terça-feira, 18 de outubro de 2016

Um dia ri a mente

Mais uma vez estava assim, desse jeito
Ouvia gritos nos seus dedos
Ressentia-se de enxergar gritos
Temia ficar surdo dos olhos
Esperava, como sempre

Sorria sorrisos negros
Orgulhava-se de poder, ainda,
Rir simplesmente
Tremia de desejos de não sabia o que
Explodia, como sempre

Formigava-lhe aquele coração velho
Ofuscava os gritos de dor seu sorriso negro
Ressentia-se de não mais poder dizer
Te amo
Esquecia, como sempre

...

Sentou-se na sacada
Queria pular
Não conseguiu

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Cadê?

Conseguiu, enfim, juntar e juntar e juntar...
Restos, pedaços ... fragilmentos.
Insurgiu-se disjunto de tudo
Arrebatou-se para o longe

Sentiu-se inteiro de pedaços
Andava assim, pedaços inteiros.

Marcava seus passos na areia inexplorada
Ondas apagavam seus passos
Restava incógnito...
Trazia consigo o anonimato

Andava, cem rumos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Cotidiano

Cada momento, tic tac, tic tac, tictac titac
Espera ... supera.
Tem tempo, muito tempo.
Inveja o tempo. O tempo passa.
Coito. Corte. Coitado.
Ontem amanheceu, hoje, tão amanhã...

sábado, 1 de outubro de 2016

Idade não importa, exporta


Natal, outro/dia/se quer

Impregnado da alegria que exalava, que vertia de seus poros, sorriu.
Dias assim passaram a ser constantes, dias em que nada era tudo, e nada importava.
Antes, nada disso havia. Havia apenas coisas que fazia a penas.
Deveria preservar suas penas para voar, arrancava-as diuturnamente: como pinto pelado se sentia. Era assim, sem um ti, preso ao chão.
Esperava por uma exterioridade que lhe interiorizasse os desejos e o fizesse ávido de vida.

Nada adiantou esperar ... vivia esperando esperanças, mas quando veio a ter esperanças, já não sabia ter esperança.
Agradecia a Fernando, pessoa importante, por ter-lhe ensinado que não havia esperança.
Ostra ... sentia-se uma ostra rejeitada por todos os clientes do vendedor da praia. Uma ostra que voltava sem suas amigas chupadas por lábios ávidos de sua essência.

Insistia em não ter olhos para si...
Morria a cada dia que sentia desejos de ter, em tis, desejos e anseios.
Pobre! Pobre! Pobre!
Osculava a todos e não beijava ninguém ... era assim,
Raso. Não sentia nada além da epiderme ... era assim, epiderme, derme ... verme.
Troglodita consigo ...
Amava a todos e por todos que amava sentia desejos de eternamente. Tinha éter na mente... vivia envenenado de seus exteriores, de fumaças alegres jogadas em baforadas em todas as partes de seu corpo. Por vezes, chegaram à hipoderme, foram sempre hipo...

Então, um dia, dormiu,
Xafetão cheio de fios, sem energia ...
Para nunca mais acordar ....
Ostra morta! Finalmente.
Ressonava ... sentia o cheiro de sua alegria, de sua felicidade.
Travou consigo uma dúvida, um medo, um desejo, um ... Era Orlando, de Virgínia.
Acordou.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

La vem arroz ... cozido.

Natal, um/dia/espacial.

Lembrou-se de que havia vida ... a vida, ávida.
Algo a ser sentido, sem ti. Juro, senti dó!

Voltou-se para si. Se revoltou.
Internalizou, e conseguiu
Externalizar ... mas a casa estava vazia.  

Então, de nada adiantou.
Nada!

Ridículo. Assim pensou-se de si.
Orgulhou-se de sua capacidade de ser assim:
Só. (Já tinha aprendido a mentir para si, se fosse pressilvio)
Enterneceu-se de si. Odiou-se. Ouviu Grace preta, modelo:
When he takes me in his arms 
and whispers love to me
everything's lovely
It's him for me and me for him
all our lives
and it's so real what I feel
Garantia de nada tinha...  
Repensou-se, represou-se. Ainda assim prezou-se.
Amou o momento ...
Ca(n)sou-se com seu próprio sonho.
Esperou que tudo passasse. “Paz, ah se ...”, pensou.

