sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fico aqui, me esperando

Natal, 22/08/2014
Hoje, olhei pra você no espelho e não me vi ... estranhei ... e descobri que não vejo eu-você há muito tempo ... descobri que você se perdeu de mim em algum lugar de mim mesmo que não
consigo encontrar ... que não consigo encantar ..
Desencontrei-me de mim e agora sigo sem mim mesmo num eu que anda por ai e se vê apenas em lances momentâneos de instantes poucos de parcas alegrias sorrateiras vistas de soslaio ... e, mesmo nesses instantes, tergiverso .... não olho para mim, olho para um instante incessante de mim que cessou as atividades no momento em que perdi-me de você-eu ... e não sei quando foi, mas foi quando não sei ...
Tantas reticências são esperanças de me encontra nos pontos definidos desse símbolo de vaguidão específica: pontos, três ... pontos inacabados, como inacabado está este eu que ressurge de um canto de mim mesmo que não existe mais ... um eu com raízes que flutuam no incerto que ramificam desesperanças e incertezas e brotam desespero que não ser mais quem sempre fui eu-você.
Onde eu-você está? Procuro por eu-você quando saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser, na rotina dos bares que, apesar dos pesares, não trazem eu-você e lembro-me de quando estávamos juntos eu-você, assim, simbioticamente constituídos no útero de uma mãe tola, de um pai inexistente e de uma esperança de vida que não se conseguiu interromper, porque precisava irromper de um mar de carmas anteriores para cumprir uma tarefa em prestações de vidas conseguidas a custa de outras vidas. Vidas de seres inocentes cheios de penas brancas que os impediam de voar, que os obrigava a cacarejar gritos inaudíveis de desesperos esperados e de esperanças desesperadas ...
Vidas tiradas sem sangue e entregues ao mar ...
Vidas que não suportaram um destino cruel que descruelava meu destino, o destino de eu-você, que se perderiam um do outro adiante e si mesmos ...

Saudade de ti
Intrigante ser que,
Loucamente desesperado por
Vida e vícios,
Irradia vida, amor e
Olhos sem ódio

Estou querendo você-eu de volta ... quer-me inteiro, inteiramente à vontade neste corpo que cresce para os lados e clareia os fios com o tempo que não para de passar e de deixar para trás mais e mais pedaços de um eu que se torna, a cada dia mais você, um desconhecido ... que deixa cada dia mais saudade de mim mesmo, de eu
E por falar em saudade, onde anda você?
Onde andam seus olhos, que a gente não vê?
Onde anda o carinha, que agente descrê?
Onde anda o carinho, que a vida prevê?
Onde anda o mocinho, que a alma não vê?
Onde quer que esteja você, não poderás fugir de mim, combinamos viver sempre assim, juntos ... e não te quero eu longe de mim mesmo ... e sei que você-eu me quer assim, eu-você.

Volte eu!!! Que tô aqui me esperando...