domingo, 2 de novembro de 2008

Até eu redescobrir que este mundo maravilhoso é parte de mim ...

Natal, 02/11/08.

E então, o amanhã tornou-se hoje ... hojei. Encontrei-te a trabalhar, a fazer o que sempre vi fazer e senti uma vontade de não querer o que queria ... rever. Mas quis e, porque quis, fiz ... como sempre. A resposta de seus olhos a minha presença foi nenhuma, acompanhada de palavras que diziam apenas o que deveriam dizer: “Oi, pessoa ...”. Esperei. Terminou, você, seu trabalho e não veio ... demorou nos fundos do salão a conversar ... tergiversava? Talvez! Mas veio e veio e veio e veio ... falamo-nos. Apresentou-me você seu novo amor. Fiquei tranqüilo ... só queria por um ponto final no final que já foi final mesmo ...
Leve como deveria eu mesmo estar, conversei com seu novo amor e falamos de eus iguais ... gostei de saber que há muito do que sou no seu novo eu, gostei mesmo. E ponto. Acabou ... boa sorte. Não tem o que dizer ... só sei que foi assim ...
Atravessei a cidade para encontrar as coisas que buscava em volta de panos brancos ... encontrei ... brinquei, tranqüilizei-me com tudo e com todos ... estava de novo fortaleza. Como sempre, aliás ...
Depois, depois, depois ... brincadeiras com panos brancos, brancos panos que brincavam na vida de eus fortalezas ... que bom!
E foi lá que te vi, não o ti de antes que este já era de outro, mas você mesmo ... você .... separava-nos uma vida e 530 quilômetros ... lembrei-me disso ao ver seu sorriso e saber que você não era gêmeo de aquário nenhum ... era apenas um pequeno leão naquela floresta de panos brancos ... e eu, apenas uma balança a pesar as coisas e os vários panos brancos que estavam a brincar aqui e acolá ... era você. Ponto. Sem crises, sem dores, sem amores ... será?
Mas foi assim mesmo ... em você, a resposta para onde ir, em você a vontade de não voltar, em você a esperança de querer o que sempre quis e poder ter, contigo, o que queria ... na sua atenção, nasceu a minha esperança, nasceu um pedaço de alegria que poderia ser maior e maior e maior ... mas as alegrias são em pedaços mesmo ... não ligo .. ou ligo e finjo que não ligo, não sei. E não ligo mesmo.
Nas opções de aonde ir, mais um pouco de você no Vila. Adorei. Sorri um sorriso alegre e esqueci-me de todas as bandeiras brancas molhadas que rondavam pelo ambiente porque eu tinha meu coração molhado pelo seu sorriso. Nem sabia quem era você, nem queria saber porque você já era você para mim ... e isso era o que importava. E saber que alguém é alguém para mim é tudo o que importa ... importo para dentro de mim todos os alguéns que são alguéns de mim mesmo .... e fico feliz por isso.
Para ter mais de você, fui ter com você onde você estaria. E se você não gostou, não demonstrou ... e mostrou sua hospitalidade e mais pedaços de sorrisos regados a Old Parr ... encharcou meu coração de você ... e fiquei feliz .... e te vi fugir fuga adolescente para ter comigo e me senti adolescente contigo .. vivi ... vivemos .... atravessei a noite com o script que me deste, aceitei o script ... tinha um pedaço de você e isso bastava ... e bastava ... e bastava .... simples assim ... porque não quero mais do que posso ter, ou quero e digo que não quero para entender que não quero mesmo ... e se querer e não poder ... que fazer? Querer apenas porque eu posso querer o que eu quiser ... como já disse ... só quero que queiram o que queiram querer ... e por isso dou-me o direito de querer tudo o que eu quiser ... informo que quero .. não imploro. Digo simplesmente ... e se quiserem o que quero, podemos querer juntos ... se não .. eu quero sozinho e ponto. Cresci o suficiente para aprender isso ... e me gosto consciente disso, mas jamais deixo de dizer em respeito a mim ...
E vou querendo sem que queiram, não importa.
Depois da fuga adolescente, depois do briefing do passado, depois de passado o presente, o presente. Você se foi ... e não quis mais um pouco de mim ... não quis mais querer o que eu queria ... porque você deve querer outras coisas, outros pedaços de gentes por aí. Outras lembranças possíveis .... outros eus que estão seus ... e poderão estar e estar e estar e estar ... enquanto eu, não.
Pois bem .... tentei de dizer novamente o quanto te queria ... mas você não queria ouvir ... esperei por você porque não tinha outros vocês que eu quisesse ... por minutos, entristeci ... senti a dor inerente ao processo de querer estar com quem não quer estar comigo ... doeu uma dor de adulto ... uma dor de desadolescente ... uma dor de gente que genta com gentes que querem gentar .... uma dor que a sabedoria ameniza e faz passar momentos depois ... uma dor boa de sentir não pela própria dor, mas pela consciência de que a dor sentida é uma notícia de vida ... um sopro de alegria que invade as feridas abertas no coração das gentes ... mas que, por outro lado, também faz com que as outras dores que virão sejam dores conscientes, dores maduras ... e ainda assim serão dores. E trarão cores à vida vivida ...
Deixei, então, que a fortaleza se refizesse ... que a fortaleza pudesse caminhar para todos os natais e carnatais a 530 quilômetros ... e cá estou.
Cá estou, para dizer para ti que, quando se põe na balança, todos os leões são gatos independentes que têm vida própria ... e assim devem continuar ... balanças que ponderam e aceitam os pesos mesmo que irregulares, mesmo que seus pratos estejam desnivelados ... e leões gatos siameses que, querendo ou não, não se põem nas balanças ... têm suas próprias vidas que gostam de viver .... e, se há algo que os ameace, correm pela floresta afora .... se têm alguma presa fácil à frente, tergiversam, porque querem lutar ... e exercitar a essência de seu ser: ser o rei da floresta. Sem balanças para pesar nem prós, nem contras ... Viva, então, feliz ... e saiba que fiquei feliz de estar adolescente contigo ... e sorrio por saber que todo esse universo maravilhoso, toda essa complexidade, toda essa vontade de ter vontade .. é parte integrante de mim ... eu-coração que bate no mundo.

2 comentários:

  1. Você tá tão Clarice Lispector...

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  2. E sigamos sempre, sem esquecer de querer, e querer mais e mais o que, apenas, e em repeito a nós mesmos, mesmo sem nós, ainda assim, QUEREMOS!!!

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Se gostou ... e se não ... me diga ... quero saber o que tocou em você esse tempinho que você passou comigo.