sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Interventão: Em meios, entremeios, de eus aos meios.

Natal, 24/09/2010.
Em meio a um mar de coisas, muitas meias coisas para o mar, coisas ao meio para amar, mar de amor para amar, ou para o mar ... terá outro meio? Talvez.
De todas as coisas pelo meio que no meio de nossas vidas vão aparecendo, somos meio bobos e nos entendemos pelo meio que somos. Metades. Metades de coisas que meio queremos, meio não queremos, mas que nos colocam no meio de tudo o que há, no meio de tudo que ao mar queremos levar e que do mar queremos, pelo menos um pouco, resgatar, retratar, refratar ... somos e vamos sendo meio de metades de tudo que somos pelo meio.
Não temos como nos afastarmos de nós e nos vermos pela metade que deixamos em nós mesmos, e vamos vendo nossas metades nos tornar inteiros nos momentos de felicidade e nos tornar menos do que metades nos momentos de infelicidade, mas tudo são metades de alegrias porque as metades de infelicidade são grãos férteis em terras inférteis de um querer febril que nos torna meio inconscientes de nós meiosmos ...
Vamos sendo, então, osmose constante que irriga nossas veias meio entupidas de vícios que vamos recolhendo do meio em que vivemos. Vícios bons, vícios maus, vícios meio maus, e vícios meio bons.
Parece que pensar em vícios sempre nos dá uma impressão meio ruim. Mas isso é apenas metade da verdade em nosso meio. Há vícios que são meio maus: aqueles que nos deixam meio tristes ... vícios meio bons: aqueles que nos deixam quase meio tristes ... vícios maus: aqueles que nos fazem ver a nós mesmos como meio das dores dos outros ... e vícios bons: aqueles que nos fazem ver a nós mesmos como ruins, sem sentirmos dores de sermos ruins em nós que vamos fazendo em nós mesmos ...
Todos esses nós, aparentemente ruins, são nossos pontos de refúgio, são os locais da corda de rapel em que nos apoiamos na ribanceira da vida quando estamos no meio da vívida vida vivida ...
O amor fazedor de nós na corda da vida é o mesmo amor que nos coloca no meio de tudo. É o mesmo amor que nos enternece ao anoitecer à beira da praia observando o mar meio revolto que deita suas ondas na terra e umedece a cratera criada em nossos corações meio esburacados pelo tempo de bombear sangue para todas as veias meio entupidas ...
Somos efêmeros ... meio isso, meio aquilo ... e nada pelo meio.
Não há meio. Vamos nos completando a cada dia com as dores que sentimos e que transportamos para uma personalidade meio confusa, em meio a tantas respostas dispares, ou seja, meio razoáveis, meio loucas...
Então, não tem outro meio, vamos levando todas as coisas para o mar: não meias coisas, mas coisas ao meio, porque as esbugalhamos com nossos dedos com veias meio entupidas e que enxergamos com nossos olhos meio turvos, meio curvos .... estrábicos, olhos que sentem o vento que venta na ventania que nos levam para toda parte do imundo mundo que somos obrigados a viver meio mudos.
No silêncio de nós ao meio, gritamos: não estou ao meio, estou no meio de tudo o que há para viver, estou a viver no meio de tudo que não viverá mais do que se pode ou se deve, no meio de todo o nada que é tudo o que temos ... é nesse momento que podemos sair do meio de tudo e podemos ficar com nós inteiros.
E, inteiros de nós, ficamos no meio de todas as coisas feitas (e que construímos) para amar. No meio de eus-corações-que-batem-no-mundo, mudos de prazer por poder subsistir e dizer “Não estou ao meio, porque sou meio idiota mesmo”, sentimo-nos inteiros. Inteiras metades de nós, cheias de vós ... e muitas vezes sem voz.

Um comentário:

  1. Todos somos meio idiotas, idiotas em meio a dúvida e incertezas que permeiam a vida de todos por todos os meios.

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