domingo, 29 de março de 2009

Instâncias e entrâncias de eus.

Natal, 29/03/2009.

E eus e eus e eus. Reencontram-nos em nossos próprios momentos de quereres singulares e ausências plurais de pessoas singulares. Daí, restamo-nos nós mesmos em nós e sós. Tudo bem.
Crescemos e aprendemos que queremos outros tantos outros que outros tantos outros desesperam-nos em ausências ... crescemos mais e nem queremos tanto tantos outros ... ainda que queiramos, queremos, apenas e não mais a penas ... porque bastamo-nos conosco .... sentimo-nos completos de nós mesmos e restamo-nos sós conformados, confortados (ou controlados) em eus-corações cheios de esperança, de desesperança, de crença, de descrença ... e vamos seguindo nosso caminho conosco.
Olhamos para trás e não sentimos mais saudades ou comiserações de nossas infantilidades adultas ou adúlteras ... seguimos conosco e buscamos convoscos sem tempo de pensar em ausências plenas ... porque queremos mais ... e sabemos que seremos mais ...
Amamos e descobrimos, com o tempo, que amar é um verbo intransitivo, que sonhar é um verbo intransitivo, que desejar é um verbo intransitivo ... e tornamo-nos nós mesmos intransitivos ....
Instamo-nos na intransitividade de nossos eus e nos tornamos transitivos indiretos a todos os outros tantos outros que em outros tantos momentos esperávamos transitivos diretos ... não ... não nos queremos sem preposições a permitir que qualquer objeto se junte a nós ... também não mais nos queremos verbos de ligação, não estamos mais juntando predicados aos sujeitos ... somos, nós mesmos, sujeitos cheios de predicados ... predicados que nos fazem ver a manhã e ficar triste ... porque somos conscientes de nós mesmos, de vós mesmos ... e de tudo ... de tantos tudos que recolhemos pelos caminhos que passamos .... de tantos momentos de interstícios de nós que desejamo-nos sós ... e vamos nós sós sóis de nós mesmos ...
No máximo, entendemos os satélites ... satélites que orbitam em torno de umbigos sem abrigo ... de planetas perdidos nas órbitas de egos entumescidos pela imaginação fétida de gentes ausentes de tudo ... e repletas de nadas que lhes tornam completudes de nada que nada valem ... e continuam andar em seus oceanos de imaginação fútil ... de camisetas pagas em prestações ... e de vidas de ostentações: vazios reluzentes de marcas aparentes e gentes ausentes de gente, em seios de leite empedrado ... de leite tornado azeite mirrado nos úberes de homens insanos ...
É ... volto-me para mim, parnamirim, e redescubro-me só. E não tenho pena de mim .... e não compadeço de minha solidão .... porque sou assim: solo ... solo fértil onde germinam árvores frondosas que esperam, paradas e caladas, brisas quentes que soprem palavras úmidas em abraços ternos e eternos ... solo de onde brota a água que o alimenta, e vivo assim, osmose em mim .... em instâncias intransitivas de desejos transitivos diretos, retos.