Natal, 11/12/2012.
Passei um tempo sem estar aqui porque não queria estar nem
aqui, nem ali, nem acolá. Queria poder deixar de estar tudo o que sempre estive
para simplesmente sentir a dor. Sentir tudo o que a vida pode deixar-me sentir,
sem ti.
Há coisas que a gente sente simplesmente sem querer
explicar. Há coisas que acontecem na alma que calam todos os gritos de nossas entranhas
estranhas. Há. Simplesmente há. Há dor.
Há dor que me faz chorar ao ver uma propaganda que lembra
ti. Uma propaganda que me faz lembrar de ti sem que você sequer existisse
quando ela foi criada. Há algo que subsiste nas minhas entranhas de ti que não
sei explicar, não sei porque simplesmente há, e se “há” nada deve ser explicado.
E não há nada que faça com que esse
existir substanciado em “há” me faça esquecer que “há” você, que “Ahhh! Você!?!”. Nem que me faça esquecer que
tudo o que há em você continua ainda por aqui, por aí, vil, viril, senil, mas
em ti. Em ti somente. Em ti que só mente. E na mente – minha – que, muitas
vezes, mente não estar em ti para poder sobreviver à vida que clama por razão e
me obriga a esquecer a emoção em prol de um afastamento da comoção de me sentir
preso a ti. Preso porque há ti. Ti há. E, nesse desespero, reconheço ... eu não
posso tirar o que há em ti de belo em prol de uma carência senil de um
quarentão que não mais se reconhece no espelho e que, para os outros, não
reconhece o que espelha.
Passei esses meses sem querer me esquecer de ti, sem querer
me esquivar de ti, mas sem querer – igualmente – estar em ti. Passei. Passei
porque precisava estar em mim e sentir o vazio que em mim habita ... precisava saber
se é melhor estar vazio de mim mesmo do que estar vazio em ti. Precisava.
Precisava saber que o vazio contigo era como estar vazio das esperanças de
estar cheio de ti. Mais do que isso, precisava saber que não poder ter em ti,
nem ver ou sentir em ti a completude de uma vontade, nem uma necessidade de ser
apenas um alguém que signifique mais do que um compromisso, poderia significar
a minha significância...
Isso mesmo, uma significância que poderia ser entendida
como uma mera arrogância ou uma banal desistência ... mas que seria uma forma
de eu ser. De deu sentir que “para mim ser” seria preciso abdicar de uma fração
de mim e de outra fração de ti. Ambos, tu e eu, estaríamos desfracionados, mas
estaríamos fracionados em pedaços compostos de mais elementos de mim e de ti
que se consubstanciariam capazes de subsistir sem ti e sem mim. Elementos que
seriam anacrônicos, anatômicos ... anais e atômicos ... e que subsistiriam sem
insistirem em nada, pois seriam nadas que são tudos .. são ervas, ervas alucinógenas ....
... paz sem meses. Na verdade, sei que tudo isso é uma forma
de
Saber que a vida é
Assim, sem muitas coisas, sem
Nada. E, ao mesmo tempo, com
Tudo. Tudo o que se espera.
Isso mesmo. Tudo o que de ex, se espera.
Antes, nada esperava. E era feliz.
Gostava de estar feliz sem nada, pois
Outras coisas me completavam ... e nada era o suficiente,
pois
tudo era insuficiente ... insipiente ...e tudo isso eu não
queria explicar.
Queria simplesmente sentir a vida que surgia e insurgia em
mim ... queria estar contigo e poder contar contigo.
Será, menino do rio – cheio de calor que não mais provoca
arrepios – que a sua fortaleza se esvaiu na minha impossibilidade de estar
contigo? Será, menino de Fortal ... que a esperança - a última que morre - resolveu sussurrar um silêncio sepulcral em nossas veias vis?
...
...
Foda-se. Ainda tenho mais uns oito anos de vida em que posso
encontrar mais do que uma esperança. Posso ser eu mesmo, sem oito anos a
mais...
Sem dor a mais ... porque não há mais dor.
Há... há penas, e apenas há pouco tempo eu nem sabia disso...
e não era feliz e ninguém estava morto... estavam, todos, arrogantes, elegantes
... ... e banais. Bucólicos.
Morrera um ícone. E, com ele, morrera um anônimo: eu. E, em
seguida, outro anônimo: Tu. E ambos foram enterrados como indigentes: gente que
não tem twitter, nem facebook, nem Orkut, nem badoo, nem linkedin ... gente sem
nada. Apenas gente com vontade enorme de ouvir um "Bom dia!”, mas um "bom dia genuíno” ...
Como me sentiria? Não quero explicar. Mesmo porque, você já
entendeu .... e, se não entendeu ... parabéns: tô morto de inveja de sua
ignorância que, infelizmente, o tempo me roubou .. e nem teve Boletim de Ocorrência.
Aconteceu ... e permitiu que você me lesse... e pudesse dizer tudo sobe mim e minhas ideias... e, a invés de reclamar ... agradeceria pela preocupação com a sua imagem.
Xero (coisa genuinamente nordestina)