domingo, 28 de dezembro de 2008

Odeio admitir ... e admito que odeio

Natal, 28/12/2008.

O que é que eu odeio ... não sei ... mas sei. Odeio admitir que sou uma criança indefesa crescida, que quer colo, que sente saudade e que quer estar nos seus braços para se sentir viva ... para se sentir vida .... para se sentir vento que sopra sorrisos na boca que cala a dor no silêncio de um beijo molhado e que se umedece na alma que acalenta o corpo ....
Odeio ter de admitir que sinto saudades de você ... que espero seu telefonema, que espero aqui, um tanto quanto calado, pela sua voz ao telefone ... pela sua chamada para soprar vida nesta lama que sente nada ... ou sente tudo e tem de fingir que sente nada porque se precisa forte ...
e não é ...
Escuto canções que gravei para outros tantos outros não eus ... escuto vozes que dizem para mim que estou forte, que sou forte .... e sinto nada ... e sinto tudo ... e o tudo que sinto é a saudade do seu sorriso ao meu lado ... no travesseiro verde de esperança de uma vida que não vai existir ... de uma presença que não se cansa de estar ausente ... e me pego a lhe escrever coisas que eu gostaria de ler escritas por ti ... mas que nunca serão escritas ... e que, talvez, serão sentidas, mas eu nunca saberei ....
e viv erei nos interstícios das reticências julianas, das palavras julianas, e das julianas ininteligíveis que gritam palavras reticentes ... e tornam-se reticências, espaços da não palavra ... espaços de nós outros todos, cansados de tantos sexos sem nexos ... tantos outros não eus e não tus que significam nada no universo da emoção .... de tantos não tus que dão prazeres e que não são prazeres ....
Antes, quando estava pensando no
Nada, que é tudo, mas que
Como tudo o que é nada, e tudo
Hoje, significa um tudo no nada
Ingosnoscível e
Estático,
Tácito, e latente ... e que me faz
Ansiar ... desejar ... querer, desquerer, sofrer ... sei lá ....
... mas estou aqui ... para você .. que não me quer ou quer e não me pode .... não importa ... o importa? Eu tenho de fingir que não me importo ... mas me importo.
Foda-se .... eu sou ainda assim eu mesmo ... solitário ... solidário ....
Estou para ti ... sou para ti ... e vou me mudar de lógicas ilógicas.... e se não conseguir ser selvagem, serei árvores entre esquecimentos ... esquecimentos de ti e de mim... esquecimentos de uma vida que queria ao teu lado ... de uma vida que queria partilhada .. e que tenho de tê-la parte ilhada .... ilhada em mim mesmo ...
é isso ...
sou fragmentos de um ser que sempre quis, quem sempre sonhou querer e poder e só pode querer ... e não pode ....
Mas poda .... poda a sua própria querência para poder respirar .... Estou aqui .... pedaços de um eu-coração que já não sente nada: nem medo, nem calor, nem dor ... mas sente-se querendo ...
Quero que você possa … e se aposse de mim .... se, agora, você .... que não pode me ter .... que não quer me ter .... que não sei lá o que .... que possa se apossar de sua posse ao sabewr que és
a pessoa com quem me sinto completo ... nos braços, nos abraços, nos laços .... laços que eu mesmo inventei ... laços que eu mesmo criei e que acredito existir .... foda-se ...
Foda-me ... fodam-se ... estou vivo ... e vou vier com ou sem ti ... porque a vida me ensinou que ela continua .... sem que ninguém me entenda ...
Estarei aqui para ti por algum tempo .... mas não estarei todo o tempo ... porque o tempo, mesmo que não saiba passar, suplanta-se, esvai-se .. e eu ... que depois de ter você não me importo que horas são .. se é noite ou faz verão ... ainda vivo ...
E vou viver com ou sem você ....
Sabe, .... tem coisas que o tempo não apaga .... mas a vida apaga .... e eu vivo a vida ... e apago tudo que não faz parte da minha vida ...
Lembre-se de que, se eu não posso ser estrela de Belém ... vaquinha de presépio é um papel que não me cabe ... um papel que não sei interpretar ... e que não quero aprender ...
E não vou ... porque não tenho tempo .... e não quero ter .... e não terei por não querer ...
Querer você é bom .... esperar por você, não ....
E ... entre o querer e o ser bom .... sou obrigado a querer o ser bom ... e o ser bom é poder dizer: te quero, mas não tenho o seu tempo.
E decido: vivo.
Com ou sem você .... porque estou só ... e serei só até que alguém não-você me dê a alegria de estar comigo ... sem outros ... sem anéis que me retesam o prazer ... sem sorrisos largos e silêncios mórbidos ....
Não quero silêncios ... quero gritos de amor e de paixão ... e se você não os pode dar-me .... dar-me-ei gritos de silêncio no coração deste eu-coração que bate no mundo ... que bate mudo ... e que grita o silêncio da dor ...
... e do prazer ... mesmo que seja apenas um prazer carnal ....
Não importa.
Viverei ... a despeito de você ... e sem respeito a você .... porque o respeito a mim inexiste ... ou existe e não se torna real ... foda-se .... viverei ... simples assim ...
.... porque o presépio não existe ... porque as vaquinhas são ignoradas ...
.... ao passo que as estrelas brilham ....
... e eu quero brilhar o meu brilho ... talvez por isso me ilho em todos os outros eu-corações que batem, mudos, no mundo ....
... mantenho-me aqui ... para você ... se você quiser ver o meu brilho ... e ignorar meu olhar lânguido ... que apago agora ...
Contigo ou apenas comigo ... vivo ... e espero brilhar .... e espero refratar o brilho ...
e espero poder dizer, sem dor, que não me contento com pedaços. Não tenho tempo de juntar todos os pedaços que tenho de ti para ter-te por completo ... porque não tenho tempo ...
... tenho ânsia de vida ...
e viverei ... independentemente de qualquer coisa ... porque as coisas são independentes ... porque eu sou independente ... e, dependendo do ponto de vista, vivo ... dependente.
Adoro você ... mas não vivo por ti ... vivo por mim ... e eu não tenho muito tempo para esperar .... ... Vou continuar a bater, mudo, no mundo ...
E gritarei a dor de sentir-me vivo ... e de ter de conviver comigo, apenas ... a penas ..
Mas vou vivendo, de qualquer maneira .... porque a vida me ensinou, com todas as coisas que me levou, que eu vivo ... e vivo a viver a vida viva ...
Viva a vida! ...
Vivo vivo na vida, com a vida .... vívida ...
ávido de mais e mais vida ...
respiro ... olho a cidade e me digo: vivamos!
(se você quiser, isto pode ser plural ... mas eu serei plural de mim mesmo ...)

2 comentários:

  1. E eu só espero que nos interstícios de minhas reticêntes palavras e das várias "julianas" ininteligíveis, que ecoam em sua vida e que gritam palavras reticentes, você possa finalmente nos ouvir e compreender que você é simplesmente o próprio presépio em si, com toda luz e força, absoluto e necessário... No entanto, precisa, todavia, descobri-lo ou descobrir-se, o que queiras...

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  2. lindo...sem comentários

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Se gostou ... e se não ... me diga ... quero saber o que tocou em você esse tempinho que você passou comigo.