitem. E não faz isso. Todos os outros tantos outros são determinantes e fazem com que o próprio eu se perca na infinita vontade de ser o outro ou do outro, ou de estar com o outro ... desejo infundado, porque o outro é outro ... e só. Esses todos outros carentes de outros são como tubos vazios de eus. São tubos que, em sua ponta circular, represam todos os anseios dos outros e, na outra ponta, aberta, recebem como que num ânus de tubo os excrementos de todos os outros e não os filtram ... detém no seu fundo todas as merdazelas dos outros: merdazelas, sim, mazelas de merda de gente que não sabe gentar porque precisa da aprovação do outro incógnito, abstrato.
E assim gatinha a humanidade.
De todas as lógicas que o tubo comporta, dez se destacam. Os dez divinos mandamentos sovinos de homem. Ou de homens sovinos que economizam seus eus-próprios para que não se sintam impróprios ...
Não para todos. Lógico!
E para todos os não-todos, o descaso. O rótulo de desequilíbrio, porque não conseguem ver, todos o não-todos como um dez equilibrado. Simples assim. Uma pequena alteração na grafia e a manutenção na fonética proporciona uma clara percepção de como todos os todos são analistas cegos, que se subordinam a noções acústicas, cheias de ruídos, que, sem entender, assumem como reais ... surreais, na verdade.
Surreais porque entendidas por via escusa, por via obtusa de uma percepção falha e hipócrita, sem qualquer pé real na realidade abstrata que pensam ser concreta. Concreto é seu pensamento: duro, imutável ... preso num homem que não se conhecia a si, que não conhecia Freud, que não conhecia Lacan, e que não conhecia o homem que tem uma existência própria (imprópria, às vezes), mas sua e real, sua e leal. Simples assim. São outros tantos eus incognoscíveis de si mesmos que precisam depreciar os outros todos não-todos para sentirem-se um todo completo e concreto. Fodam-se!
É que librar é, então, sentir-se si em si mesmo e reconhecer o outro idiossincrático sem querer deste outro outra coisa que não o seu eu, o seu si, completo, complexo, idiossincrático ... e antagônico aos processos de subordinação a que os outros todos se submetem. Por quê? Porque é preciso produzir novos eus autônomos, perfeitos em sua imperfeição, e avesso às subordinações inconseqüentes e irracionais, cegas.
Estes todos não-todos são a mola de novos todos respeitadores, novos todos que se consubstanciam com os outros todos outros divergentes e deles abstraem-se para se tornarem eus-mesmos de si relacionando-se com todos os outros todos existentes, com todos os não-si que permanecem vivos em seus sis-clivados ... e ainda assim, respeita-os.
Para todos os todos aí, concretos, uma revelação: sou não-todo ...
e não estou sozinho.
Somos muito mais de dez equilibrados com nossos muito mais de dez tubos pseudo lógicos a andar no mundo, a penar no mundo, a pensar no mundo, a pertencer a mundo a mundar ... mundamos todos neste mundo imundo que todos vocês, indiscretamente tentam manter aparência bela, mas escondem pouco a terra podre em que plantaram suas consciências cegas às evidências.
Continuem, então, a entender o universo acusticamente. Fechem seus olhos para a evidente diferença entre desequilibrado e dez equilibrado ... até que a vibrante z se torne uma britadeira no sibilante s de seu des ...
Porque chega um momento em que não se tem mais desequilíbrio, desatenção, desemprego, desespero ... e tudo torna-se, potencializado por todos os não-todos, dez equilíbrio, dez atenção, dez emprego, dez espero ... enquanto todos os vocês-todos ainda se desesperam ... porque desequilibrados cegos, jamais serão dez equilibrados.

domingo, 2 de novembro de 2008

Até eu redescobrir que este mundo maravilhoso é parte de mim ...

Natal, 02/11/08.

