segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Descompassos e lapsos relapsos

Natal, 13/10/2008

Mergulhado no coração batendo no mundo, mundei. E com todas as coisas mundanas esperei que o mundo enxergasse esse coração que nele batia. Ofereceu-me, o mundo, um mundo de coisas para bater. Braços coxas pernas pés mãos bocas. Ocas! Parei então para apreciar todas as coisas mundanas dadas pelo mundo imundo. Imundei. Pisei na areia fofa umedecida pela garoa que presenteou o sábado. Sabadei.
Senti as emoções que são sentidas na carne. E, entre braços coxas pernas pés mãos bocas, carnei. Não me preocupei de mim, ocupei de mim, ocuparam-se de mim.
E eu deixei.
Gostei.
Gozei ... e só.
Carnado, fui ver a vida por um outro prisma. Encontrei amigos que amigaram,
encontrei bêbados que bebaram,
encontrei gentes que gentaram
... gentei também.
Até perceber que havia gente que gentava só comigo. Todas as gentes não eram gentes exceto eu ... e a gente. Gentamos, então.
Antes de tudo, palavras, palavras que procuravam entender o porquê de se querer gentar junto, gentar a dois ... palavras que fizeram a gente se sentir gente. Foi isso.
Getamos, gentamos, gentamos ... as palavras mostraram as almas da gente ... a calma da gente. E sorrimos. As palavras tornaram-se líquidas, trocamos nossas líquidas palavras em embalagens de abraço, enquanto os narizes conversavam brisa quente ...
palavras líquidas se misturavam em nós ... estávamos em nós ... liquefeitos ...
Perdemo-nos no tempo e no tempo perdido nos encontramos almas perfumadas ...
Brisa quente, palavras líquidas e almas perfumadas recobraram a esperança de ver a solidão ser parte ilhada ...
Ilharemo-nos, conosco.
Isso.
Tudo é dito num plural de mim mesmo, sei. Não posso dizer que as ilhas de eus que estão arquipelagando-se em mim mesmo são, também, suas ilhotas se juntando num delta. Não posso ... ainda.
Mas como tudo que é dito aqui é dito em mim, digo-te. Digo-me. Poderei. E se não puder, poderei assim mesmo.
Voltei a sentir a vontade de ter as palavras líquidas na minha boca, voltei a sentir a vontade de sentir o perfume daquela alma perfumada juntando-se a minha, voltei a ter vontade de deixar os narizes conversarem brisa quente.
Estou vivo, em mim.
E vivo, conosco.

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