quinta-feira, 29 de setembro de 2016

La vem arroz ... cozido.

Natal, um/dia/espacial.

Lembrou-se de que havia vida ... a vida, ávida.
Algo a ser sentido, sem ti. Juro, senti dó!

Voltou-se para si. Se revoltou.
Internalizou, e conseguiu
Externalizar ... mas a casa estava vazia.  

Então, de nada adiantou.
Nada!

Ridículo. Assim pensou-se de si.
Orgulhou-se de sua capacidade de ser assim:
Só. (Já tinha aprendido a mentir para si, se fosse pressilvio)
Enterneceu-se de si. Odiou-se. Ouviu Grace preta, modelo:
When he takes me in his arms 
and whispers love to me
everything's lovely
It's him for me and me for him
all our lives
and it's so real what I feel
Garantia de nada tinha...  
Repensou-se, represou-se. Ainda assim prezou-se.
Amou o momento ...
Ca(n)sou-se com seu próprio sonho.
Esperou que tudo passasse. “Paz, ah se ...”, pensou.

Jamais teve.
Ontem teve. Gostou não.
Não, gostou.
Estava triste ...
Só queria não estar. Triste, né?
… só sei que foi assim.

Post Scriptum:

Mesmo assim,
Antes que tudo seja, aos olhos dos outros,
Insanidade,
Loucura,
Ou, até mesmo,
Nada.

Ouça... há um som, um
Urro!!!!

Foi
Ele
Louco? Reflita:
Isso importa?
Para quem importa?
Eu, particularmente, amigo,

Nego qualquer importância.
Espero que ele seja feliz.
Negue sua tristeza. Porque
Há de ser,
Um dia, cinza jogada no espaço,
Morto mesmo ...

sábado, 24 de setembro de 2016

Ah, drástico!


João Pessoa, 24/09/2016.

Quando tudo parece ser assim, frio,
Um fogo aquece a vida,
Estabiliza, desestabiliza.
Regurgito.

Fico assim, estranho... me estranho.
Umedeço os lábios, sinto.
Desestabilizo.
Espero ... continua ... vá embora!
Resiste.

Falta-me razão.
Ouço sons inaudíveis, espero...
Desespero.
Empalideço.

Crio, de novo, do nada
Amargos sentimentos felizes.
Recrudesço por uns instantes.
Amarro a mim minha alma que insiste em voar.
Luto eu, luta ela.
Hesitamos, ambos.
Oh, caralho! Tudo de novo?!


sexta-feira, 6 de maio de 2016

PORQUE NÃO AMO VOCÊ

Natal, 06/05/2016.
Me pego pensando, sem mais nem por que tantos homens e mulheres me amaram bem mais e melhor que você. E, quando você me deixou, meu bem, me deixou para ser feliz e passar bem ... amando e odiando como toda a gente.
Amar, verbo transitivo direto, pede, claro, um objeto. E este objeto é projetado de mim para você, que retrata um você que está em mim, que refrata um eu que penso ser você. Morre em mim a sua transitividade, morre em mim a transitividade do verbo, que vive em mim, mesmo quando você está em trânsito ...
Rabisco palavras para você que serão lidas por este você que está aqui dentro, que sou eu. Eu leio como se fosse você e você, barroco, sequer sabe que rabisco vocês ... nem eu sei quem você é porque não o quero saber ... quero é saber que existe um pedaço de mim que penso ser você, que não existe.
Insisto em perder o amor de mim para amar o você que em mim habita. E amo-o como amo romeu-e-julieta. Sinto o gosto da goiabada-julieta e espero a consistência do queijo-romeu ser rompida pelos dentes que mordem a felicidade intransitiva do queijo para se misturar ao açúcar vermelho da goiaba da fábrica de doces.
Olho para o você que vive na minha mente e não te vejo. Vejo-me e me perco de mim nesta nuvem nebulosa de eus e vocês e queijos e goiabadas e açucares sem gosto.

Detesto pensar, detesto penar, detesto pesar. E peso tantos prós e poucos contras essa ânsia de saber que nada temo, nada tenho ... tenho-me a penas.
Espero ... espero ... desespero .. respiro, piro ... inspiro você que eu criei e me inspiro nisso para viver ...

Antigamente não era assim, antigamente.
Nos cabelos bancos que insistem em nascer e se desesperam ao serem cobertos pelas cores artificiais da alegria de pensar que ainda é antigamente brotam sentimentos sem cor, descoloridos pelo tempo que pensei existir ainda.
Doravante é assim, doravante. E digo que não será assim ... é assim. Num presente eterno que se mete no meio do antigamente e do futuro que inexiste sem um eu sem você.
Rabisco um eu. E com rabiscos apago todos os vocês. Meto-os todos na escuridão do grafite que cobre os brancos de vocês inexistentes e insistentes ...  
Ando assim, ultimamente ... ando assim, antigamente: morto de ter sido tudo o que não quis e ter querido ser tudo o que poderia ter sido se fosse eu apenas.
Deixo-me aqui, assim, antigo. Deito-me aqui, assim, atingido. Fico-me assim, contido: ostra morta pelo limão, sal e pimenta à espera de uma boca que a engula.

E os ombros intransitivos suportam o mundo.

domingo, 24 de abril de 2016

Sinto? Nada!

Natal, 24/04/2016

Amanheci, mas o dia não chegou até mim, continuei noite no dia que clareia apenas a vida alheia ... e me deixa alheio à vida.
Espero momentos de alegria e me alegro quando penso que chegariam dias em que estaria eu invadido de todas as luzes que brilham no céu, mas permaneço assim, noite escura na alma, noite escura na calma.
Pergunto-me o que acontece, o que sinto, respondem as nesgas de luz que não vejo que nada houve, que tudo está normal, que tudo e todos estão vivendo suas vidas de vazios que não percebem.
Percebo o vazio.
E isso me enche que um nada que assola tudo que penso ter em mim e ser em mim ...
Olho-me no espelho e não reconheço a imagem que reflete aquele pedaço de vidro. Não sou eu ... não estou eu.  Estou nada.
E como um nada que está, respiro o ar e fico arquejante ... sobra-me o ar que não quero respirar, sobra-me a imagem que não quero ver, sobra-me um eu que não reconheço... tudo são sobras de algo que nem existe mais ... sobrou porque foi pouco ... sobrou ...
Olho o nada e vejo tudo o que não sinto refletido naqueles olhos que não reconheço ... Fecho os olhos então ... e voltam-me imagens de uma vida que se acabou.
Acabei-me quando abri os olhos, anos atrás, e vi que estava assim, enxergando o vazio dos outros, enxergando o vazio de ser algo que não poderia ser se soubesse.
Quando soube, deixei de ser.
Naquele instante morri para à consciência a vida.
Vivo agora assim: consciente de que sinto nada. E nada do que sinto pode ser um fragmento daquele que morreu ao saber.

Não quero mais saber de nada. Não quero mais o que sinto, mas, se nada sinto, o que não quero?