Jamais teve.
Ontem teve. Gostou não.
Não, gostou.
Estava triste ...
Só queria não estar. Triste, né?
… só sei que foi assim.

Post Scriptum:

Mesmo assim,
Antes que tudo seja, aos olhos dos outros,
Insanidade,
Loucura,
Ou, até mesmo,
Nada.

Ouça... há um som, um
Urro!!!!

Foi
Ele
Louco? Reflita:
Isso importa?
Para quem importa?
Eu, particularmente, amigo,

Nego qualquer importância.
Espero que ele seja feliz.
Negue sua tristeza. Porque
Há de ser,
Um dia, cinza jogada no espaço,
Morto mesmo ...

sábado, 24 de setembro de 2016

Ah, drástico!


João Pessoa, 24/09/2016.

Quando tudo parece ser assim, frio,
Um fogo aquece a vida,
Estabiliza, desestabiliza.
Regurgito.

Fico assim, estranho... me estranho.
Umedeço os lábios, sinto.
Desestabilizo.
Espero ... continua ... vá embora!
Resiste.

Falta-me razão.
Ouço sons inaudíveis, espero...
Desespero.
Empalideço.

Crio, de novo, do nada
Amargos sentimentos felizes.
Recrudesço por uns instantes.
Amarro a mim minha alma que insiste em voar.
Luto eu, luta ela.
Hesitamos, ambos.
Oh, caralho! Tudo de novo?!


sexta-feira, 6 de maio de 2016

PORQUE NÃO AMO VOCÊ

Natal, 06/05/2016.
Me pego pensando, sem mais nem por que tantos homens e mulheres me amaram bem mais e melhor que você. E, quando você me deixou, meu bem, me deixou para ser feliz e passar bem ... amando e odiando como toda a gente.
Amar, verbo transitivo direto, pede, claro, um objeto. E este objeto é projetado de mim para você, que retrata um você que está em mim, que refrata um eu que penso ser você. Morre em mim a sua transitividade, morre em mim a transitividade do verbo, que vive em mim, mesmo quando você está em trânsito ...
Rabisco palavras para você que serão lidas por este você que está aqui dentro, que sou eu. Eu leio como se fosse você e você, barroco, sequer sabe que rabisco vocês ... nem eu sei quem você é porque não o quero saber ... quero é saber que existe um pedaço de mim que penso ser você, que não existe.
Insisto em perder o amor de mim para amar o você que em mim habita. E amo-o como amo romeu-e-julieta. Sinto o gosto da goiabada-julieta e espero a consistência do queijo-romeu ser rompida pelos dentes que mordem a felicidade intransitiva do queijo para se misturar ao açúcar vermelho da goiaba da fábrica de doces.
Olho para o você que vive na minha mente e não te vejo. Vejo-me e me perco de mim nesta nuvem nebulosa de eus e vocês e queijos e goiabadas e açucares sem gosto.

Detesto pensar, detesto penar, detesto pesar. E peso tantos prós e poucos contras essa ânsia de saber que nada temo, nada tenho ... tenho-me a penas.
Espero ... espero ... desespero .. respiro, piro ... inspiro você que eu criei e me inspiro nisso para viver ...

Antigamente não era assim, antigamente.
Nos cabelos bancos que insistem em nascer e se desesperam ao serem cobertos pelas cores artificiais da alegria de pensar que ainda é antigamente brotam sentimentos sem cor, descoloridos pelo tempo que pensei existir ainda.
Doravante é assim, doravante. E digo que não será assim ... é assim. Num presente eterno que se mete no meio do antigamente e do futuro que inexiste sem um eu sem você.
Rabisco um eu. E com rabiscos apago todos os vocês. Meto-os todos na escuridão do grafite que cobre os brancos de vocês inexistentes e insistentes ...  
Ando assim, ultimamente ... ando assim, antigamente: morto de ter sido tudo o que não quis e ter querido ser tudo o que poderia ter sido se fosse eu apenas.
Deixo-me aqui, assim, antigo. Deito-me aqui, assim, atingido. Fico-me assim, contido: ostra morta pelo limão, sal e pimenta à espera de uma boca que a engula.

