quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Tá vindo devagar ... e eu, a divagar

Natal, 28/10/2009.

De solidão em solidão, percebo a solidez da solicitude da saudade de um tempo em que a vida tinha outros travesseiros ocupados ao lado que, de tão ocupados, deixavam um vazio da presença ausente de alguém que não sabia me conhecer porque não se conhecia, apenas vivia a vida a me mirar e admirar as coisas que fazia sem saber o porquê ... e sem perquntar ...
E me lembro do tempo em que chegou um momento que me cansei de tanta presença ausente que desistir de presenciar tanta falta de tudo o que tinha ... e me viro para os lados para tentar perceber que a vida pode ser presente presente, sem ausências, mesmo que ausente ... e reflito.
Reflito sobre a possibilidade de ocupar a solidão vaga que hospedou-se em mim há tempos e passo a buscar os tempos em que as lembranças se lembravam de coisas que aconteciam com mais presença, com mais saudade, com mais intensidade, com menos idade e me pergunto.
Pergunto o porquê de se pensar em pensar na possibilidade de trocar as saudades do que se tem e substituir pela saudade do que se queria ter, e tem, mas ausente porque distante por muitos quilômetros que se transformam em instantes de distantes desejos presos na solidão de uma alegria da saudade que origina uma intensa sensação de tensão e de emoção e de tesão que não se resolve com as mãos, mas com as mãos nas mãos e, neste instante, reflito por que pergunto se sei que a resposta a qualquer pergunta depende dos instantes que virão de longe ... ou não ... e duvido.
Duvido que virá, que poderá, que virará, que ficará ... ou, até mesmo, duvido que será ... porque ser ou não ser depende de um querer que não sei se quero, ma quero querer porque sei o quanto se quer sentir saudade de presença ausente, mais do que de solidão ausente porque presente em mim estou .. porque presente em mim restou ...
... e, de certa forma, espero esse presente.
E me presenteio com a perspectiva de que a presença ausente pode ser o meu presente que sinto presente, ou minto estar presente ...
... não importa ... estou aqui, presente em mim e ausente em ti, ausente em mim e presente em ti, ou ambos, presentes um no outro e ausentes em cada qual porque distantes em estados diferentes, em vidas divergentes ... ou convergentes ...
Tudo está devagar ... o tempo está devagar, o vento está devagar, a vida devagar, a loucura devagar, a emoção devagar ... e eu a divagar ...
... porque não tenho pressa ...E você, se tiver, esteja presente... porque não ando devagar ... nem a divagar por muito tempo ...

2 comentários:

  1. Definitivamente eu acho que vc sabe de um momento da minha vida e decidiu relatá-lo aqui.
    Simplesmente Perfeito. Aplauso.

    ResponderExcluir
  2. Você? A divagar? Pode ser, mas nunca de 'vagar'... Pois vaga mesmo é uma presença ausente que jamais consiguirá tornar-se presente.

    ResponderExcluir

Se gostou ... e se não ... me diga ... quero saber o que tocou em você esse tempinho que você passou comigo.