E então, o amanhã tornou-se hoje ... hojei. Encontrei-te a trabalhar, a fazer o que sempre vi fazer e senti uma vontade de não querer o que queria ... rever. Mas quis e, porque quis, fiz ... como sempre. A resposta de seus olhos a minha presença foi nenhuma, acompanhada de palavras que diziam apenas o que deveriam dizer: “Oi, pessoa ...”. Esperei. Terminou, você, seu trabalho e não veio ... demorou nos fundos do salão a conversar ... tergiversava? Talvez! Mas veio e veio e veio e veio ... falamo-nos. Apresentou-me você seu novo amor. Fiquei tranqüilo ... só queria por um ponto final no final que já foi final mesmo ...
Leve como deveria eu mesmo estar, conversei com seu novo amor e falamos de eus iguais ... gostei de saber que há muito do que sou no seu novo eu, gostei mesmo. E ponto. Acabou ... boa sorte. Não tem o que dizer ... só sei que foi assim ...
Atravessei a cidade para encontrar as coisas que buscava em volta de panos brancos ... encontrei ... brinquei, tranqüilizei-me com tudo e com todos ... estava de novo fortaleza. Como sempre, aliás ...
Depois, depois, depois ... brincadeiras com panos brancos, brancos panos que brincavam na vida de eus fortalezas ... que bom!
E foi lá que te vi, não o ti de antes que este já era de outro, mas você mesmo ... você .... separava-nos uma vida e 530 quilômetros ... lembrei-me disso ao ver seu sorriso e saber que você não era gêmeo de aquário nenhum ... era apenas um pequeno leão naquela floresta de panos brancos ... e eu, apenas uma balança a pesar as coisas e os vários panos brancos que estavam a brincar aqui e acolá ... era você. Ponto. Sem crises, sem dores, sem amores ... será?
Mas foi assim mesmo ... em você, a resposta para onde ir, em você a vontade de não voltar, em você a esperança de querer o que sempre quis e poder ter, contigo, o que queria ... na sua atenção, nasceu a minha esperança, nasceu um pedaço de alegria que poderia ser maior e maior e maior ... mas as alegrias são em pedaços mesmo ... não ligo .. ou ligo e finjo que não ligo, não sei. E não ligo mesmo.
Nas opções de aonde ir, mais um pouco de você no Vila. Adorei. Sorri um sorriso alegre e esqueci-me de todas as bandeiras brancas molhadas que rondavam pelo ambiente porque eu tinha meu coração molhado pelo seu sorriso. Nem sabia quem era você, nem queria saber porque você já era você para mim ... e isso era o que importava. E saber que alguém é alguém para mim é tudo o que importa ... importo para dentro de mim todos os alguéns que são alguéns de mim mesmo .... e fico feliz por isso.
Para ter mais de você, fui ter com você onde você estaria. E se você não gostou, não demonstrou ... e mostrou sua hospitalidade e mais pedaços de sorrisos regados a Old Parr ... encharcou meu coração de você ... e fiquei feliz .... e te vi fugir fuga adolescente para ter comigo e me senti adolescente contigo .. vivi ... vivemos .... atravessei a noite com o script que me deste, aceitei o script ... tinha um pedaço de você e isso bastava ... e bastava ... e bastava .... simples assim ... porque não quero mais do que posso ter, ou quero e digo que não quero para entender que não quero mesmo ... e se querer e não poder ... que fazer? Querer apenas porque eu posso querer o que eu quiser ... como já disse ... só quero que queiram o que queiram querer ... e por isso dou-me o direito de querer tudo o que eu quiser ... informo que quero .. não imploro. Digo simplesmente ... e se quiserem o que quero, podemos querer juntos ... se não .. eu quero sozinho e ponto. Cresci o suficiente para aprender isso ... e me gosto consciente disso, mas jamais deixo de dizer em respeito a mim ...
E vou querendo sem que queiram, não importa.
Depois da fuga adolescente, depois do briefing do passado, depois de passado o presente, o presente. Você se foi ... e não quis mais um pouco de mim ... não quis mais querer o que eu queria ... porque você deve querer outras coisas, outros pedaços de gentes por aí. Outras lembranças possíveis .... outros eus que estão seus ... e poderão estar e estar e estar e estar ... enquanto eu, não.
Pois bem .... tentei de dizer novamente o quanto te queria ... mas você não queria ouvir ... esperei por você porque não tinha outros vocês que eu quisesse ... por minutos, entristeci ... senti a dor inerente ao processo de querer estar com quem não quer estar comigo ... doeu uma dor de adulto ... uma dor de desadolescente ... uma dor de gente que genta com gentes que querem gentar .... uma dor que a sabedoria ameniza e faz passar momentos depois ... uma dor boa de sentir não pela própria dor, mas pela consciência de que a dor sentida é uma notícia de vida ... um sopro de alegria que invade as feridas abertas no coração das gentes ... mas que, por outro lado, também faz com que as outras dores que virão sejam dores conscientes, dores maduras ... e ainda assim serão dores. E trarão cores à vida vivida ...
Deixei, então, que a fortaleza se refizesse ... que a fortaleza pudesse caminhar para todos os natais e carnatais a 530 quilômetros ... e cá estou.
Cá estou, para dizer para ti que, quando se põe na balança, todos os leões são gatos independentes que têm vida própria ... e assim devem continuar ... balanças que ponderam e aceitam os pesos mesmo que irregulares, mesmo que seus pratos estejam desnivelados ... e leões gatos siameses que, querendo ou não, não se põem nas balanças ... têm suas próprias vidas que gostam de viver .... e, se há algo que os ameace, correm pela floresta afora .... se têm alguma presa fácil à frente, tergiversam, porque querem lutar ... e exercitar a essência de seu ser: ser o rei da floresta. Sem balanças para pesar nem prós, nem contras ... Viva, então, feliz ... e saiba que fiquei feliz de estar adolescente contigo ... e sorrio por saber que todo esse universo maravilhoso, toda essa complexidade, toda essa vontade de ter vontade .. é parte integrante de mim ... eu-coração que bate no mundo.