E os ombros intransitivos suportam o mundo.

domingo, 24 de abril de 2016

Sinto? Nada!

Natal, 24/04/2016

Amanheci, mas o dia não chegou até mim, continuei noite no dia que clareia apenas a vida alheia ... e me deixa alheio à vida.
Espero momentos de alegria e me alegro quando penso que chegariam dias em que estaria eu invadido de todas as luzes que brilham no céu, mas permaneço assim, noite escura na alma, noite escura na calma.
Pergunto-me o que acontece, o que sinto, respondem as nesgas de luz que não vejo que nada houve, que tudo está normal, que tudo e todos estão vivendo suas vidas de vazios que não percebem.
Percebo o vazio.
E isso me enche que um nada que assola tudo que penso ter em mim e ser em mim ...
Olho-me no espelho e não reconheço a imagem que reflete aquele pedaço de vidro. Não sou eu ... não estou eu.  Estou nada.
E como um nada que está, respiro o ar e fico arquejante ... sobra-me o ar que não quero respirar, sobra-me a imagem que não quero ver, sobra-me um eu que não reconheço... tudo são sobras de algo que nem existe mais ... sobrou porque foi pouco ... sobrou ...
Olho o nada e vejo tudo o que não sinto refletido naqueles olhos que não reconheço ... Fecho os olhos então ... e voltam-me imagens de uma vida que se acabou.
Acabei-me quando abri os olhos, anos atrás, e vi que estava assim, enxergando o vazio dos outros, enxergando o vazio de ser algo que não poderia ser se soubesse.
Quando soube, deixei de ser.
Naquele instante morri para à consciência a vida.
Vivo agora assim: consciente de que sinto nada. E nada do que sinto pode ser um fragmento daquele que morreu ao saber.

Não quero mais saber de nada. Não quero mais o que sinto, mas, se nada sinto, o que não quero?

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Sim, sei sem ti

Natal, 14/04/2016.

Muitas vezes sem ti é estar contigo em vazios eloquentes de sentimentos plenos de nadas completos em mim. Sim, sei sem ti e sei sentir sem sentir desesperos loucos ou rompantes quaisquer.
A minha glória é essa, é poder criar felicidades de coisa nenhuma, é poder sorrir com os hormônios que não produzo, é poder descriar infelicidades de saudades que existem apenas aqui, em mim ... saudades sem ti ... ou sem tis alguns que rondam a vida vazia que subsiste em lágrimas felizes e orgasmos inexistentes.
Impressiono-me de mim mesmo ao perceber que tenho, eu mesmo, a minha loucura e carrego-a como um facho a arder na noite escusa e a se apagar em corpos desconhecidos e olhos vazios de alegria que sorriem com orgasmos da carne. Sinto coisas e sinto-me pleno de loucura.
Loucura de poder perceber que assim é a vida, que assim é viver para poder sorrir sem que o sorriso origine-se externo. Loucura de saber que a sanidade é uma prisão e que a libertação não é um livramento condicional ou uma liberdade assistida. Percebo que não é lei, não há lei ... há loucuras sanas...
Outro dia me peguei a pensar que estava triste e me vi feliz por saber que era apenas um pensamento ...
Nenhum pensamento se torna sentimento pleno, penso-o e no minuto seguinte ele se foi de mim ... deixou-me sem sentimento? Não, deixou-me o sentimento ... para dar lugar a outros tantos sem ti.

Tenho a sabedoria de ser assim calmo, assim vasto, assim pleno, assim...
Ubiquidade me define. Sou isto e aquilo ao mesmo tempo, estou em diversos lugares concomitantemente ... porque sou assim, com ou sem ti ... não é em ti que me refaço, refaço-me em vazios plenos de mim ...

