terça-feira, 9 de dezembro de 2008

De ontem, de hoje ... e de amanhãs ...

Natal, 09/12/2008.

Acordar e sentir o seu cheiro, estirar o braço e alcançar seu corpo quente e perceber que você existe e está aqui é como redescobrir minha adolescência perdida nos espaços de meus cabelos brancos.
Olho para seu rosto que dorme tranqüilo no travesseiro ao lado e redescubro o prazer de viver alado ... imediatamente penso que estou feliz e que este momento deve ser constante. E constato que a felicidade existe nos espaços dos segundos em que olho para o nós e sinto-me completo de tudo o que sempre quis: não querer nada além do que tenho, como tenho. Ou penso que tenho, não importa.
De início, não quis te ver ... não quis correr até você para poder encontrar o que sempre quis encontrar: medava. Tinha medo de que tudo o que teria pela frente fosse mais um ser a minha frente, um ser que não me dizia nada ao dizer tudo o que eu não queria ouvir.
Não foi assim quando parei de medar.
Realmente, você dizia nada. Mas seu silêncio enchia todo o meu ser de você ... e me fazia feliz em poder silenciar minhas palavras ásperas com beijos controlados pelas línguas que conversavam palavras silenciosas ininteligíveis enquanto as mãos conversavam com todo o resto dos corpos que se descobriam em duplas libras ... libriávamos.
Na mesma noite que parei de medar, parei em frente a sua casa para dizer um tchau que se estendeu por horas felizmente intermináveis de muitos gritos de nossos corpos que se descobriam mutuamente, enquanto o mundo era deixado do lado de fora dos vidros embaçados de um carro desligado ... redescobri-me mais do que descobri você. Reconhecia-me mais naqueles toques do que com milhões de palavras ... expliquei-me em você e me senti ainda mais feliz quando você preferiu não abandonar a noite de descobertas no silêncio do carro estacionado e decidiu continuar as descobertas no travesseiro ao lado.
E também redescobri que adoro ter ao lado um ser que faz-me sentir medo por instantes. Medo de me sentir amando, medo de me sentir querendo, medo de me sentir adolescente de cabelos brancos. E passa ... passa o medo ... e fica você ... e eu ... e nós.
Ficamos, então todo o tempo que a vida permitiu ... senti contigo o desejo de desejar mais e mais ... e me entreguei, de novo.
Foram dias em que estive comigo e contigo, num nós meu adorável. Num eu-coração que sorri no mundo ... que sorri mudo ... e que vive a alegria de sentir o sangue correndo nas entranhas da alma .... de respirar o ar e sentir que não precisa de asas para voar, não precisa de água para flutuar ... precisa apenas de ti ... ou de si mesmo pensando que está em ti, que esta contigo ... não importa, de novo.
O que importa é que a vida prova a cada vez que encontra alguém que diz tudo sem dizer nada que viver é poder sentir as emoções aqui dentro, aqui, no eu-coração que pensa um mundo livre, mas que abdica de qualquer liberdade para ser livre em si mesmo ... e tem o poder de sentir-se feliz ....
Desta vez não houve silêncio de minha parte... disse-lhe tudo o que sentia ... e sentia tudo o que lhe dizia ....
Você se foi, claro.
Mas deixou aqui, de novo, com palavras eloqüentes ditas pelo seu silêncio, a certeza de que este eu-coração que bate no mundo mudo grita ...
E vai continuar a gritar até que ouça, ao longe, um eco ... que vai se aproximar mais e mais ... e repousará no travesseiro ao lado ... e não vai mais para Mossoró ... vai estar aqui ... ecoando na minha vida e tornando este eu-coração mudo para todas as outras bocas que se aproximarem ...
Venha Eco ... estou me cansando de Narcizo.

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