quarta-feira, 16 de julho de 2008

Somente a solidão será sua companheira inseparável

Natal, 16/07/2008.

Errou, o Augusto. Nada de ingratidão: Solidão.
Fui ver Janaína ... tava calma, ela ... Sentei. Olhei para ela .. tava brincado, a Jana. Fazia um monte de espuma se sabão salgado e jogava na areia ... arteira ... beijava a areia com a sua espuma se sabão salgado. Lindo. Calmo. Assim, simples como tem de ser.
Não tinha ninguém comigo. Não precisava. Estava eu comigo. Eu e a solidão. Brincamos. Eu e ela, a solidão, sorrimos de ver Janaina brincar ... brincamos com ela também... calada ... só brincando com a areia ... e a areia recebendo a espuma .. chupando a espuma (É, a areia chupa a espuma. Ela sabe que Iemanjá ta brincando e gosta disso ... toda tarde, deixa Odoiá brincar mais e mais perto da calçada ... inteligente, a areia ... sente que, ao deixar Janaina ficar brincando em seu território, ta deixando os companheiros da solidão brincarem também .... filantrópico, isso ...)
Peguei um livro. Nem li .. quem é que quer ler se tem Odoiá pra prosear? Só os loucos ... só os solitários que não entendem que a solidão é sua companheira inseparável .... eu não. Entendi. Solidão companheira.
Você deve estar pensando que enlouqueci. Louqueci não! Entendi. Simples.
É bom poder pegar seu carro, sair, olhar, admirar, mirar .. flertar com o vento, os o calção vermelho ... com o calção branco .. com a bundinha de aspirina que fala “oi” sem compromisso ... flertar com a vida. Flertar contigo mesmo. Assim, simples.
Vê, tudo é simples.
O sol já estava indo embora .. quem precisava dele? Ele está de mau humor nesses dias .... férias. Não quer que o povo saiba que ele queima ... queima de inveja da gente que pode ficar assim, fazendo nada .. olhando o mar brincar .. olhando a areia brincar .. e brincar também .. com o mar, com a areia, com a espuma de sabão salgada .... com a brisa ...
Ei ... já tinha dito que viria morar aqui, porque aqui tem brisa. Ponto. Vim. Morei... moro .. morarei ... inveja? Cria coragem .... manda tudo às favas e pega sua mochila de dez real que ce comprô na vinte e cinco e vem embora ....
Lembra? O que você demora, é o que o tempo leva .... cuidado!
Ah .. de volta pra areia ... boa, ela, a areia ... fazia massagem nos meus pés .... brincava com eles ... e a solidão sorrindo e me fazendo feliz .. rir da vida, rir com a vida, rir na vida .. v i d a ...
É assim ... ser feliz na solidão é algo que conforta muito. Quem quer saber de alguém que não quer saber? Quer saber? Ninguém.
Quem quer viver, tem de aprender que a vida é simples, assim, simples. Solidão. Pronto. Ponto. E não estar solidão é estar solidão ... Conhece solidão compartilhada? Conheço! Ruim ...
Solidão compartilhada é pior do que a solidão, porque quando a solidão é compartilhada a sua solidão não é só sua .. é de dois, de três, de mil .. credo! Dividir a companheira solidão é muito ruim. Quero não.
Quero é solidar ... eu e a solidão brincando de ver a Janaina brincar de nos fazer companhia ...
E lembrar do tempo em que a vida era solidão compartilhada .. só pra dá risada dela ... da vida com solidão compartilhada ...
Ei, Augusto, ta vendo? Tem ingratidão não ... e antes que escarrem na sua boca .... pega a sua solidão ... e vai ser selvagem ... vai ver o mar ... vai nadar pelado .... vai brincar de ser feliz ...
E ser feliz ....
Assim ... simples, na companhia da solidão ... que te acompanha para onde quer que você vá ... porque é sua companheira.

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