quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

De momentos, movimentos ... que o vento leva ... e traz.

Natal, 08/01/2009.

Somos assim, de momentos e movimentos, de esperanças e desesperanças, de crenças e descrenças ... e de nós, aos pedaços.
Pedaços de eus e tus que se desnudam no sabor da alegria, na acidez da partida e da insensatez das razões do coração, meu coração ... que espera, dormindo espera ... e se desespera de quando em quando ... ao saber que aos poucos vai-se perdendo o que se pretende ao lado, o que se deseja intensamente e que se sente ausente, mas presente na alma. E a alma é efêmera, intangível ... sou, também, intangível, ininteligível ... não me importo.
Cansei de querer me entender e de querer saber todas as coisas, só quero as coisas, saber sobre elas não me basta, não me resolve, tê-las, sim. Tê-las-ei, então, aos pedaços, aos percalços e serei feliz com a parte que me cabe, com o porte que me cabe, com a morte que não me cabe, porque não morro ... corro ... corro de ti e para ti, corro para entender o que não quero entender, por isso corro para desentender ... e me sentir tender em você, tenro em você .. terno em você ... e ver seu sorriso roubado nas cócegas que lhe faço, e ver sua alegria e introspecção ... sua presença e sua ausência ...
Presença que me completa, ausência que me torna incompleto em ti, mas completo em mim mesmo ... completo-me com sua presença e ausência ... alimento-me de uma desesperança dada pelo coração que não é partido, não é dilacerado ... é apenas coração, com quelomas que registram os momentos em que sangrou e se curou ... quelomas formados pelas emoções da alma que rompem o corpo pelo coração ... dilatando-o e tornando-o ainda maior em emoções tão intangíveis quanto a alma que expele prazer pela pele que toca seu peito ... pelas mãos que acariciam sua barriga, pelos lábios que beijam suas nádegas desnudas em momentos de descontração ... e pelos seus lábios que tocam os meus enquanto as línguas conversam silenciosamente prazer eterno de minutos finitos ... que se findam .... infelizmente.
Rever-te é estar um pouco mais vivo, um pouco mais frágil, um pouco mais ágil ... frágil em perceber minha alegria em ter-te por perto ... ágil por saber que ter-te por perto é algo incerto ... mas certo é deixar-te perto ... sim ... isso é certo, e vou acertando as presenças sem pensar nas ausências ... deixo-as para seu próprio momento, deixo-as ausente do meu presente porque não as quero maculando o que me revive ... não quero antecipar o que não se deve antecipar ... Quero apenas ... e vivo a penas ... penas que junto e faço uma asa .. e outra asa ... e sou Ícaro que sobe aos céus para descobrir-se derretendo ao calor do sol ... e cai ....
Mas eu não caio na terra, caio no mar e sou abraçado por Odoiá que me transporta em sua placenta de água salgada para a beira da praia, onde aproveito o sol que me derrubou e agradeço pela alegria de ter estado voando ... e acaloro-me de lembranças quentes, tórridas ... e vivo a alegria de saber que amar é um verbo intransitivo.
E transito na sua intransitividade, sinto-o verborrágico e sem regência ... e rejo-me eu mesmo de intransitividades minhas ... de insensatezes incomensuráveis de eu mesmo em mim querendo dizer que estou ti e eu ... estamos ... eu e eu-em-ti ... ou ti em mim, sei lá ...
Só sei que, ao transitar pelo seu corpo, ao sentir-me em seus braços ... estou eu mesmo: sozinho, mas contigo ausente ao meu lado ... e isso basta ... por ora ...
E quanto a você? Não sei ao certo ... talvez um dia saberemos, ambos, o sabor que temos um para o outro ... ou não ...
Um dia, você volta.
Um dia, eu volto ...
e seremos intransitivos ... mas ambos objetos diretos de ambos ... e o vento guiará nossos movimentos em todos os momentos...
Até que alguém diga: chega, um momento ... daí entenderemos que somos nós mesmos os predicativos de nosso sujeito, que, como um rio, corre água doce para dar no mar salgado ... no nível do mar ... no nível do ar.

Um comentário:

  1. Nunca pensei q pudesse ler algo tão profundo como o q acabo de ler...as palavras expressam exatamente um sentimento verdadeiro, o mesmo q senti quando estive com vc, e ainda sinto, mesmo estando longe... a forma como nos conhecemos e a forma como nos relacionamos em tão curto tempo, parecia ser algo previsto, desenhado, destinado...nunca pensei q pudesse um dia estar em teus braços, há tanto tempo não sentia tamanha felicidade e tenho certeza q vc viu em meus olhos o quanto estava aproveitando aqueles momentos como se fossem os últimos...obrigado por ter me tirado, um pouco, desse mundo em q vivo, mas gostaria q vc não fechasse a porta, para q eu possa voltar.

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Se gostou ... e se não ... me diga ... quero saber o que tocou em você esse tempinho que você passou comigo.