Sentimentos estranhos te definem ... tergiversas a tudo que parece ser aquilo que – em verdade (se há uma) – te completa.
Angustia-me o vazio pleno de seus olhos que fitam o mundo como se fosse apenas algo fora de si.
Bestifica-me ouvir desesperanças de uma boca que transborda esperança emudecida por uma rudez inexplicável, por uma rudez incongruente com o todo que é ti. Tu te delatas nos gritos silenciosos que morrem na sua boca.
Esses gritos, assassinados por palavras tão frágeis quanto estilhaços de fuzis, são audíveis ... não para muitos.
Sei, evidentemente, que podem não ser suas as palavras, mas ecos de Humbertos mortos... fico sentido de saber que tudo pode ser uma ilusão construída sem ti, nascida porque regadas de lágrimas secas que brotaram assim, do nada, ou de imagens inexistentes para outros olhos que não os meus, ou que, simplesmente, brotaram de um mim que sente sem ti.

Deixo tudo para lá e vou-me assim ...
Eterno ... e terno, e sereno, e calmo e ...

Nada sinto que não se origine em mim ...
Antecipo fins para presenciar fim nenhum.
Deixo-me ao léu, ao céu ... aos ventos que carregam tudo.
Ando ... corro ... voo ... e continuo parado na minha alegria de não ter.

Basta! Afinal, para que servem as palavras, se a casa está deserta?
Ou ter a chave, se a porta está aberta?

Yes, nothing makes sense, if the sense is not sensitive.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Não sei sem ti

Natal, 01/04/2016

Queria poder sentir o que não sinto e sinto não poder sem ti.
Uma esperança que desespera e me faz esperar que o desespero passe ... e passe tudo isso que não me deixa passar.
Impressiono-me de mim mesmo e me sinto assim, sem ti, sem mim, sentido.
Muitas vezes esperei e desesperei porque queria não esperar nada e que nada me desesperasse, mas foi em vão. Vão lá todas as minhas vontades, todos os meus desejos, todos os meus eus que não queriam viver mesmo se conseguissem ...
Intenciono não lembrar de mim sem ti, mas sem ti sou eu mesmo e mesmo sendo o mesmo eu que sempre fui, não me sinto mais o mesmo. Desmesmei-me de mim mesmo porque me destruí, me destituí de ser o que sempre fui.
Coração que bate no mundo já não bate mais ... respira sangue da vida que jorra do desespero de não ser sem ti o que sem ti sempre fui.
Outrora sentia tudo sem ti, mas nada sentia de verdade. Nada sinto agora, igualmente, mas parece que sem ti tudo ainda me faz sentir que algo aqui está sem ti, não sei o que.

Também não quero saber, não quero comparar-me aos homens meus irmãos na terra que sabem ser humanos e por isso desumanos são. Não, não quero estar assim, triste; assim, cego; assim, tosco; assim ... Ah sim, quero é estar comigo e pensar que comigo vivo sempre.
Ah ... choro lágrimas de vazios inexistentes em mim completamente, mas existentes no vazio que me faz eu, assim, triste; assim, calado; assim, parvo; assim, parco; assim, insuficiente.
Insuficiente por poder pensar que nada sou sem que isso seja uma verdade absoluta, mas que cria em mim uma absoluta ilusão de não ser.

Meus dias passaram a durar a éter na idade. Éter que, como um cateter, retém sangue que se faz lágrimas nos olhos secos de vazios de ti.
Antecipo o fim do que não começou porque nem deve começar fadado que está a não ter início.
Insto-me como um coração cheio de desesperanças e espero que esta vida não me traga de volta a loucura de sentir algo que não possa controlar, que não queira controlar, que não seja controlável per se, porque é de sua essência ser o descontrole.
Loucura. Sim, sim, sim loucura que assola e arranca do peito o vazio que lhe completa e lhe enche de saudade, de esperança, de desejos, de impotência ... loucura.
Outrora não era assim, outrora nada era tudo e tudo que se podia ter e sentir e querer era um corpo para poder preencher-lhes os buracos que esperavam por prazeres doloridos, que esperavam por músculos duros a arremessar o desprazer para longe e encher, músculo e saliva, os espaços vagos da solidão da carne que viva, sentia-se morta.

Negarei sempre que assim estou sem ti: carne morta na vida que vive.