terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Na profundeza do mundo.

Natal, 12/01/2010.
Não te contei, mas fugi, antes, bem antes de me fortalecezer, para me fortalecer em um eu incognoscível até para mim mesmo. Presságio. Sempre presságio de esperanças que morrerão pelas minhas próprias mãos e pela inanição de meu ser diante da esperança de ser não apenas um eu, mas um nós que se pode ter e conter e deter e reter nas entranhas deste ser só a vida de alegrias com travesseiros cheios de gente ao lado que sorriem ao acordar e levar um beijo nas costas largas que carregam e suportam um mundo de esperanças e desesperos ao som de palavras invisíveis e toques cheirosos de amor sem dor.
É como se fosse uma fuga da felicidade, uma fuga movida pelo combustível do medo da alegria que se sonha a vida inteira e quando chega torna-se tão inteira que dá medo, dá desespero, dá vontade de fugir para todos os outros lugares que tenham travesseiros vazios flutuando no verde do oceano que traz em maresia a alegria de uma solidão a que se está habituado. Solidão sem botos ou brotos, sem árvores que protejam do sol ou sovacos que se possam beijar até que as axilas tornem-se pequenos copos de prazer babado ...
É como se fosse um medo da conjunção, um medo da união, um medo da multidão de sorrisos que invadem a cara dos apaixonados e se enternecem com uma visão de andar estranho e cara sem expressão, que denotam a alegria de estar-se só apenas naquele momento de andar, apenas até chegar até o carro, abrir a porta e entrar no coração que bate no mundo.
É como se a vida pedisse solidão. Mas não a quero mais, quero a conjunção de amores possíveis e de alegrias ao entardecer e ao amanhecer e ao anoitecer e ao enternecer ... e ser eterno amor em verbos transitivos, em verbos transitivos diretos, cujo objeto se une sem quaisquer preposições sem quaisquer imposições, sem ... sem ... sem ... mas com, com muito com ... com de comjunção de comjugações de verbos alegres ... de sorrisos que se enlaçam aos lábios para não permitir jamais vê-los fechados, cerrados ... comjugações de algo que se assemelha à alegria apenas porque há coisas que não há palavras em idioma nenhum para descrever ... apenas se sente e se deleita na alegria de saber que inexiste léxico para descrever sentimentos.
Uma fuga cruel ... fuga de mim e de ti. Ou de ti que vai fugir de mim porque não pode ou não sabe esperar .... e me desespera ... e posso estar fadado a ver o mundo sem fadas, apenas fardas a receber ordens sociais que desordenam a minha consciência vil ... viril.
Não fugirei ... e veremos no que vai se transformar esse desespero de medo de perder o que não se tem ... mas se tem e espera perder por saber que ninguém tem tempo para esperar ... eu mesmonão tinha ... e não posso culpar a pressa que sempre tive em outros não-eu-coração. Mas posso desesperar ... e assim estou agora, a desesperar o que sempre esperei.
Espero poder fugir dessa profundeza de mundo para alcançar a profundeza de você. A sua profundeza que vai se unir a minha para sermos um nós profundo, sem nós, apenas nós mesmos, conosco.

Um comentário:

  1. Você e seus nós... Será que algum dia seu eu se permitirá ser nós e tão somente nós, sem quaisquer nós????

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Se gostou ... e se não ... me diga ... quero saber o que tocou em você esse tempinho que você passou comigo.