Natal, 19/01/2010.
Talvez não desesperar seja não esperar, ou esperar nada ... e continuar nadando no nada ... e fotografando perfumes que não exalam, mas se exalam, evaporando as esperanças ... talvez a vida seja pouco ou demais para mim, como diria algum Pessoa ... e, ainda, talvez o medo de vivê-la faça-me não conseguir viver ... pelo menos não como e quando se desespera.
Voltei a ficar em mim ... e a receber de mim os prazeres que os outros não-eus não podem dar, ou podem e eu não consiga receber por não saber receber ...
é isso ...
preciso fotografar o aprender e apreender suas significações sem me prender ... e me deixar render às comiserações de outros não-eus penalizados pelo meu desespero de desesperar nas horas certas e esperar nas horas erradas ...
e nesse precisar, não sou preciso o suficiente para me concentrar no nós e deixar que todos os nós se desatem e se tornem laços de ternura e de amargura, mas laços, de qualquer maneira. Laços que enlaçam vida e desenlaçam traumas vividos outrora e revividos em outras horas ...
oras! Por quê?
Por que ficar a se desesperar diante do evidente querer sem muitas cobranças, sem muitas desesperanças, sem muitas discrepâncias, exceto aquelas da idade? Por quê?
Porque a vida sempre trouxe tantos sentimentos estranhos nas entranhas que me venho entranhado desses sentimentos que não quero sentir ... me venho desatinado, desprovido daquilo que sempre pude oferecer a quem não podia merecer ... e a quem merece me sinto desmerecido de merecer ... e sou fadado a perecer na vida sem outras vidas que sopram palavras invisíveis nos ouvidos mocos que assistem ao falecer de tudo ... ao carecer de tudo ...
... e tudo sobra ou é pouco ... e eu sofro ... sofro no desejo imenso de nordestinar e dizer que sô frô que desabrocha para a vida ... desabrocha para a alegria de poder dizer que vivo a vida como sempre quis e não estou só. Só estou ... e estando vou me deleitando nos prazeres possíveis de sentir ... na alegria que invade as portas e janelas abertas deste eu-coração-que-bate-no-mundo ... e regozija .... e exala perfume às narinas que se aproximam ... e enternece os olhos que admiram a beleza de uma vida latente ... e eternece. Sim ... eternece o momento ... perpetua o momento ... e fica a admirar ... e mirar as sensações indizíveis ... e não mais fotografar, mas a foto – a do aprender – grafar nas minhas entranhas para que, jamais, nenhum tempo ou quaisquer outros elementos naturais ou artificiais sejam capazes de amarelar ... porque terei tatuado em mim o perfume de existir ... e deixar de resistir à vida, para voltar a residir na vida ... desta vez, sem travesseiros verdes vazios ao lado ... mas com verdes esperanças que podem amadurecer ...
... ou apodrecer ... quem sabe?
Defeitos, desfeitos ou (já) feitos?
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Nesse momento, eu mesma não tenho certeza de muitas coisas, mas tudo que
sei a meu respeito é muito doloroso, senão feio demais. Assim, aqui chego
para con...
Há 13 anos